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CRISE ECONÔMICA
Demissões em massa e MP da fome de Bolsonaro já agridem ainda mais a vida dos trabalhadores
Ricardo B
Danna F

Há semanas em que a crise sanitária e econômica vem afetando o Brasil, Bolsonaro vem com um discurso demagógico e mentiroso de proteger os empregos e os trabalhadores desempregados e informais, enquanto suas únicas medidas são retirar mais direitos dos trabalhadores, permitindo que o empresariado siga demitindo milhares de trabalhadores a cada dia que passa. Suas medidas, somadas às demissões em massa, já atingem em cheio os trabalhadores.

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Não faltaram declarações absurdas de Bolsonaro desde o início da crise da pandemia de COVID-19. Todas no sentido de negar a gravidade da situação apontando para uma reabertura da economia às custas de colocar nossas vidas em risco, fazendo uma demagogia de profundo mau-caráter dizendo que a economia tem que continuar girando para garantir os empregos e o sustento dos trabalhadores informais, para que ‘não morram de fome’. Quando foi que Bolsonaro se importou com os trabalhadores passando fome? Foi antes da pandemia quando apoiou a reforma trabalhista, a reforma da previdência, ou em meio à pandemia quando decretou que as empresas possam cortar salários pela metade? Além do fato de que Bolsonaro é um dos responsáveis pelo desemprego, precariedade e informalidade da classe trabalhadora hoje, seu discurso está totalmente fora da realidade também porque que suas medidas são apenas para cortar dos trabalhadores e favorecer os empresários que já estão demitindo centenas milhares.

Enquanto o número de casos de coronavírus vem aumentando, sem previsão para uma testagem em massa ou vacina tão cedo, Bolsonaro, em meio a essa crise, faz pronunciamentos absurdos e inconsequentes, como “brasileiro mergulha no esgoto e não acontece nada” ou dizer que a COVID-19 é “só uma gripezinha”, mostrando a falta de interesse do presidente na vida do trabalhador brasileiro frente a uma pandemia global. A única preocupação que parece atingir Bolsonaro é a crise na economia e a ameaça aos lucros das empresas, que perdura desde antes da pandemia, e como escapar de um lockdown, estimulando a abertura gradual de comércios, usando como desculpa a falácia que “Essa grande massa de humildes não tem como ficar presa dentro de casa e, pior, quando voltar não ter emprego”, e que “se piorar, vem para o meu colo”, sendo que são os trabalhadores, sobretudo da saúde, e não ele, que estarão arriscando suas vidas na linha de frente da pandemia.

Ao mesmo tempo que usa o argumento de estar considerando as preocupações dos trabalhadores com as contas que esses tem a pagar, aprova, junto a Guedes e seus “adversários” parlamentares e governadores, uma medida provisória que corta e reduz o salário do trabalhadores em nome dos grandes empresários que se recusam a pagar sem a produtividade cotidiana. O apoio do governo às decisões tomadas por patrões sobre o destino de seus funcionários acarreta cada vez mais em demissões massivas e acordos precários de redução de salário. Nessa última sexta, dia 17, o Supremo Tribunal Federal decidiu "liberar a negociação de acordos individuais entre empresas e seus funcionários para suspender contratos e reduzir salários e jornadas, sem que seja necessária a participação dos sindicatos."Essa decisão foi fruto do texto original da medida provisória editada por Bolsonaro, obrigando o trabalhador a negociar por fora de seu sindicato e submeter-se a uma condição instável de direitos trabalhistas. Segundo pesquisa, a crise da pandemia pode até dobrar o número de desempregados no Brasil, uma previsão assustadora que demonstra a gravidade da situação.

Para além de previsões, as demissões e cortes de salário já são uma realidade em diferentes setores

Empresas de grande porte como General Motors, Embraer e Marcopolo já registram milhares de acordos de redução salarial. Em todo o país já foram registrados mais de 290 mil “acordos” de suspensão de contrato ou redução salarial. Isso reduz a renda de milhares de famílias em meio a uma pandemia que impõe um aumento no custo de vida pela maior demanda de produtos de higiene e saúde.

A demissões são ainda mais massivas. No comércio, em que estima-se que mais de 600 mil trabalhadores já tenham sido demitidos de bares e restaurantes. Só a rede IMC (KFC e PizzaHut), por exemplo, já demitiu 2,1 mil trabalhadores.

Na indústria, apenas o setor de máquinas e equipamentos já registrou mais de 11 mil demissões. Patronais de diversos estados como Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Amazonas e Pernambuco, entre outras, preveem demissões em diversos setores da indústria. Não há ainda dados divulgados de todos os estados, mas apenas no estado de Santa Catarina, por exemplo, já são estimadas cerca de 165 mil demissões na indústria e 406 mil ao todo.

Estes preocupantes números tendem a se agravar diante de uma crise econômica que muitos analistas apontam que pode ser a pior que a crise de 1929. Com os capitalistas querendo despejar esta crise sobre as costas dos trabalhadores, essa situação se traduzirá em degradação e sofrimento das massas trabalhadoras se não encontrarmos uma saída alternativa.

Bolsonaro, os militares e os governadores não oferecem saída para esta situação

Bolsonaro está ao lado destes que demitem milhares para manter seus lucros quando aplica medidas absurdas de cortes de salários e afastamentos compulsórios, e não move um dedo contra estas demissões massivas que já atingem a classe trabalhadora e tendem a continuar. Nunca se importou com as condições de vida dos trabalhadores e, apesar de seus discursos, não é agora que se importará.

