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Chega de mortes por prestígio geopolítico - Pelo fim das patentes na pesquisa médica!
Carmin Maffea

O governo dos EUA decidiu proteger as pesquisas estadunidenses na Covid-19. Ao recusar compartilhar as pesquisas, os esforços globais para desenvolver e distribuir uma vacina são impedidos. Isso irá causar mais milhares, se não milhões, de mortes adicionais ao redor do mundo. Exigimos o fim do nacionalismo biomédico e o compartilhamento da pesquisa médica entre todas as nações.

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Os movimentos nacionalistas vêm ganhando força nos EUA desde 2015-16, quando a plataforma eleitoral de Trump começou a enfatizar uma retórica anti-imigrantes. Agora esses movimentos começaram a crescer ainda mais, especialmente devido aos sentimentos anti-asiáticos impulsionados pelo governo Trump e a campanha de Biden, que culpabilizam a China pela crise da Covid-19. Consequentemente, vem ocorrendo um aumento nos ataques racistas que miram em pessoas asiáticas e negras. Esse racismo/xenofobia não apenas tem reverberações interpessoais ou domésticas; tem também consequências internacionais que irão ferir a classe trabalhadora em todos os lugares.

O nacionalismo se tornou um fator central no desenvolvimento de uma vacina para a Covid-19. O governo dos EUA afirma que deve proteger as inovações americanas de "roubo", especialmente da China. Certos oficiais, como o procurador-geral adjunto de segurança nacional John Demers, foram ao ponto de dizer que "A pesquisa biomédica há muito tempo é alvo de furto, especialmente por parte do governo chinês, e as vacinas e tratamentos para o coronavírus são o Santo Graal de hoje". A fala do procurador-geral implica que nossas vidas são um mercado e uma oportunidade política para os Estados Unidos aumentarem a sua consolidação como uma potência mundial. Não importa que estejamos perdendo amigos para esse vírus, que pessoas estejam vivendo com o novo medo de sucumbirem à Covid-19, ou que tantas pessoas estejam sofrendo de depressão ao se isolarem para proteger seus entes queridos e suas comunidades devido à falta de opções farmacêuticas.

O Reino Unido também aumentou a segurança virtual nas universidades desenvolvendo a vacina. O país afirma que houveram tentativas de hackear seus centros de pesquisa a partir de países como a Coréia do Norte e o Irã, dois países onde sanções criminosas estão sendo impostas. O próprio Irã é um dos países mais atingidos pela Covid-19 devido às sanções aos suprimentos médicos. O Reino Unido incrementou essas medidas com a justificação de proteção, enquanto mata a classe trabalhadora no exterior.

Além disso, a própria União Europeia não fez nada para coordenar esforços coletivos no combate ao vírus dentro de suas próprias fronteiras. Quando a Itália foi atingida pela pandemia, França e Alemanha se recusaram a enviar suprimentos médicos. Também não ocorreu uma reunião entre os líderes da UE para declarar uma emergência diante de quão terrível a situação se tornou na Itália, provavelmente contribuindo com o número de mortes.

Vem ocorrendo uma completa ausência de de coordenação doméstica e internacional em relação ao manejo da Covid-19. Dentro dos Estados Unidos, o aumento na demanda por respiradores e EPIs levou as indústrias a aumentarem seus preços para lucrarem mais. Junto a isso, ao invés de trabalharem juntos, os estados foram forçados a competir entre si pelos materiais, levando a ainda mais mortes desnecesárias.

Os Estados Unidos já conseguiu fazer com que as empresas de pesquisa de outros países priorizem a distribuição para a população dos EUA quando uma vacina for desenvolvida. Sanofi, uma companhia farmacêutica francesa, já prometeu distribuir a vacina para os Estados Unidos primeiro. Estimasse que essa aliança se dá em razão da concessão, por parte dos EUA, de direitos de pesquisa à companhia no passado.

Acredita-se que a Sanofi possui a capacidade de produção para distribuir centenas de milhões de vacinas por ano. Porém, essa força produtiva é restringida por propósitos nacionalistas, às custas da comunidade internacional.

