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EXEMPLO DE LUTA
Argentina: Jovens trabalhadores de apps e outros setores precarizados se mobilizam por seus direitos
Redação

Milhares de jovens se mobilizaram no emblemático Obelisco da cidade de Buenos Aires e também em Córdoba, La Plata, Rosário, Jujuy, Neuquén e Mar del Plata. Sob a consigna "saiamos às ruas por nossos direitos!", difundida em suas contas no Instagram, Facebook e WhatsApp, trabalhadoras e trabalhadores de call centers, comércios, fast foods, apps e outros realizaram atos com medidas de segurança por todo o país.

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Se você ligar para um 0800, eles estão te atendendo, outros você vê pedalando pelas ruas com suas mochilas. São o primeiro rosto que você vê ao entrar em uma loja, e muitas vezes também estão nos hospitais, clínicas particulares, nos transportes e terceirizados em fábricas: são os precarizados. São dois milhões de meninos e meninas, mas que, somados aos que trabalham sem registro, vivem de "bicos" e estão desempregados na Argentina cerca de 11 milhões de trabalhadores.

Algo dessa realidade contou Mara, agora desempregada, mas que trabalhado a vida toda sem registro: “meu último emprego foi em um quiosque e, desde que a quarentena começou, fiquei sem nada, tenho três filhos e a verdade é que não estou dando conta, nem com o IFE [Renda Familiar de Emergência; NdT] eu chego ao fim do mês. Nos juntamos com uma amiga e decidimos juntar o que possuímos para podermos comer todos os dias”. Hoje ela decide se organizar por seus direitos nessa rede de jovens precários e informais.

Esses são os mesmos jovens que, durante a quarentena, empresas como Burger King, McDonalds e Mostaza cortaram os salários, pagando-lhes apenas 25 horas da jornada em abril e que tornaram isso visível graças à organização desde baixo, exigindo o pagamento de 100% do salário, que as empresas tiveram que reconhecer. Treze locais do Burger King e da Starbucks também fecharam no início deste mês, deixando centenas na rua sem um real.

Além disso, os distribuidores da Rappi, Glovo e Pedidos Ya - mais de 80.000 trabalhadores e trabalhadoras de aplicativos que se mobilizam - convocaram uma greve, fartos dessas empresas que roubam até os botões dos bolsos, sem nenhum tipo de lei trabalhista, sem os equipamentos de proteção necessários: "no meio da pandemia, chegou um e-mail que nos instruiu a produzir nossas próprias máscaras. Um ’te vira nessa pandemia’", um descaso com trabalhadores que muitas vezes deixam a vida no trabalho.

Também são os trabalhadores dos call centers, que tiveram 25% de seus salários cortados graças a um acordo entre o governo nacional e as sindicais CGT e UIA, ameaçando também suspender aqueles que não podem fazer o “home office” de suas casas. Enquanto centenas de outros jovens fazem parte dos milhares de demitidos ou estão em busca de trabalho.

Muitos também cursam o ensino médio e universidades, e nessa crise não sabem se poderão continuar estudando porque a remuneração não é suficiente, porque precisam sustentar suas famílias, porque em quarentena os cursos virtuais não estão ao alcance de todos. E mesmo que eles queiram esconder essa realidade, ela explode em todos os locais de estudo do país. Se fala desses jovens nas entidades estudantis?

Milhares de famílias de jovens precarizados estão nessa situação, pagando os custos de uma crise social e econômica. De acordo com o Observatório de Demissões do La Izquierda Diario, na primeira semana de maio, o número de demissões aumentou 900%, com 2.649.010 trabalhadores afetados por demissões, suspensões e cortes de salários. Enquanto isso, os empresários, que são rápidos em cuidar de seus interesses, saem por cima. Mesmo no Congresso Nacional, tanto Cambiemos quanto a Frente de Todos se recusam a discutir o projeto de imposto extraordinário sobre grandes fortunas apresentado pelo deputado Nicolás Del Caño da Frente Esquerda Unidade. Alguém pode acreditar que estariam perdendo quem tem tanto dinheiro que nem eles nem seus filhos ou netos serão capazes de gastar? Não, aqueles que continuam a perder são os trabalhadores e, entre eles, os mais afetados são os jovens e os que são oferecidos apenas contratos-lixo.

Nesta quinta-feira, eles se mobilizarão no microcentro de Buenos Aires e em outros lugares do país, como La Plata, Rosário e Córdoba, através da Rede de trabalhadores Precários e Informais que surge de baixo, organizando-se em grupos de whatsapp, reuniões virtuais e iniciando a convocação por suas próprias redes sociais. Eles se organizam porque há raiva e cansaço contra as ofensas dos empresários, porque o final do mês não é atingido e muitos deles ainda aguardam o pagamento do bônus de 10.000 pesos, enquanto não chega o imposto sobre quem tem mais dinheiro, com que poderia ser coberto o seguro-desemprego ou o salário durante a quarentena para todos os precarizados, os informais, os free-lancers ou os desempregados.

Organizados a partir desde a base, debatendo e decidindo juntos - porque se atacam um, atacam todos - e não querem demissão ou suspensão, porque denunciam que naqueles lugares em que os sindicatos tinham que cuidar deles, suas direções lhes deram as costas. Justamente, são esses mesmos sindicatos que precisam ser recuperados por seus trabalhadores para exigir os direitos trabalhistas dos precários.

 
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