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EDITORIAL MRT
Potencializar a resistência dos trabalhadores que são linha de frente da luta contra a pandemia
Diana Assunção
São Paulo | @dianaassuncaoED
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A última semana esteve marcada pela crise política pós saída de Sérgio Moro do governo Bolsonaro e suas consequências como o longo depoimento que deu ontem no STF. Das reações mais imediatas do governo vimos novamente carreatas e manifestação da extrema-direita com apoio presencial de Bolsonaro mais uma vez.

Entretanto, a imagem que marcou o país foi das enfermeiras em Brasília simulando um enterro: estavam falando de seus colegas trabalhadores e trabalhadoras da saúde em todo o país que são um dos setores centrais da "linha de frente" do enfrentamento a pandemia. Todos os trabalhadores da saúde, incluindo terceirizados, bem como os metroviários, os entregadores por aplicativo, os trabalhadores dos supermercados, os operários da alimentação, entre tantos outros. Grande parte desses setores entre os que mais tiveram suas condições de trabalho precarizadas nos últimos anos. Muitos deles com uma grande maioria de mulheres. Como viemos dizendo mais do que nunca se demonstra a centralidade que tem a classe trabalhadora e a importância de uma política decidida para potencializar os focos de resistência que vem se expressando: foram manifestações em Brasília, Pará, São Paulo, Minas Gerais e outros estados, especialmente dos trabalhadores da saúde.

Tudo isso ocorre com um aumento das mortes e dos contaminados em todo o país, já ultrapassamos a marca de 8 mil mortes, trazendo a tona a necessidade não somente de fortalecer a luta pelas demandas mais imediatas, mas também por apresentar um programa transicional mais completo em torno do tema da saúde. A saúde mais do que nunca não pode ser uma mercadoria. A bandeira de luta por um sistema de saúde único estatal e controlado pelos trabalhadores deveria ser levantada pelo conjunto da esquerda e dos sindicatos, mostrando que ao mesmo tempo em que batalhamos por álcool gel, máscaras, EPI´s, contratação e liberação do grupo de risco, liberação com remuneração de todos trabalhadores dos serviços não essenciais. Também queremos nos chocar com essa lógica que coloca o lucro acima da vida impedindo que todo o sistema de saúde esteja, de imediato, centralizado e atuando de forma única. E mais do que isso apontamos para uma questão fundamental: as melhores pessoas pra gerir e controlar os hospitais e todo o sistema de saúde são os próprios trabalhadores da saúde, pois eles são a linha de frente, são eles que estão trabalhando e morrendo para salvar as nossas vidas. Um programa emergencial urgente frente ao absurdo do número de mortes de trabalhadores da saúde em nosso país, que já ultrapassa a soma de Itália e Espanha

Neste sentido, é preciso olhar com atenção os focos de resistência que começaram a surgir nas últimas semanas. A manifestação em Belém dos trabalhadores do Hospital Municipal Mário Pinotti; em Minas Gerais os protestos dos trabalhadores da saúde contra Zema e a Fhemig (Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais); e a emocionante homenagem a uma técnica de enfermagem que faleceu vítima da Covid-19 em São Paulo, do Hospital Municipal Dr. José Soares Hungria, em Pirituba; além dos atos no Hospital Universitário da USP que conseguiram furar o bloqueio da imprensa e que foram preparados pelo Conselho Diretor de Base do Sindicato dos Trabalhadores da USP que votou uma medida exemplar de conformação de um Comitê dos Trabalhadores do Hospital com representantes eleitos para organizar a defesa dos trabalhadores e as condições de saúde, como a distribuição de máscaras. É preciso avançar neste sentido, com comissões em todos os Hospitais e locais de trabalho e pensando uma coordenação da luta da saúde rumo ao dia 12, dia internacional das enfermeiras, mas onde todos os trabalhadores da saúde devem ser parte e se mobilizar ativamente.

Veja mais:Trabalhadores do HU-USP realizam ato para denunciar a falta de EPIs, testes e por contratações

Num momento como esse onde a pandemia se alastra e Bolsonaro mantém sua política negacionista, a tendência a que a política dos governadores, do Congresso Nacional e do "centrão" de que tudo que temos a fazer é ficar em casa tem uma armadilha. Se por um lado o isolamento é uma medida necessária frente a uma pandemia, seria um erro considerar que isso é suficiente: nem Dória, nem Maia, nem nenhum deles está garantindo testes massivos para poder organizar a quarentena de forma racional, e todos eles foram parte de destruir o SUS, o que se faz sentir agora de forma mais cruel. Mais ainda, o isolamento não está garantido para uma grande parcela da classe trabalhadora, tanto de setores não-essenciais que são obrigados a seguir trabalhando, quanto dos setores essenciais, para os quais não são garantidas nem as mais elementares condições de trabalho e segurança; ao mesmo tempo as demissões não param de aumentar na indústria e nos serviços. Isso sem falar da aplicação da Medida Provisória de redução salarial e da situação absurda que o governo federal deixa os milhões de desempregados, trabalhadores precários e sem registro, ao propor uma renda mínima de R$600,00, que sequer esta sendo paga na velocidade necessária, empurrando os trabalhadores para uma condição extrema de ter que decidir entre ficar em casa e se arriscar a morrer de fome ou arriscar a saúde e a vida pra poder ampliar a renda.

