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CORONAVÍRUS
Jair Bolsonaro, um ’irracional’ na pandemia ou um assassino em massa?
Jean Barroso
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O contágio do povo brasileiro com o novo coronavírus (covid-19) vem aumentando à cada dia com a política de Bolsonaro. Isso não é mistério para ninguém: quanto mais pessoas na rua e quanto menos testes da nova doença, quanto menos investimento nos profissionais de saúde, mais a doença avança em direção ao pico de contágio.

Depois de um largo período defendendo o "negacionismo", dizendo que o coronavírus seria uma gripezinha, Bolsonaro começa a revelar o lado mais sombrio que sempre esteve por trás de sua política, afirmando que a contaminação da ampla maioria da população é inevitável, e, na realidade, é desejável para seus objetivos. No dia de hoje (20/04), na saída do Palácio da Alvorada, declarou:

"Aproximadamente 70% da população vai ser infectada , não adianta querer correr disso, é uma verdade. Estão com medo da verdade?"

Na declaração, o presidente em exercício ainda defende a volta ao trabalho e diz que "ele é a constituição" em pessoa, atribuindo à si poderes imperiais:

Estas declarações, junto com a defesa das manifestações golpistas - que reivindicaram o fechamento do Congresso e do STF - revelam os reais fundamentos da política de Bolsonaro. Segundo a Rede Globo de televisão, o Congresso e o Judiciário, a política hoje defendida por Bolsonaro seria fundamentada em um desconhecimento por parte do presidente em exercício. Quer dizer, o problema seria que Bolsonaro contraria as orientações médicas por não acreditar na ciência, por ser "ignorante" aos olhos de William Bonner e do Jornal Nacional que fez uma ampla cobertura semanas atrás destacando a inabilidade do presidente no manuseio das máscaras durante as coletivas de imprensa.

A tese da oposição de ocasião - a Globo, Maia e o STF, que se opõem a Bolsonaro no que tane as medidas de quarentena, mas o apoiam nos ataques aos trabalhadores - baseia-se num preceito de que o Estado Capitalista deveria atuar de maneira racional, que Bolsonaro seria o exemplo do contrário deste preceito.

Mas a realidade é que a racionalidade do Estado Capitalista está montada em base ao aniquilamento da força de trabalho e nome da extração do lucro. Por isso, a divergência fundamental entre Bolsonaro e a Globo é de como extrair este lucro. Bolsonaro se apresenta com a mão de ferro do estado pós-escravista brasileiro, defendendo que morram logo dezenas ou centenas de milhares para que a economia volte a funcionar. O programa defendido por Bolsonaro já foi levantado ou mencionado como possibilidade por outros líderes de direita, como Boris Johnson, com o nome bem significativo: "imunização do rebanho".

Na Europa, uma flexibilzação das quarentenas já é anunciada, com base na teoria de que liberar parte do fluxo da classe trabalhadora faria com que parte da massa fosse exposta ao coronavírus e criasse anticorpos. O interesse é simples: fazer com que a exploração do trabalho não pare, que é a única forma definitiva de gerar valor para o capital. O resultado desta política é simples de calcular: uma pilha de corpos da classe trabalhadora.

No Brasil, a crise política se escala com manifestações de bandos bolsonaristas nos quartéis defendendo um golpe dos militares contra o Congresso e o STF. Lado à lado com estes, a Federação das Indústrias de São Paulo também adere, sinalizando descontentamento com a quarentena e querendo a volta ao trabalho durante a pandemia.

Com a política defendida por Bolsonaro, simplesmente o contágio atingiria seu pico rapidamente, os leitos de saúde seriam ocupados completamente, a classe trabalhadora e o povo pobre entraria em um colapso completo, cenas como as pilhas de mortos na rua vistas no Equador seriam comuns aqui. O sonho de Bolsonaro de torturar e ’matar uns 30 mil seria realizado, e morreriam muito mais que isso tendo em vista o sucateamento do Sistema Único de Saúde realizado por seu governo e pelos antecessores. Um verdadeiro assassinato em massa como política de estado.

Leia também: A aposta da imunidade de rebanho

Bolsonaro quer o mesmo, enquanto que parte dos capitalistas brasileiros temem a possibilidade de crise política que isto possa gerar. Estes mesmos capitalistas não fizeram nenhum esforço para combater a pandemia, e por esforço significaria dizer, reconverter a produção como é feito em períodos de guerra, para se produzir respiradores, insumos, testes etc. Não o fizeram pois tudo isto sairia mais caro do que deixar milhares de trabalhadores morrer. Ao contrário disso, os capitalistas brasileiros demitem aos milhões durante a pandemia, com milhões de trabalhadores caindo na informalidade. Junto a isso, o governo flexibiliza a CLT permitindo que milhões de trabalhadores tenham o salário cortado durante a quarentena.

A MP da carteira de trabalho verde-amarela unifica os supostos "racionais" e "irracionais", mostrando que a única divisão possível nesta crise de se fazer é a divisão de classes: trabalhadores e o povo pobre tem interesses diretamente opostos aos dos patrões - para uns ganharem os outros tem que perder, necessariamente. Um "Fora Bolsonaro" realizado pelas mãos da Globo e de Maia sem a participação do povo, ou das mãos dos militares que intervenham para controlar a crise, significa simplesmente uma divergência da forma de exploração da força de trabalho durante a pandemia.

Por isso, é necessário levantar uma saída independente dos trabalhadores, com Fora Bolsonaro, Mourão e os militares, defendendo que o povo que decida, com uma Assembleia constituinte livre e soberana para que o descontentamento com Bolsonaro não seja dirigido ela Globo e Maia ou pelos militares golpistas liderados por Braga Netto e Mourão.

Ao mesmo tempo, estas assembleia tem que ser organizada desde baixo, nos comitês de fábrica e de locais de trabalho. O trabalho forçado durante a quarentena deve ser abolido com o controle operário da produção, tomando fábricas, os transportes, mercados, hospitais e a produção do campo à serviço do combate à pandemia. Estes comitês é que devem decidir as medidas tomadas em cada local, bairro, empresa etc, assim como o funcionamento da economia durante a crise, funcionando como embrião da organização da sociedade pós coronavírus. O capitalismo provou, com a pandemia, que é incapaz de gerir seus recursos racionalmente - quer dizer, segundo a racionalidade dos trabalhadores.

Leia mais: Defender a classe trabalhadora para enfrentar a pandemia, o governo Bolsonaro e o capitalismo

A "racionalidade" dos capitalistas, ou seja, sua gana por lucro, é o que levou a que se sucateasse os serviços públicos, e chegássemos ao ponto de não ter leitos suficientes e pessoas morrerem durante a pandemia, assim como termos descobertas científicas que poderiam ser usadas contra a pandemia, e não o são por falta de investimento, por falta de interesse em salvar vidas. Bolsonaro representa apenas a verdade de toda a burguesia, fazendo apologia da morte dos trabalhadores que é intrínseca ao sistema capitalista.

 
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