Frente a isso, o “Fora Bolsonaro” já é um grito que ecoa (junto a panelaços e aplausos aos trabalhadores da saúde) das janelas de todo o país e também nas redes sociais, que demonstra o expressivo rechaço que amplas camadas da população começam a manifestar contra este governo que concentra as figuras mais asquerosas da política brasileira e que está comprometido até o último fio de cabelo com a classe dos ricos e poderosos que querem nos ver morrer para resguardar seus lucros. É extremamente necessário levantarmos Fora Bolsonaro neste momento em que demissões, doença e morte põe a vida de milhões está em jogo, mas é igualmente necessário pensarmos: fora Bolsonaro, por qual via?

Veja também: A radicalização no discurso de Bolsonaro e as peças no tabuleiro golpista

Vêm tomando as discussões do campo opositor algumas propostas levantadas por diferente setores quanto ao método para retirar (ou não) Bolsonaro. Algumas figuras como Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT) e Guilherme Boulos (PSOL) assinaram um manifesto em que pedem a renúncia de Bolsonaro, na prática pedem que a presidência seja entregue ao reacionário general Mourão, dando ainda mais poderes aos militares. Outros setores do PSOL, como o MES, corrente ligada às parlamentares Fernanda Melchionna, Sâmia Bomfim e David Miranda defendem o impeachment de Bolsonaro, estes parlamentares se vangloriam de estarem ‘encabeçando’ o Fora Bolsonaro com seu pedido de Impeachment na câmara, a que isso leva? Novamente a Mourão no poder e mais poder aos militares. A estratégia de ambas as alas almeja a formação de uma grande frente ampla para isolar Bolsonaro, que engloba desde o PSOL até figuras como Dória e Rodrigo Maia. Entregam o ‘Fora Bolsonaro’ a reacionários que até ontem estavam abraçados em Bolsonaro e mesmo hoje, por mais que se desentendam com o poder executivo, não questionam uma vírgula das medidas de Bolsonaro de ataque aos trabalhadores.

O PT tem uma resolução ainda mais escandalosa: não defendem sequer o Fora Bolsonaro. Recentemente o PT decidiu que não é a hora de pedir fora Bolsonaro, dando seu aval para o governo seguir com esta política criminosa frente à pandemia. Fazem inócuas exigências de que o governo siga as políticas do congresso de Rodrigo Maia e depositam esperanças nos “sensatos” militares, defendendo a armadilha da “unidade nacional” contra o vírus, sendo que para salvar a vida da classe trabalhadora é preciso avançar contra os interesses dos magnatas, coisa que nenhum dos anteriormente citados, de direita ou de esquerda, defendem.

Não podemos deixar que o Fora Bolsonaro seja canalizado pelos reacionários do congresso ou do judiciário que querem dar mais poder ainda ao Exército assassino e autoritário, comandado por generais herdeiros da ditadura como Mourão, Braga Netto e Heleno.

Em meio aos contínuos ataques por parte do governo e do empresariado e a insuficiência da oposição frente àss ações antidemocráticas e contra os trabalhadores realizadas por Bolsonaro e o crescimento da ala que se diz mais “sensata”, composta por Doria, Witzel, Maia, Leite, entre outros, que até pouco tempo atrás estavam aprovando políticas que golpearam os direitos trabalhistas em diversos setores. É de fundamental a união, mobilização e organização dos trabalhadores para que possamos atravessar a pandemia e a crise sem que esses já citados se utilizem dela para tomar o protagonismo dos trabalhadores que estão e sempre estiveram na linha de frente da produção.

Quem está realmente enfrentando a pandemia são as e os trabalhadores da saúde, da limpeza, do transporte, das indústrias e informais que produzem materiais de proteção e prevenção, e mesmo assim estes ficam à mercê das decisões de políticos, juízes e generais. Com a força de sua luta, os trabalhadores podem impor um plano de emergência para a crise da pandemia, contra os interesses dos poderosos, que garanta testes massivos para a população, e também proibição das demissões, pagamento de R$2.000,00 reais a cada trabalhador autônomo ou sem renda suficiente e remanejamento de toda a economia e recursos em função do combate à pandemia para suprir a demanda de respiradores, máscaras, EPIs, álcool gel, saneamento básico, etc.

Fora Bolsonaro, Mourão e os militares. O povo deve decidir!

É preciso impor pela força da organização dos trabalhadores uma Assembleia Constituinte, livre e soberana, pois os rumos do país devem ser discutidos de forma ampla por toda a sociedade, que tenha o poder não apenas de mudar as figuras, mas também as regras do jogo. Todos os homens de poder na política brasileira dobram a constituição à sua vontade adaptando as regras do jogo a seus interesses. Por que o povo não pode fazer o mesmo?

Com uma ampla organização e mobilização nos locais de trabalho, em uma luta decidida contra Bolsonaro, os militares e de forma independente dos reacionários do congresso e do STF, seria possível impor uma Assembleia Constituinte que coloque em pauta todas as medidas urgentes para combater a pandemia e suas consequência sanitárias e econômicas, e fazer que sejam os capitalistas que paguem por esta crise com seus lucros, e não nós com nossas vidas.

 
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