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LUTA DE CLASSES INTERNACIONAL
As greves da Amazon que confrontam a prepotência do bilionário Jeff Bezos
Salvador Soler

A pandemia do coronavírus revelou brutalmente o nível de exploração a que os trabalhadores da Amazon estão sujeitos em todo o mundo, mas também suas ferramentas de luta.

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A Amazon é a maior empresa de logística do mundo, e por isso seu proprietário, Jeff Bezos, se tornou o mais rico de todos os empresários. Essa condição em meio a uma pandemia em escala nunca vista antes na história, parece fazê-lo acreditar que pode fazer o que quiser forçando os trabalhadores em seus armazéns ao redor do mundo a irem trabalhar.

Esta atitude está sendo confrontada por trabalhadores que se recusam a ser expostos à pandemia. Enquanto Bezos acredita que seu serviço é essencial, o pessoal de sua imensa rede de armazéns, diz algo mais em sua preocupação de que eles estão em perigo. Trabalhadores da Amazon na França, Itália, Espanha, Estados Unidos e vários outros países estão agindo, entrando em greve ou tomando outras ações porque se trata de arriscar sua saúde e suas vidas. Eles estão trabalhando sob uma pressão incrível para não serem demitidos, o que significaria, nos EUA, somar-se ao exército de 22 milhões de pessoas que se candidataram ao fundo de desemprego.

De Donald Trump ao "progressista" Pedro Sanchez, planos foram propostos para resgatar o capitalismo, enquanto Jeff Bezos, o homem mais rico do mundo, está se beneficiando ao ponto de contratar mais funcionários e ver as ações da Amazon tocarem o céu esta semana. Em março, a Amazon estava à procura de 100.000 trabalhadores somente nos Estados Unidos, devido à crescente demanda por serviços de entrega ao domicílio, aproveitando para diminuir custos e maximizar lucros.

Mas mesmo que seja apenas incipientemente, os trabalhadores nos EUA se organizaram em diferentes greves ou ações em Staten Island e Queens em Nova York ou nos armazéns de Chicago, onde há milhares de jovens em condições precárias, sem elementos de proteção pessoal ou licença remunerada. Ali mesmo, onde Bezos está despedindo pessoas que se recusam a trabalhar para não serem infectadas, sabe-se que o contágio está presente em pelo menos 50 galpões. A Amazon, diante da demanda dos trabalhadores, tomou algumas medidas, como fornecer equipamentos de proteção e slicença para aqueles que estavam doentes, mas já era tarde demais, já morreram 25 trabalhadores pelo coronavírus.

Na França, os trabalhadores da SUD-Commerce, principal sindicato de logística, entraram com uma ação judicial alegando que a Amazon não reunia as condições necessárias para operar no contexto da pandemia. Eles conseguiram parar as operações da empresa na França, embora ainda não saibam se os 10.000 trabalhadores nos armazéns serão pagos pelas licenças. Embora já desde o final de março muitos trabalhadores se recusassem a atender seus postos.

Na Itália eles entraram em greve por causa de um novo caso de coronavírus nos galpões da Amazon de Torazza Piemonte. Com 1.200 pessoas trabalhando lá, o sindicato da Filt-Cgil convocou uma greve. Os representantes ressaltam que "o silêncio ensurdecedor das instituições às quais temos informado repetidamente sobre os perigos para a saúde dos trabalhadores da Amazon, estamos fartos da falta de resposta diante do Covid 19". Um dos trabalhadores acrescentou que "hoje só podemos fazer greve na Amazon em Torrazza Piemonte: a vida vem antes do lucro". A Itália, que é um dos países que mais sofreu com a pandemia, vem experimentando uma espetacular resistência dos trabalhadores com ondas de greve em todos os centros industriais contra a sede de lucro dos empresários que priorizam seus bolsos diante da saúde dos trabalhadores.

O outro exemplo está no Estado Espanhol, que hoje está em segundo lugar em termos do número de pessoas infectadas. A Amazon aumentou seus lucros em seis vezes no último ano. Mas enviou trabalhadores para morrer nos galpões em um dos epicentros mais brutais do vírus. O sindicato CC.OO levará a Amazon à Fiscalização do Trabalho por não paralisar a fábrica em El Prat de Llobregat, onde foi registrado um caso de COVID-19. Mais de 2.500 pessoas estão concentradas no centro logístico.

Mundialmente, a Amazon emprega mais de 800.000 trabalhadores. Nos últimos anos, provou construir um império com a empresa mais lucrativa do planeta sobre a precarização dos trabalhadores, tirando até mesmo os seguros de saúde na maioria dos países com contratos sucateados. Hoje se expressa brutalmente, enviando-os para morrer em meio à pandemia para responder ao chamado dos consumidores. Mas, ao mesmo tempo, os trabalhadores se organizaram em um sindicato global, o UNI Global Union, que inclui um grande número deles, e organizaram greves mundiais contra o homem mais rico. Neste momento, o que mostra que tanto a pandemia quanto a exploração não reconhecem fronteiras, a forma como os trabalhadores da Amazon se organizam é um exemplo e um exercício do que a classe trabalhadora é capaz de fazer, mostrando um caminho para vencer.

 
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