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RIO GRANDE DO NORTE
200 pessoas em fila para seguro-desemprego em Natal, por que Fátima não proíbe as demissões?
Redação Esquerda Diário Nordeste

Somente hoje, 200 pessoas estão com horário agendado para fazer seu requerimento para o segundo-desemprego no Sine-RN, após o RN ter registrado aumento recorde de pedidos de seguro desemprego no mês de abril de 29,65%, em comparação ao mesmo período em 2019.

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Não é a primeira vez que há aglomerações desse tipo no SINE-RN durante a pandemia. Esta foto é do dia 12 de Maio em frente ao SINE Matriz, em Candelária Foto: Luiz Gustavo Ribeiro/Inter TV Cabugi

Os trabalhadores do RN estão encurralados pelo negacionismo assassino e patronal de Bolsonaro e um sistema de saúde em colapso, enquanto Fátima Bezerra (PT) segue atendendo aos interesses patronais. Se a governadora defende as demandas populares, por que não proíbe as demissões?

46 mil pessoas se tornaram desocupadas no Rio Grande do Norte no primeiro trimestre de 2020, chegando a 15,4% da população economicamente ativa. A MP da Morte de Bolsonaro, aprovada pelo Senado, caiu como uma luva para as patronais em todo o Brasil, registrando um aumento de 22,7% nos requerimentos para seguro-desemprego nacionalmente e que na juventude (entre 18 e 24 anos) potiguar provocou um dado ainda mais alarmante de 36% de desempregados, de acordo com dados do IBGE. [1]

O Esquerda Diário recebeu uma denúncia anônima nesta quarta-feira (20) diretamente do Sine-RN, onde trabalhadores estão sendo atendidos para fazerem seu requerimento de seguro desemprego, que na semana passada chegava a quase 150 trabalhadores por dia, subiu nesta para 200. Embaixo do sol e com precárias condições de biossegurança, uma longa fila se formou em frente ao Sine-RN, enquanto o sistema de saúde do Estado colapsa, com a ocupação total dos leitos de UTI nas três principais regiões sanitárias: Natal, Mossoró e Pau dos Ferros. [2]

Ontem, enquanto centenas de milhares clamavam por justiça por João Pedro nas redes sociais e os depoimentos de seus familiares desnudavam novamente o que é o #FicaEmCasa para a juventude pobre e negra, o Brasil chegava a 17.791 mortes confirmadas pelo COVID-19, em meio à uma subnotificação digna do “E daí?” de Bolsonaro em seu jet-ski. Somente no RN, com 160 óbitos registrado, 300 mortes estão sob investigação e a falta de testes e EPI é denunciada por trabalhadores da saúde que se manifestaram na última semana.

É inadmissível que além do desespero pelo risco de contaminação, no estado onde a única governadora mulher do país reforça a possibilidade de repressão por meio de decretos, enquanto flexibiliza comércios para garantir os lucros patronais e dá instruções sobre o fechamento dos comércios nas orlas, não se garanta a sobrevivência material das famílias. Fátima Bezerra (PT) permite com que mesmo com uma dívida de empresários acumulada em R$ 8 bilhões ao Estado, trabalhadores se arrisquem nas filas de desemprego e morram pela falta de leitos. Enquanto sobram leitos privados no estado, Fátima assinou uma carta junto com Dória, Witzel e Zema pedindo ao STF que não autorize a fila única do SUS, defendendo os interesses da Unimed, Amil e outros capitalistas da saúde.

É estimado que 45% dos trabalhadores do RN estejam na informalidade, ainda assim, são centenas de denúncias nas redes sociais que relatam o caos do auxílio supostamente emergencial. Ou o estágio do requerimento em análise que não se altera, ou a aprovação sem recebimento do dinheiro, provocando desespero e aprofundando a terrível escolha a ser feita entre morrer de fome ou se arriscar com o coronavírus, já que a quarentena existe apenas para uma minoria da população.

