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Greve geral na Itália pelo Coronavírus: “Nossa saúde acima dos seus lucros”
La Izquierda Diario - Argentina

O sindicato de base USB convocou uma greve geral para a quarta-feira, 25 de março. Greves espontâneas se multiplicam em todo o país, pelo risco de contágio em setores econômicos não fundamentais.

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“É a revolta dos trabalhadores. Das fábricase metais da Lomardia às de Piamonte, das siderúrgicas de Piombino aos altos fornos de Taranto, das empresas químicas e têxteis às empresas aeroespaciais e os estaleiros. Inclusive os construtores da nova ponte de Génova pedem um descanso. Greves e protestos espontâneos dos que se sentem reféns do trabalho, obrigados a desafiar o coronavírus enquanto o resto do país fica em casa.” (La Repubblica, 23/03/2020)

Itália é hoje o epicentro mundial da pandemia, com mais de 64.000 infectados e mais de 6.077 mortos, a metade dos quais faleceram na última semana. Neste contexto, e com quarentena imposta em todo o território, milhões de trabalhadores seguem saindo para trabalhar todos os dias, muitos em setores não essenciais, se expondo ao contágio no transporte público, em fábricas, oficinas e escritórios.

Enquanto a Cofindustria, que agrupa as patronais italianas, pressiona para seguir a atividade em muitos setores que não são vitais para enfrentar a pandemia, nem para garantir o abastecimento, a rebelião operária cresce e neste 25 de março se expressará com uma greve geral convocada por alguns sindicatos de base.

Em uma carta enviada ao governo, o sindicato USB sinalizava que haviam “esperado o anúncio das novas medidas restritivas com a esperança de escutar finalmente o bloqueio de todas as atividades produtivas públicas e privadas, exceto as que são efetivamente indispensáveis”. Mas, pelo contrário, encontravam por parte do governo e as patronais uma obstinação em manter abertas as fábricas e escritórios”.

“Os trabalhadores que se declararam em greve nos últimos dias são os primeiros a pedir o fechamento, expostos ao risco de contágio sem outra razão válida a não ser manter o negócio funcionando. O fizeram correndo risco de represálias de seus empregadores, mas convencidos de que não existe nada mais importante que sua saúde e que sua segurança corresponde à de toda uma comunidade”, explicam a partir da UBS.

Em seu comunicado também denunciam que a saúde pública tem se visto afetada nos últimos anos por repetidos cortes de pessoal e recursos, pelas privatizações e terceirizações: “A escassez de leitos, pessoal e equipe sanitária são alguns dos fatores que agravam o sofrimento e fazem imprescindível optar por parar as atividades para evitar o colapso definitivo e a impossibilidade de resgatar os doentes”.

O sindicato CISL, o segundo maior da Itália e de tendência mais conciliadora, se digiriu também ao governo exigindo medidas de fechamento de empresas não essenciais e ameaçam sesomar à greve do 25 de março.

Outros sindicatos de base, como o SiCobas promovem desde a semana passada promovem uma abstenção geral desde a semana passada no comparecimento aos trabalhos naqueles armazéns e fábricas não essenciais para o funcionamento da economia neste momento de pandemia. Especialmente na logística, onde tem mais peso sindical, vem se produzindo greves espontâneas, em setores que são muito precários e com uma forte presença de imigrantes.

A greve geral da quarta-feira (25) é uma ação operária extremamente progressiva, para que a classe operária intervenha com suas próprias forças nesta crise, partindo a reivindicação elementar de que “nossas vidas são mais importantes que seus lucros”. No entanto, frente à dimensão da crise atual, é necessário defender um programa para dar uma saída à crise de conjunto, sanitária e social, cuja resolução não pode ficar nas mãos dos que levaram a este desastre, desarmando a saúde pública nas últimas décadas e aumentando a precarização do trabalho.

Enquanto muitas empresas automotrizes ou metalúrgicas poderiam já estar reconvertendo sua produção para colocar todos os recursos à serviço de produzir respiradores, máscaras e outros insumos necessários em meio ao colapso sanitário, a Cofindustria defende a volta aos seus negócios “as usual”.

Por isso, como sinaliza este artigo do La Voce della Lotte de Italia: “Frente ao desastre ao qual nos levaram os capitalistas, é necessário demonstrar que são os próprios trabalhadores os que podem tomar todas as medidas necessárias: não somente do ponto de vista da segurança do emprego, contra as demissões massivas e a manutenção dos salários, mas também para proporcionar alimentos e recursos médicos para toda a população pobre, e não somente para uma minoria rica. Isso só será possível se se pode impor nos locais de trabalho um controle democrático de baixo para cima dos trabalhadores em uma tentativa de garantir e reconverter a produção para satisfazer as prioridades sociais: podem-se fechar todas as atividades não essenciais, pode-se garantir a segurança de todos que tenham que seguir trabalhando, pode-se converter o aparato produtivo segundo as necessidades extraordinárias de hoje… Se se estabelece um regime de controle dos trabalhadores de todo o processo”.

 
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