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CORONAVÍRUS
Na Rocinha morre idosa com suspeitas de Covid-19 e seu corpo é impedido de ir ao IML lotado
Redação

A moradora da Rocinha Maria Luiza Santana do Nascimento (70 anos) faleceu nesta segunda-feira (30/03/2020) com suspeita de coronavírus na UPA da comunidade. Como se não bastasse lidar com a dor pela perda de sua ente querida, a família ainda sofre com o descaso que o governo do Estado os submete, tirando o direito dos familiares ao luto, impondo um prazo de 24h para retirar o corpo da unidade de saúde sem ao menos prestar nenhum amparo e informação sobre como proceder nesta situação.

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A morte de Dona Maria Luiza causou ainda mais dor com a postura em que a unidade de saúde da UPA submeteu a família. Tal atitude em estipular um prazo de 24h para que a própria família “se livre” do corpo, sem prestar subsídios ou orientações, o que expressa muito bem como o governo nos vê: como descartáveis. Segundo relatos de sua nora, o corpo não pode ser levado para o IML, pois o mesmo não está recebendo mais mortos com suspeita de coronavírus. Tal situação colocou os familiares de mãos atadas. O fato é que a família ainda convive com a incerteza sobre a causa de sua morte, pois o teste realizado do coronavírus enquanto Maria Luiza ainda estava viva sequer foi apresentado e não há previsão para sair o resultado.

Sobretudo, a suspeita assombra não só a família, como também os moradores locais da comunidade da Rocinha, pois se sua morte for confirmada, Dona Maria Luiza seria a primeira vítima do Covid-19 neste território. Os fatores que causam preocupação da população local é devido as condições precárias e qualidade de vida insalubre que podem propagar ainda mais a ampliação/contaminação do vírus em que os moradores de favelas e morros sofrem diariamente, onde na maioria dos casos falta água, saneamento básico e as casas são aglomeradas umas as outras, sem janelas para circulação do ar e entre outros fatores. A contaminação deste vírus já chegou em outras comunidades como Manguinhos, Parada de Lucas e Cidade de Deus, porém não vemos nos noticiários nenhuma medida eficiente contra o vírus pelo Estado.

Muitos dos casos dos doentes estão similares à de Dona Maria Luiza, que ao persistir os sintomas procurou a unidade de saúde e voltou para casa com o diagnóstico de gripe. A tragédia poderia sim ser evitada casos os procedimentos necessários fossem realizados de forma imediata e eficaz. Este desleixo com nossas vidas tem que acabar! Nós, trabalhadores, somos os que mais sofremos com esta pandemia por estarmos mais expostos ao vírus, seja pela falta de máscaras, luvas e álcool gel durante a jornada de trabalho como também por não termos acesso a testes que comprovem se estão ou não contaminados. Não são precauções individuais, são coletivas, para bem de nossas família, onde muito de nós compartilhamos nossos lares com pessoas classificados como grupo de risco (idosos e crianças).

É inadmissível sermos largados a mercê da sorte, sem amparo e nem direito à um atendimento médico de qualidade. Não somos nós, a maior classe que abrange esta sociedade, que devemos arcar com os resultados de inúmeros ataques dos neoliberais e o sucateamento na área da saúde durante o governo de Crivella. Não é o Witzel que irá salvar os moradores de favelas e morros, pois sua única intervenção neste locais foram as operações, que nada mais é do que mirar na “cabecinha” dos moradores, como dito pelo próprio governador do Rio de Janeiro.

Eles retiram nosso direito de ter uma vida digna e nos perseguem até a morte com suas medidas de retenção de lucros em favorecimento a reprodução das desigualdades sociais. Já que os patrões não olham por nós, tomemos as iniciativas ao combate desta guerra em prol de nossas vidas e de nossos familiares. Reivindiquemos testes massivos, unificação do sistema de saúde pública e privada, ampliação de leitos, laboratórios, respiradores, contratação de profissionais na saúde a fim de arcar com a sobrecarga de trabalho com os inúmeros casos de suspeita desta doença e prestação de subsídios para estes profissionais. Não é muito o que rogamos, é tudo nosso por direito. É nossas vidas que estão em jogo. Afinal, quanto vale uma vida?

 
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