Colocamos então o questionamento: Por que Fátima Bezerra não proíbe as demissões e garante um verdadeiro auxílio que garanta a boa alimentação e descanso necessários em meio à pandemia, do valor do salário médio dos trabalhadores brasileiros, de 2 mil reais? O momento é verdadeiramente excepcional, os motoristas de ônibus de Natal já realizaram algumas paralisações neste período contra as demissões e o corte salarial, por que um governo supostamente popular não garante a vida dos trabalhadores? Por que a ampla indústria têxtil no estado, cujos proprietários estão assentados em bilhões de reais, não tem suas fortunas taxadas e suas produções reconvertidas para atender as necessidades da população? Só tem uma justificativa: sua prioridade é também salvar os lucros capitalistas, não a vida da população, como sempre foi, a pandemia apenas fez cair a sua máscara "popular".

Estas são perguntas que devem ser feitas por todos aqueles que acreditam que não são os trabalhadores e povo pobre que devem pagar pela crise sanitária e econômica instaurada. Ao passo que é necessário exigir que absolutamente todos os trabalhadores não essenciais sejam liberados com a remuneração garantida, assim como os pertencentes aos grupos de risco, as demissões precisam urgentemente ser proibidas e as produções reconvertidas para corresponder à transformação do Brasil em epicentro do coronavírus, medidas que deveriam ter sido tomadas desde o começo da pandemia.

Não é possível confiar no PT para levar estas medidas adiante, que ao passo que administra a catástrofe priorizando os lucros patronais onde é governo, é direção da CUT, maior central sindical do país, que, diferentemente da ampla maioria da classe trabalhadora que não tem esse direito, está em plena quarentena e comemorou o 1º de Maio com figuras como Davi Alcolumbre e Rodrigo Maia, junto à CTB, dirigida pelo PC do B, cujo governador do Maranhão, Flávio Dino, já declarou que o Brasil estaria melhor nas mãos do vice Mourão, enquanto este celebrava os porões da Ditadura Militar. Os governadores do Nordeste permitem com que Dória e Witzel se apresentem como os “responsáveis” em meio à crise, com as mãos sujas de sangue negro e da repressão aos professores e trabalhadores da saúde.

Por isso chamamos todas e todos a se solidarizarem e apoiarem cada medida de luta e resistência dos trabalhadores da linha de frente, para fortalecer uma saída verdadeiramente da classe trabalhadora como resposta à crise. Enquanto o repúdio a Bolsonaro atinge novas camadas da população, mais do que nunca é necessário erguer uma saída independente que lute pelo Fora Bolsonaro, Mourão e militares, e se proponha a passar por cima dos empecilhos das direções do movimento de massas, como são o PT e o PC do B, defendendo que não se nutra qualquer confiança nas instituições do degradado regime brasileiro, nem em Maia, nem no STF.

Saídas como impeachment, defendida pelo deputado estadual Sandro Pimentel do PSOL-RN, se colocam ao lado daqueles setores da burguesia que possam escolher tirar Bolsonaro para legitimar as instituições antidemocráticas desse regime pós-golpe, em especial se os trabalhadores e o povo pobre se radicalizam na luta contra Bolsonaro e o regime.

Por isso é defendendo que seja justamente o povo que decida os rumos da crise sanitária e econômica, através de uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, que esteja acima de todas estas instituições e que por na ordem do dia medidas que realmente possibilitem que todos os leitos necessários existam, como por exemplo deixar de pagar a dívida pública, que suga 40% do orçamento brasileiro todos os anos.

Além dessas, através do fortalecimento da nossa auto-organização em cada local de trabalho, estudo e moradia, essa Constituinte abriria caminho para proibir as demissões no país, repartindo a jornada de trabalho sob todos os desempregados, reduzindo a jornada e com escala móvel de salários, estatizando sob controle dos trabalhadores das grandes empresas caloteiras ou que ameacem fechar.

É cada vez mais evidente que são os trabalhadores que tudo produzem e reproduzem em nossa sociedade, ousemos ultrapassar qualquer demagogia petista que se pinta esquerdizada, para que seja realmente a classe trabalhadora que defina o que acontecerá.

[1] https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/05/15/ibge-taxa-de-desemprego-de-jovens-atinge-271-no-primeiro-trimestre.htm

[2] http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/utis-lotadas-em-mossora-natal-e-pau-dos-ferros/480302

 
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