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EAD
"Nós estudantes indígenas nos sentimos pressionados a fazer EAD, sem ter condições para isso"
Comitê Esquerda Diário Unicamp

Em meio à pandemia estudantes da Unicamp estão tendo que realizar atividades e assistir aulas online. Sabendo que essa realidade não é possível para muitos estudantes que podem ter mais dificuldades de acesso a computador e internet, é visível que essa medida só reforça o caráter elitista e excludente da Universidade. Veja relato de Iaponã, estudante indígena do curso de ciências sociais da Unicamp.

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A implementação das aulas EAD reforça abertamente o caráter elitista da universidade, mostrando que de acordo com os desejos da reitoria e da burguesia, não deve ser um espaço para estudantes pobres, indígenas, negros ou mães trabalhadoras.

Muitos dos estudantes não possuem acesso à internet, equipamentos adequados para realização de trabalhos, prova e acompanhamento das disciplinas via online. Ainda mais os estudantes da Moradia estudantil, que se encontra com uma internet fraca que mal carrega alguns vídeos, ou estudantes indígenas que voltaram para suas casas.

Querem implementar aulas à distância em cursos presenciais, dando abertura para precarização do ensino. O que impedirá que invistam no modelo EaD após a crise do coronavírus? Os grandes monopólios de educação veem esse momento como uma oportunidade para implementar esse modelo ainda com mais força do que já estava sendo. Isso foi visível com a declaração que Jorge Paulo Lemann, que em 2019 foi considerado pela Forbes homem mais rico do Brasil e é dono da Fundação Lemann, deu há 10 dias atrás se referindo ao momento da pandemia: “O que eu gosto mais, francamente, é que toda crise é cheia de oportunidades".

Diante dessa situação, Iaponã, estudante indígena do curso de Ciências Sociais da Unicamp, deu seu depoimento ao Esquerda Diário:

"Diante do fato da realidade que tá acontecendo, da pandemia do Covid 19 em todo o país e em todo o mundo, no meu ponto de vista, eu particularmente me coloco na minoria, eu sou do grupo da minoria basicamente que não tenho acesso à internet adequada, não estou na Unicamp, em Campinas. Estou no Pará, na cidade de Marabá na casa da minha família, e basicamente eu não tenho tanta facilidade de acesso ao EAD que pegou muita gente de surpresa, inclusive eu, então é muito complicado porque eu não tô acompanhando as disciplinas, não tô acompanhando as aulas, e particularmente eu estou sendo prejudicado com o EAD, porque se tem um cronograma a ser seguido, o sistema cobra isso, então as pessoas que têm internet de banda larga de velocidade a mil, vamos dizer assim, que moram em Campinas, quem têm facilidade com a internet, tão de boa.

Infelizmente alguns indígenas, ou os indígenas na verdade, que entraram esse ano, basicamente não têm tanta facilidade de mexer com internet, de mexer no sistema, então está sendo muito dificultoso para todo mundo. Então veja assim, esse ano muitos indígenas que não têm acesso à internet, que têm dificuldades, é meio complicado no meu ponto de vista. Então assim, diante dessa situação tá meio difícil. Essa é a minha posição, minha declaração que nós como estudantes da minoria, indígenas que somos minoria na universidade, nos sentimos pressionados a estudar EAD sendo que não temos a condição de internet adequada, não procuraram ter uma consulta prévia para todo mundo, perguntando se tem esse alcance, e aí fica meio complicado né.

Eu tive que ir agora esses dias na casa do vizinho aqui próximo que tem wi-fi, e aí eu acessei e chegou várias mensagens inclusive de PADs e PEDs falando sobre algumas readaptações do programa e alguns conteúdos. Então já montaram um cronograma de aula, vamos dizer assim, de antropologia, por exemplo, e política III, então fica complicado de acompanhar, fica complicado abrir o google drive e outras coisas"

Não fechamos os olhos para o absurdo que é essa situação à qual diversos estudantes estão passando na Unicamp e em outras Universidades. Nos colocamos totalmente contra esse modelo de ensino que precariza a educação e exclui estudantes para enriquecer os grandes monopólios. Chamamos todos os centros acadêmicos, o Diretório Central dos Estudantes da Unicamp (DCE) e a UNE a se colocarem também frontalmente contra esse projeto, se ligando às demandas dos estudantes mais pobres, negros e indígenas.

 
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