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CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Marcos Pontes financia a pesquisa de empresas que pretendem lucrar com o Covid-19
Jean Barroso
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Depois de uma gestão que apenas cortou bolsas de pesquisa da CNPq e bolsas Capes durante o ano de 2019 inteiro, o ex astronauta Marcos Pontes segue adiante no projeto de acabar com a ciência e a pesquisa nacionais. O homem do fake Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações ficou marcado por uma gestão de desmonte da ciência, e implementação de um projeto ultra privatizante, que tem por objetivo financiar apenas pesquisas ligadas à grandes monopólios, em especial do agrobusiness.

Um mês atrasado desde que houve confirmação do primeira caso de coronavírus no Brasil, Marcos Ponte anunciou uma verba para pesquisas direcionadas ao combate contra o coronavírus. De R$ 100 milhões anunciados na manchete do Globo, no entanto, a realidade é que somente metade deste valor será destinado ao CNPq, sendo que de R$ 50 milhões anunciados para o CNPq, 20 viriam do Ministério da Saúde, o MCTIC entraria apenas com R$ 30 milhões. Os outros R$ 50 milhões do MCTIC se dirigiriam à Finep (Financiadora de Pesquisas e Estudos, empresa pública subordinada ao MCTIC).

No site da Finep, nota-se o a intenção por trás destes financiamentos: na chamada do edital "Ações emergenciais para enfrentamento do Coronavírus, em especial no tocante a Kits de Diagnósticos e Respiradores Mecânicos", de parceria da Finep com a Fapesp, R$ 20 milhões de verba pública são destinados para pesquisas voltadas para empresa privadas poderem produzir e comercializar testes, kits e respiradores no combate ao coronavírus.

Lê-se assim na chamada do edital:

Este Edital oferece recursos para apoio a atividade de pesquisa científica e/ou tecnológica para empresas que tenham conduzido pesquisas no passado que resultaram em novas tecnologias, processos, ou produtos inovadores no âmbito de projetos financiados pelo PIPE Fase 1, Fase 2 ou em projetos equivalentes conduzidos com recursos próprios ou de outras fontes. O presente edital, de Fase 3, contemplará projetos que pretendam desenvolver processos e serviços inovadores para que os produtos resultantes das pesquisas anteriores possam ser efetivamente inseridos no mercado em uma situação emergencial.

Quer dizer, enquanto pesquisadores da COPPE da UFRJ já projetaram um respirador para ser produzido em massa, enquanto na USP se produz o mesmo, e enquanto a Fiocruz produz testes que poderia ser colocados para uso em massa caso houvesse vontade por parte de Bolsonaro, Witzel, Doria, etc; Marcos Pontes, pelo contrário, escolhe financiar pesquisas para que empresas privadas lucrem com a vida e a morte das pessoas.

Leia também: Desprezadas por Bolsonaro, Universidades públicas são essenciais no combate ao covid-19

Não se poderia esperar nada de diferente do ministro ex astronauta que nada fez até então, a não ser sustentar a política de ataques às pesquisas, tendo enriquecido como garoto propaganda usando a imagem de astronauta brasileiro (de uma missão que também foi paga pelos cofres públicos, aliás).

Enquanto anunciava critérios bizarros que excluem as ciências humanas do incentivo à pesquisa, Marcos Pontes seguia, aliás, sua agenda de "merchan" (a mesma utilizada na venda dos famosos "travesseiros da Nasa"), ao ter dedicado um pronunciamento em homenagem à operadora Claro, como se pode ver abaixo:

Leia também: Universidades públicas estão produzindo testes, máscaras, álcool gel e pesquisa contra o coronavírus

Enquanto pesquisadores levam à sério sua profissão, estando grande parte destes nas Universidades públicas, Marcos Pontes, por outro lado, é a cara da chacota feita por Bolsonaro e pelos seus financiadores - do agronegócio ao terraplanismo e o "Olavismo cultural" - que apostam na volta do conservadorismo, numa moral anti-científica, mística e obscurantista. Foi assim que enquanto se produzia conhecimento nas Universidades, Bolsonaro deixava toda área de Humanas fora de prioridades para bolsas de pesquisa. E é assim que também as pesquisas ligadas à área de medicina, biológicas, engenharias e etc, também perdem qualquer autonomia de financiamento quando o governo decide fazer chamadas para produção ligada à empresas privadas, atrelando estas áreas aos interesses privados.

A ciência brasileira merece muito mais do que isto, é junto com ela que os trabalhadores podem de fato ter um plano de combate não só à crise sanitária do coronavírus como toda a crise capitalistas que a pandemia revelou, demonstrando muito rapidamente, por um lado, quem são os que fazem tudo funcionar, e, por outro, para o que as coisas funcionam: para o lucro, que submete os interesses comuns de todos à vontade de alguns poucos donos dos meios de produção.

O financiamento público das pesquisas aliado com o controle operário da produção poderia ser um enorme motor de combate ao coronavírus, produzindo dezenas de milhões de testes, respiradores, máscaras e equipamentos de proteção. Assim como, a estatização dos leitos privados e o submetimento de todos hospitais e empresas de saúde à um só sistema universal, controlado pelos trabalhadores, seria a única resposta série de combate à pandemia - que os grandes centros do capitalismo como os EUA, França, Itália, tem mostrado não conseguir combater.

 
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