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Para beneficiar empresários, Doria anuncia a flexibilização da quarentena no estado de SP
Clara Gomez
Estudante | Faculdade de Educação da USP

A flexibilização da quarentena, anunciada hoje (27) pelo governador João Dória (PSDB), prevê a retomada das atividades econômicas, mesmo com o crescimento do número de mortes e casos de covid-19, combinados a enorme subnotificação pela ausência de testes massivos. Tal medida, que entrará em vigor a partir do dia 1º de junho, atende ao pedido de grandes empresários e permitirá a abertura de serviços não-essenciais como Shoppings.

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Buscando atender às necessidades de grandes empresários, que vêm há um tempo se reunindo em conjunto com a FIESP para pensar em estratégias para retomar as atividades econômicas, o governador do estado de São Paulo, João Dória (PSDB) anunciou a flexibilização da quarentena. A adoção desse plano de retomada, mostra mais uma vez como para a direita, inclusive para esses setores que compõem uma oposição ao Bolsonaro, a manutenção dos lucros do empresários antecede a vida de milhões de trabalhadores.

Conforme o governador, na coletiva de imprensa de hoje (27), mesmo com os números de casos aumentando no estado, a medida se baseará em critérios como o número de leitos disponíveis por cidade, redução do número de casos, etc. Sendo assim, frente ao colapso do sistema de saúde, marcado pela falta de leitos, respiradores, testes massivos e EPIs, haverá uma abertura que pode colocar ainda mais em risco a vida da população.

O Plano São Paulo, como é chamado pela governo, será dividido por etapas, cada uma delas representada por uma cor que será utilizada no mapa do estado para definir em qual fase cada cidade está. De acordo com esse mapa, a cidade de São Paulo está inserida na primeira fase, o que permitirá a absurda reabertura de serviços não-essenciais como Shoppings e Concessionárias, tendo como objetivo, seguir atendendo as demandas dos empresários, sem oferecer políticas à altura para combater a crise.

As implicações da reabertura econômica no cenário atual para a população

Nos últimos tempos, fica nítido que todos os ataques dirigidos aos trabalhadores, sobretudo desde o golpe institucional de 2016, produziram um cenário propício para uma profunda crise sanitária como a que vemos agora. Articulado esse aspecto com a falta de políticas de combate a crise, como a de testagem massiva da população, o Brasil se tornou o novo epicentro da doença, com um enorme número de contaminados, mortos e uma taxa alta de subnotificação.

Mesmo diante ao crescente número de mortos, valor esse que se expressa em São Paulo que, hoje, lidera o número de mortes, os governadores de diversos estados adotarão a flexibilização da quarentena, de modo que empresários sigam lucrando. Tudo isso, em detrimento da vida de milhares de trabalhadores e jovens que estão sendo afetados pela pandemia, muitos deles, sem sequer serem contabilizados pelos dados oficiais.

Um recente estudo, promovido pela UFPel (Universidade Federal de Pelotas) mostra que os dados oficiais não expressam efetivamente a profunda crise do país. De acordo com essas informações, baseadas em uma pesquisa amostral, feita em 90 cidades, todas elas teriam tido 7 vezes mais casos, do que aqueles registrados por números oficiais. No que diz respeito a cidade de São Paulo, conforme os cálculos feitos pelo grupo de pesquisadores, cerca de 360 mil pessoas teriam sido contaminadas por covid-19.

Em outra pesquisa, essa organizada por um instituto de epidemiologia da Universidade de Washington, o Brasil pode chegar a ter cerca de 200 mil mortos em agosto, sendo que atualmente temos cerca de 24 mil. Isso reforça os efeitos catastróficos de uma país marcado pela desigualdade social e sofre pela ausência de políticas de combate a crise, que pode se aprofundar ainda mais com a reabertura econômica que será feita pelos governadores.

O cenário que vem se desenhando no Brasil é de um enorme aumento de mortes, principalmente de trabalhadores, em função das precárias condições de vida, de trabalho e pela falta de um sistema de saúde capaz de suportar essa crise. Contudo, mesmo assim, a necessidade de atendimento da ganância dos capitalistas, segue como uma prioridade para Bolsonaro e os governadores brasileiros, que consideram mais crucial a reabertura de shoppings do que o fornecimento de testes para a população e EPIs para os trabalhadores da saúde.

Nesse marco, diferente do que setores da esquerda, como o PSOL, vêm defendendo, é preciso lutar por um programa efetivo de resposta à crise, não pela exigência de Lockdown, que no limite generaliza a repressão policial contra os grupos mais afetados pela pandemia. Coloca-se a necessidade de um programa que questione o regime como um todo, e que busque oferecer testes massivos, leitos e todos os equipamentos para o tratamento da doença.

A promoção de testes, leitos e equipamentos, deve se dar por meio da reconversão da indústria e da estatização de todos os leitos sob o controle dos trabalhadores. Tudo isso, para deve ser conduzido em articulação com a exigência de uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, para que a população possa decidir as saídas para essa crise, sem confiança em setores da direita, como STF, Maia ou mesmo nos próprios governadores que, ainda que se oponham ao negacionismo de Bolsonaro, também têm adotado uma política genocida para beneficiar empresários.

 
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