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RIO GRANDE DO NORTE
Saúde pública do RN beira o colapso, enquanto apenas 40% dos leitos privados estão ocupados
Redação Esquerda Diário Nordeste

Com 1950 casos confirmados e 90 mortos em todo o estado, em um cenário de profunda subnoficação devido à baixa testagem, o Rio Grande do Norte está há beira do cenário de colapso do sistema de saúde, com superlotação da rede pública, sobretudo em Natal e Mossoró. Os cemitérios públicos lotaram. Até quando o governo Fátima Bezerra (PT) e as prefeituras seguirão mantendo intocados os lucros dos grandes empresários do estado e de monopólios de saúde como a Unimed às custas da perda de vidas e naufrágio do SUS?

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Em entrevista coletiva na manhã dessa segunda-feira, 11, o subsecretário de saúde Petrônio Spinelli, afirmou que há pelo menos 32 pacientes solicitando transferência à hospitais de internação. Em Natal, 100% dos leitos de UTI já estão ocupados, e em Mossoró restam 2. Em Caicó, apenas 5 dos 20 leitos de UTI estão disponíveis. Ainda que, segundo ele, ainda há respiradores para atender os casos graves no pronto-socorro, nas próximas semanas está prevista uma explosão de casos.

A Sesap diz prever a abertura de novos leitos em Natal e Mossoró nos próximos dias. Ainda essa semana serão disponibilizados mais 15 leitos no hospital da Polícia Militar e mais 12 no hospital Giselda Trigueiro, principal unidade de referência do Estado. Já em Mossoró há previsão de mais cinco leitos no hospital Rafael Fernandes e entre 15 a 20 no hospital São Luís.

Além disso, depois do fracasso no processo de abertura do hospital de campanha no Arena das Dunas, agora o governo está realizando uma licitação no valor de R$ 48 milhões para contratar 20 leitos clínicos e de 80 de UTI da rede privada.

Contudo, foi a rede privada de hospitais foi a principal via de expansão de leitos de UTI durante o período da pandemia. Segundo dados do CNES, dos 152 leitos de UTI criados entre fevereiro e março desse ano, apenas 5 foram na rede pública.

Uma concentração enorme desses leitos que os monopólios de saúde fizeram prevendo uma oportunidade lucrativa com a chegada do coronavírus, que possui menos de 40% dos seus leitos ocupados. Diante disso, a política do governo estadual é de contratar esses leitos e realizar os lucros dessa rede, ao invés de ter preparado a rede pública para atender a população.

E como aponta uma investigação publicada no Esquerda Diário, não é de hoje que a rede privada de saúde se fortaleceu em detrimento do SUS. Entre o período de fevereiro de 2006-2020, foram perdidos 850 leitos de UTI públicos, enquanto a rede privada não cresceu (com apenas 4 novos leitos de UTI), mas conseguiu se sustentar nessa série histórica. Com a pandemia, estão apenas ampliando esse distanciamento, com o governo estadual aumentando a sua remessa de lucros com essas licitações.

Investigação: Coronavírus no RN em números: Fátima administra a catástrofe e não proíbe as demissões

Se seguir dependendo desse tipo de contratação, a catástrofe eminente do sistema de saúde do estado será inevitável. Apenas a centralização de todos os leitos públicos e privados em um único sistema de saúde, de modo que o SUS seja de fato universal, teremos condições de evitar o colapso da saúde. Permitira que os milhões que serão entregues à Unimed e outros monopólios privados, sejam revertidos para a real ampliação da rede pública.

Além disso, o colapso está diretamente ligado a eminente falta de respiradores, que se somará a falta de EPIs e testes para a população. Não é possível que grandes empresários devendo R$8 bilhões ao estado enquanto assistimos o Rio Grande do Norte prestes a uma situação próxima da do Ceará, do Pará ou do Amazonas, que estão empilhando corpos na frente dos hospitais, em conteiners e valas comuns. No nosso estado o governo provavelmente passará a alugar cemitérios privados, frente a lotação dos cemitérios públicos.

Hoje mesmo um paciente morreu na UPA Cidade da Esperança devido a uma falha no respirador, que por falta de pilha, parou de funcionar no momento em que o paciente encontrava-se sedado, sem respirar. Uma morte plenamente evitável, mas que apesar do esforço dos servidores da saúde, não possuem os equipamentos adequados para preservar a vida dessas pessoas.

