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UNICAMP
Ataques: Knóbel quer cortes de R$ 72 milhões a serem votados nesta terça-feira na Unicamp
Eduardo Derisso
Juninho Caetano

Marcelo Knobel, reitor da Unicamp, propõe realizar cortes de “gastos” de 72 milhões de reais. A medida será votada na reunião do conselho universitário desta terça-feira, 12

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Em meio à crise econômica, política e sanitária no Brasil, que vem batendo recordes de mortes nos últimos dias, Bolsonaro segue absurdamente com seu negacionismo destilando seu ódio à ciência, ao lado de Weintraub, que insiste na manutenção do Enem, por exemplo, aprofundando o caráter excludente desse filtro social. Nesse contexto, as universidades estão mostrando todo seu potencial na pandemia e temos que defendê-la com toda força contra os governos. Mas cada vez mais fica nítido como essa defesa não se dará ao lado do reitor da Unicamp, Marcelo Knóbel, que apesar de se dizer a favor da educação pública quer hoje aprovar corte de R$ 72 milhões na universidade, e utiliza inclusive a absurda MP da Fome de Bolsonaro.

Vivemos um cenário de profunda crise econômica, que foi acentuada pela alarmante crise sanitária do novo Coronavírus, à qual nenhum governo hoje dá respostas, sem leitos, testes e respiradores nos estados. Nesse contexto, além das novas políticas de corte de bolsas do CNPq e Capes - como se já não bastassem esses ataques que levam a danos tremendos à pesquisa e permanência estudantil -, Marcelo Knobel, reitor da Unicamp, propõe realizar cortes de “gastos” de 72 milhões de reais. A medida será votada na reunião do conselho universitário desta terça-feira, 12. O CONSU, no entanto, é um órgão de decisão totalmente antidemocrático no qual os estudantes e trabalhadores têm peso mínimo de voto apesar de serem maioria na universidade.

O reitor justifica em base aos déficits orçamentários de 220 milhões de reais, por conta da crise econômica na pandemia. Decorrente da conflitante agudização da crise econômica no país (o que afeta o principal meio de financiamento das Estaduais paulistas, o ICMS, que já vem em queda) e da necessária expansão da universidade em suas atividades e estruturas, a Unicamp tem entrado em um quadro de déficit. Por conta disso, a reitoria aponta para saídas de austeridade para a crise econômica, como dito pelo próprio reitor - “Mais uma vez, a Unicamp será obrigada a adotar medidas austeras[...]”. E consequentemente quem vai pagar pela crise são os estudantes, trabalhadores e professores.

Com o contingenciamento, encontramos cortes nas contratações de professores e pesquisadores (80%), contratação para apoio em ensino, pesquisa e extensão (50%), congelamento da progressão de carreira desse ano dos já contratados, cortes de 25% nas despesas de custeio das unidades, revisão de contratos (desde água e luz, a restaurantes, transporte, limpeza, jardinagem) e cortes em programas institucionais e de bolsa auxílio de intercâmbio. Valendo-se do MP da Fome de Bolsonaro, aplaudida por Dória, Knóbel atacará também o abono pecuniário das férias de trabalhadores. Com a revisão de contratos, tendo em vista que já havia a ameaça de demitir 330 famílias contratadas via Funcamp, não está claro como isso afetará os trabalhadores terceirizados.

Embora Knóbel, como representante do Cruesp, tenha, junto à USP e UNICAMP, requerido ao governo estadual parte das verbas advindas do governo federal ao estado, ao que ainda não obteve respostas, com o CONSU antidemocrático, a reitoria desde antes já havia anunciado a proposta de cortes e ajustes, enquanto se diz defensora da universidade pública. Com isso, sinaliza a Dória, em sua senha por se aproveitar da pandemia para atacar os trabalhadores como quer no metrô de São Paulo, que há cortes a se fazer e que a saída deve passar por precarizar a universidade.

Ainda mais em um momento em que as pesquisas demonstram todo seu potencial, com inúmeros exemplos na própria Unicamp, o que se mostra fortemente nesse programa são cortes que levam a perdas relevantes em ensino e pesquisa e extensão de qualidade na Unicamp em plena pandemia. Knóbel também impõe à força o próprio Ensino à Distância, que precariza o ensino e impede que o conjunto das forças da universidade se voltem ao combate ao vírus em suas áreas de conhecimento.

São cortes como esse na área da saúde e nas universidades que nos fizeram chegar completamente despreparados diante do Coronavírus. Não à toa, em 2018 trabalhadores do HC, hospital de referência na região, fizeram uma forte greve na Unicamp, enfrentando a precarização do Hospital e a desvalorização salarial. Hoje, neste Dia Internacional da Enfermagem, que vocaliza as lutas da "linha de frente" do enfrentamento ao vírus, os grupos de risco no Hospital ainda não foram todos liberados com licença remunerada, com já casos confirmados entre os trabalhadores, e as terceirizadas da limpeza seguem sem EPIs adequados no HC.

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Neste momento, a comunidade universitária está sendo chamada a refletir profundamente não somente a crise de financiamento da universidade, mas como voltar sua estrutura aos interesses da classe trabalhadora e do povo pobre, os que mais sofrem nesta crise. Não há dúvidas de que, com fundos patrimoniais e projeto de Inovação na Unicamp, Knóbel busca cada vez mais aprofundar sua relação com as empresas privadas, sinalizando nessas "parcerias" fontes alternativas de financiamento. Do ponto de vista do conhecimento, nesta crise, significa dizer que as pesquisas na Unicamp dependem cada vez mais de empresas que não hesitam em cortar salários ou demitir trabalhadores, e que passamos a atender, acima de tudo, a lucrativa lógica das patentes, que transforma a ciência em mercadorias.

Por isso, além de exigir o aumento do repasse do ICMS para as estaduais paulistas, vemos que isso seria completamente insuficiente diante da crise. Para garantir as medidas mais eficazes no combate à pandemia defendemos a taxação progressiva das grandes fortunas e o não pagamento da dívida pública, como saída naiconal. Por que são os mais pobres que sustentam essa universidade com seus impostos? Apenas o faturamento anual das empresas-filha da Unicamp chega a R$ 7,9 bilhões, por exemplo. Se a reitoria de fato defendesse a universidade pública, no lugar de partir da proposta de cortes e ajustes, seria uma grande impulsionadora, junto aos setores da universidade, desse programa.

É papel das entidades estudantis, a começar pelo DCE, que se coloquem contrários a qualquer corte vindo do Conselho Universitário autoritário e anti-democrático, que representa a inversão da realidade. São estudantes, trabalhadores e professores, na proporção em que existem na realidade e junto aos trabalhadores da saúde eleitos como representantes no Hospital, compondo um Comitê de Crise, que deveriam decidir sobre os rumos da Universidade na pandemia. Um Comitê como esse deveria inclusive abrir as contas da Unicamp, tornando-as públicas e indo até o final contra todos os privilégios da burocracia universitária.

 
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