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Chile: Demitidos da LATAM exigem reincorporação: “não pedimos mais nada, só seguir trabalhando”
Cecilia Quiroz

“Hoje queremos nos dirigir às direções e gerentes da LATAM, pedindo que se reavalie esta decisão, mais ainda neste difícil momento da pandemia, de problemas econômicos e desemprego”, apontam os trabalhadores e trabalhadoras da companhia aérea em uma carta publicada nas redes sociais e meios de comunicação.

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Com uma carta dirigida a Roberto Alvo, CEO da LATAM, trabalhadores demitidos de distintos lugares do Chile, solicitaram que a empresa reconsidere as demissões e lhes permita voltar ao trabalho, ainda mais neste difícil momento da pandemia.

Na sexta-feira passada, 15 de maio, a companhia aérea LATAM, propriedade da milionária família Cueto – cujo patrimônio é de US$3 bilhões – e ligada ao presidente chileno Sebastián Piñera, demitiu trabalhadores em todo o continente.

Com um vídeo institucional, o CEO Roberto Alvo informou que 1.400 famílias de distintos países da América Latina ficariam na rua em meio à terrível pandemia. Isso deixou os 290 trabalhadores demitidos no Chile cheios de incerteza, quando nesta segunda-feira, 18 de maio chegou uma carta da empresa com a decisão de demissão.

Até agora, os trabalhadores não obtiveram nenhuma resposta por parte da empresa diante da solicitação de reincorporação aos seus postos de trabalho: “Sabemos que o setor aeronáutico está passando por um momento complexo pela escassez de voos, que a empresa LATAM está solicitando recursos ao Estado, mas com humildade, pensamos que o mais importante para nossa empresa é poder resguardar os postos de trabalho neste difícil momento, algo que se comprometeu ao aplicar o corte de 50% de nossos salários”, afirmam os afetados na carta publicada.

“Somos famílias, temos filhas e filhos que devemos seguir pagando seus estudos, saúde, temos dívidas, como a grande maioria das famílias chilenas, e esta situação de ficar sem trabalho, em pleno auge da pandemia, com o desemprego aumentando, nos deixa na incerteza total, não podemos ficar tranquilos nem saber o que dizer a nossos filhos”, apontam os trabalhadores em sua carta.

De acordo com o declarado pelos trabalhadores demitidos “com menos de 1 milhão de dólares seria possível pagar 3 meses de salários para as 290 famílias que no Chile ficaram sem sustento... Não pedimos mais nada, só seguir trabalhando para o futuro de nossas famílias e de todos os nossos companheiros”.

Sobre isso que declararam os trabalhadores, cabe mencionar que há algumas semanas se soube que acionistas da LATAM repartiram U$57 milhões de lucro, equivalente a 30% de seu lucro total de 2019.

Destes U$57 milhões, U$12,5 milhões foram somente para a família Cueto, grupo que tem 21,5% da propriedade total da empresa. Como é possível que não possam pagar o salário de seus trabalhadores nestes complicados meses de pandemia, se com uma parte ínfima dos lucros entre os acionistas, ou com uma porcentagem mínima do obtido pela família Cueto, se poderia pagar meses de salário?

Esta se trata de uma empresa milionária, que todos os anos obtém lucros altíssimos, que tem convênios com outras empresas, publicidade e que grandes bancos, como o chileno Banco Estado, entregam linhas de crédito milionárias, entre outros tipos de ingressos. Mesmo assim não podem destinar recursos para resolver o sustento de centenas de famílias pelos meses que estão por vir?

O contraditório é que enquanto a LATAM assegura que realmente “se vê na obrigação de diminuir o grupo”, ou seja, “que não teria outra forma” de resolver o problema dos salários dos trabalhadores, e que a empresa quase está falindo; dias depois a empresa anuncia que retomará rotas internacionais e que espera ter quase 20% de operação em julho. Assim, e de acordo com o assegurado pela LATAM Airlines, a companhia aérea começaria a ter um “aumento gradual de suas operações nos próximos meses”. Por meio de um comunicado, indicaram que em junho esperam passar de 5% a 9% de sua capacidade total, e em julho alcançar 18%.

A pergunta que surge disso tudo é por que a milionária empresa LATAM não pode fazer um “esforço” e destinar recursos que tem – como os repartidos entre acionistas, incluindo o grupo Cueto – para os trabalhadores, se já está anunciando que em pouco tempo vai começar a retomar de maneira gradual sua atividade.

Depois da publicação da carta dos trabalhadores demitidos da LATAM, distintos meios de comunicação começaram a difundir a grave e injusta situação que afeta 290 famílias.

Tradução: Lara Zaramella

 
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