As figuras do regime que fazem demagogia em defesa da vida também são responsáveis por tudo isso, e ao mesmo tempo o "ficar em casa" deles é também pra evitar qualquer tipo de resposta organizada dos trabalhadores e da juventude. Se rechaçamos a extrema-direita reacionária que faz ações de rua porque simplesmente não acreditam que exista o Coronavírus, não podemos sucumbir a paralisia que querem Dória, Maia, Toffoli, Moro e todos estes que tentam aparecer como "oposição sensata" a Bolsonaro. Maia, Toffoli, Moro, os militares etc. são responsáveis junto a Bolsonaro por todas as mais de 8000 mortes de brasileiros pelo coronavírus. Nós estamos do lado das enfermeiras que foram agredidas pelos bolsonaristas, ao lado dos trabalhadores da saúde que estão se manifestando em todo o país. E assim o fazemos porque são os setores da classe trabalhadora mais conscientes das necessidades de segurança sanitária e estão, em todo o país, organizando manifestações sem aglomeração, com máscaras, com distanciamento e todo tipo de medidas pra manter a segurança sanitária.

A batalha dessa linha de frente da classe trabalhadora contra a pandemia, que inclui uma luta intransigente pela proibição das demissões e contra a retirada de qualquer direito dos trabalhadores, não está por fora de uma crise econômica internacional e uma crise política no nosso país. O último 1o de maio, dia internacional dos trabalhadores, foi emblemático nesse sentido: um dia de luta da classe que mais está pagando por essa crise, mas também a classe que é a saída para esta crise, como mostraram no próprio 1M, os entregadores do Ifood que paralisaram contra as péssimas condições em que tem que se arriscar para ganhar um sustento miserável em meio a pandemia

Nós do MRT batalhamos durante toda a semana passada com textos que publicamos aqui e aqui chamando a esquerda a romper com o escandaloso ato das grandes centrais sindicais que convidaram todo tipo de inimigos dos trabalhadores para seu palanque. O rompimento da CSP-Conlutas e da Intersindical ("Instrumento de Luta da Classe Trabalhadora") foi um passo muito importante nesse sentido. Nós do MRT participamos e construímos o ato independente e classista do 1o de maio com nossa companheira Maíra Machado que é Diretora da APEOESP pela oposição com um forte chamado a construir um polo de esquerda pelo Fora Bolsonaro e Mourão. Após o ato, que consideramos que foi um acerto, chamamos os companheiros do Bloco de Esquerda do PSOL, do PSTU e outras organizações que se reivindicam revolucionárias a darmos passos concretos para colocar de pé uma Coordenação pelo Fora Bolsonaro e Mourão, já que não podemos sucumbir a política de impeachment ou renúncia, levantados até mesmo pelo PSL com a reacionária Joice Hasselman à frente, pois conduziriam Mourão à cabeça de um governo de militares. E ainda na hipótese de que além de Bolsonaro saia também Mourão, ficaríamos sob o governo de Rodrigo Maia? Com a chancela do STF? Com o regime que permitiu que essas mesmas instituições e políticos nos trouxesse até essas situação? Não! Por isso, queremos também debater com todos os companheiros a necessidade de além de levantar Fora Bolsonaro e Mourão também apresentar uma bandeira democrática elementar que questione não apenas esse governo, mas também esse regime: é o povo que deve decidir, por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana.

E neste mesmo sentido, no 1o de maio, na Argentina impulsionamos junto com as organizações da Frente de Esquerda e dos Trabalhadores um ato unitário com um programa anticapitalista, fechado por Nicolas Del Caño, como parte da batalha por colocar de pé uma Conferência Latino-Americana de organizações socialistas, passos que são necessários e urgentes para construir uma alternativa socialista e revolucionária dos trabalhadores. Mas também como Fração Trotskista - Quarta Internacional, organizamos um ato simultâneo em 14 países e 6 idiomas que chegou a 7 mil acessos simultâneos, com companheiras e companheiros que são literalmente linha de frente deste combate apresentando nosso programa, estratégia e política para enfrentar não apenas a pandemia mas todo esse sistema capitalista apontando uma saída realmente revolucionária, estes são os objetivos da Rede Internacional Esquerda Diário, que através dos 14 jornais on-line em distintos países, recebeu 13 milhões de visitas em abril. Com nossa companheira Tre Kwon que virou um símbolo da luta da saúde nos Estados Unidos, nosso companheiro Gaetan Gracia, trabalhador da Airbus na França lutando pela organização dos trabalhadores, nosso companheiro Pablito trabalhador da USP demonstrando que os negros são os que mais morrem com a pandemia, e nosso companheiro Raul Godoy, dirigente do PTS e operário de Zanon, nos dirigindo em diálogo com setores da esquerda que se reivindicam anticapitalistas e socialistas para debater a necessidade de construir partidos revolucionários em cada país pela reconstrução da IV Internacional. Fazemos um chamado às centenas de companheiras e companheiros que estão se reunindo nos Comitês Virtuais do Esquerda Diário a conhecer mais profundamente nossas ideias e assumir a militância revolucionária junto conosco.

 
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