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PACIENTE COM SUSPEITA DE COVID-19 MORRE NA UPA ESPERANÇA, APÓS RESPIRADOR QUEBRAR | "Nós perdemos um paciente que internou por covid-19, mas ele não morreu por covid-19. Ele morreu porque na hora de entubá-lo o respirador quebrou. Estão morrendo pessoas que poderiam ser salvas", disse o técnico de enfermagem da UPA da Cidade da Esperança, Anderson Oscar de Santana. Esse é apenas um dos inúmeros relatos que o Sindsaúde RN vem recebendo ao longo dos dias. São relatos fortes e chocantes de trabalhadores da saúde que se veem de mãos atadas diante das condições de trabalho . São histórias reais de pessoas que enfrentam a Pandemia do novo coronavírus. Segundo relato do técnico de enfermagem, Anderson Santana, os últimos plantões dos trabalhadores da UPA da Cidade da Esperança foram assustadores. Na madrugada desta segunda (11), mais um paciente foi a óbito porque o respirador quebrou na hora de entubá-lo. Poderiam ser cenas de um filme de terror, mas as a cenas acima contam o drama real dos trabalhadores da saúde da UPA Esperança. Infelizmente, essa situação é uma realidade em todo o Estado. A falta de EPI's, as condições de trabalho estão deixando os trabalhadores abalados psicologicamente. Para Thelma Ribeiro, diretora do Sindsaúde RN e trabalhadora da UPA Esperança, o clima está cada vez mais tenso. No seu penúltimo plantão, faltou pilha no laringoscópio com o paciente sedado. Os profissionais se desesperaram para conseguir as pilhas e fazer o paciente respirar. "Não consegui conter o choro porque ver pessoas morrendo por falta de insumos e estrutura é uma sensação indescritível", declarou Thelma, que também é diretora do Sindsaúde RN. De acordo com servidores da UPA, não bastasse o sofrimento em trabalhar sem condições de trabalho, agora, se deparam com o assédio moral por parte do diretor da unidade. Segundo relatos, não há diálogo entre a direção da unidade e os trabalhadores. Quando os servidores apresentam insatisfação devido a ausência de equipamentos para combater o novo coronavírus, o diretor tem respondido com ironias do tipo "se não estiver satisfeito, peça transferência". Isso é um absurdo. Continua nos comentários 👇🏼

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É inaceitável essa situação. Bolsonaro diz “e daí?” e assume a culpa pelas milhares de mortes pelo país, expressando a vontade dos grandes empresários que não estão nem aí para a contagem de mortos e que querem acabar com o isolamento social o quanto antes. Destinou não mais que 10 leitos de UTI e uma quantia insignificante de respiradores ao RN, e tem no seu Ministério da Saúde primeiro Mandetta, e depois Teich, dois grandes nomes que representam esses interesses da Amil, Unimed e outros grandes monopólios de saúde.

Contudo, Fátima tampouco tem se mostrado responsável com a vida da população, como muitos possam imaginar. Como demonstramos, está amarrada aos mesmos interesses capitalistas que hoje estão em detrimento de garantir a vida das pessoas. Outra demonstração disso é que a governadora, no seu último decreto, autorizou a abertura do comércio, da construção civil.

Assinou junto com todos os demais governadores do país, se somando a reacionários privatistas como Dória, Witzel, e outros, um pedido ao STF contra possibilidade de uma fila única do SUS, que unificasse os leitos públicos e privados. Com isso não restam dúvidas que a governadora está ao lado os privatistas da saúde aumentarem suas riquezas em meio a pandemia.

Saiba mais: Governadores entram no STF contra fila única de UTIs para coronavírus

Nesse sentido que, frente ao dia 12 de Maio, dia internacional das enfermeiras e enfermeiros, deve ser um dia para afirmar que somente os trabalhadores da saúde do Rio Grande do Norte podem nos conduzir para longe do colapso que se avizinha. São eles que estão na linha de frente dos hospitais, UPAs e UBS, que melhor sabem dizer o que é necessário fazer para vencer essa pandemia. Batalhando pela garantia de EPIs, testes, e outros insumos básicos, que vem sendo negados pelo governo, devem se embandeirar do seu direito de controlar um sistema único de saúde, negando qualquer forma de indenização para os tubarões da rede privada que querem lucrar às custas das nossas vidas.

 
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