Esse governo capitalista tem acariciado e nutrido o nacionalismo supremacista branco dentro do país e violentamente aplicado-o internacionalmente, para incrementar e sustentar os lucros burgueses, independente de quantos trabalhadores e oprimidos morram para isso. Ao manter sanções assassinas em países como Irã, Venezuela e Cuba, ao tentar incitar um novo golpe na Venezuela e continuamente bombardear o Iraque, os EUA pressionam para sustentar a dominação burguesa internacional construída sobre os túmulos das populações negras e pardas. Agora mesmo há uma pressão pela reabertura da economia sendo levada adiante por supremacistas brancos e aplicada por Trump, priorizando o mercado acima das vidas de negros e pardos que morrem desproporcionalmente mais do vírus. Essas pessoas vão continuar morrendo devido à reabertura, até que a vacina seja desenvolvida - o que não vai ocorrer até o fim do ano, no mínimo; mais morrerão se a vacina for capitalizada e segurada pelas nações imperialistas.

Mesmo com a COVID-19, uma doença que re quer cooperação internacional para ser derrotada, o nacionalismo em prol da acumulação capitalista é predominantemente a retórica estabelecida. Isso mostra que a cooperação internacional apenas acontecera entre a classe trabalhadora e não os governos burgueses.

Enquanto mais de 60.000 nos Estados Unidos já morreram (muitos sendo trabalhadores negros e pardos) e com quase 250 mil mortes confirmadas internacionalmente, enquanto nações com recursos abundantes como os EUA pretendendo "salvaguardar" suas pesquisas, é imperativo que a classe trabalhadora se mobilize para exigir o fim do nacionalismo e levantar um programa que coloque a necessidade de compartilhar todos os segredos médicos entre entidades de pesquisa publica e privada ao redor do mundo.

Atualmente, o poder de desenvolver e distribuir a vacina se encontra superficialmente nas mãos de companhias farmacêuticas extremamente influentes como a Glaxosmithkline e a Sanofi, cujas ações decolaram quando estas anunciaram que estariam colaborando com o desenvolvimento de vacinas. Glaxosmithkline nadou em 42 bilhões de dólares em vendas no último ano, enquanto a Sanofi embolsou quase 40 milhões de dólares. O antigo executivo da Glaxosmithkline, que também é um general militar, foi indicado por Trump para acelerar o desenvolvimento de uma vacina para os Estados Unidos.

A responsabilidade de desenvolver suprimentos necessários como os produtos médicos deve recair sobre fábricas, hospitais e clínicas controladas pelos trabalhadores e pelo público. A General Electric já tem trabalhadores dispostos a desenvolver equipamentos para combater a pandemia. Porém, a GE é controlada por Jeffery Immlet, um milionário que se importa mais com o lucro do que com a saúde pública. O mesmo é o caso de donos de hospitais e laboratórios. Os trabalhadores dessas instalações frequentemente estão dispostos a direcionar seus trabalhos para o bem-estar público. Também, visto que os trabalhadores são diretamente responsáveis pelo funcionamento das instalações, eles são mais aptos a produzir a quantidade necessária de equipamentos e mais capacitados a saberem quantas vacinas são necessárias por hospital e por clínica para responder corretamente às demandas de suas comunidades. Com os trabalhadores controlando seus locais de trabalho, o lucro deixará de conter os esforços, e a produção e a distribuição das vacinas será de longe muito mais eficiente.

Por fim, quando uma vacina segura e eficiente for desenvolvida, não pode haver uma patente alguma, para que companhias e nações não possam explorar a comunidade internacional por algo que ela desesperadamente precisa, e para que nenhuma nação possa ganhar uma maior presença imperialista no pós-crise. Jonas Salk, o desenvolvedor da vacina da pólio, respondeu, quando perguntado quem detinha a vacina da pólio: "Não existe patente. Você pode patentear o Sol?". Nós devemos almejar realizar o mesmo. Os capitalistas provaram serem os sentinelas da exploração e os destruidores da vida, como exemplificado em suas respostas à tragédia. Em resposta a essa tragédia e às próximas, os socialistas irão desenvolver uma cultura que preserva a vida e destrói a exploração.

 
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