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Tensões Brasil e China: bolsonarismo mimetiza racismo de Trump sobre ’vírus chinês’
Gabriel Girão

Terça (17) à noite, Eduardo Bolsonaro fez um tweet comparando o coronavírus com o acidente de Chernobyl, o que causou uma resposta bem forte por parte da China.

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Desde o início da crise do Coronvírus, a posição de Bolsonaro já zigzagueou para vários lados: de negar o vírus a fazer live de máscara, indo aos atos pró governo e dizer que tudo era histeria da mídia, chegando a coletiva de imprensa de ontem.

No entanto, após os pronunciamentos de ontem, foi a vez de Eduardo Bolsonaro, o 03, ir em seu twitter para mostrar o total alinhamento do clã Bolsonaro a Trump, seguindo a linha do mandatário americano de dizer que o vírus “era estrangeiro” e “era culpa da China”.

Imediatamente, a ação de Eduardo gerou um grande repúdio da embaixada Chinesa, que publicou tweets bem agressivos contra o pupilo do presidente tanto em sua página oficial quanto na página pessoal do embaixador:

No marco da crise do Coronavírus, Trump se aproveita para avançar ainda mais em sua guerra comercial, que, como já demonstramos aqui no Esquerda Diário, longe de ser um delírio do presidente é um aspecto estratégico para a burguesia americana na disputa pela predominância econômica e tecnológica. Com a crise econômica desencadeada pelo Coronavírus, a tendência é que essas tensões aumentem.

Aqui no Brasil, desde a eleição fica evidente o alinhamento do “núcleo ideológico” do Bolsonarismo (que tem nos familiares de Bolsonaro os principais representantes) com os objetivos estratégicos de Trump. No entanto, diferente dos EUA, que ocupa o posto de principal potência imperialista, o Brasil é uma economia semi colonial e que tem como principal parceiro comercial justamente a China. Prescindir dessa parceria é impensável pra burguesia brasileira. Não à toa, tanto Rodrigo Maia quanto Mourão se apressaram em criticar a ação de Eduardo.

O próprio Eduardo Bolsonaro teve que ir no seu twitter se justificar, dizendo que “não ofendeu o povo chinês”, postura que foi seguida por Ernesto Araújo, ainda que mantivessem suas declaração.

Ernesto Araújo, ministro de Relações Exteriores, teve de se separar da afirmação de Eduardo Bolsonaro, porque a relação do Estado brasileiro com a economia chinesa é de grande dependência, e para o agronegócio é inegociável. Entretanto, celebrou a retórica trumpista, exigindo que o governo chinês se retratasse do insulto a Bolsonaro. A declaração do Itamaraty é um símbolo das "duas cabeças" que operam no governo diante da China.

No marco do debilitamento do governo com a crise do Coronavírus, que se encontra em estado febril, vai ser cada vez mais difícil manter esse alinhamento à política de Trump, ao mesmo tempo que a crise econômica vai gerar uma pressão cada vez maior do imperialismo americano para tal. Eventuais atritos com a China iriam ter resultados catastróficos para um cenário em que a economia brasileira cujo cenário para esse ano não é nada animador.

Ainda que as relações com a China desde que Bolsonaro assumiu tenham sido de um equilíbrio instável, as tensões nunca escalaram tanto ao mesmo tempo que o governo esteve tão debilitado. Por um lado isso mostra como os governos, frente a crise do Coronavírus, vem aumentando suas retóricas e medidas xenofóbicas, também mostra outras alas do regime tentam se mostrar mais “civilizadas” e “preparadas para governar” que o atual presidente. Essa ala, hoje liderada por Rodrigo Maia, que alinha atrás de si boa parte do Congresso, STF e conta com o apoio da grande mídia, aproveita as dificuldades justificado repúdio ao governo de extrema direita para se apresentar como saída. No entanto, foi essa ala que esteve na frente do Golpe Institucional – que culminou na eleição de Bolsonaro como filho indesejado, que aplicou brutais ajustes como a PEC do Teto de Gastos que tirou bilhões do SUS.

Por isso acreditamos que os trabalhadores e a juventude não podem ficar refém de nenhuma dessas alas. Apenas uma saída independente, que reverta toda a obra do golpe, tanto política e econômica e que dê uma resposta a favor das grandes maiorias populares pode reverter o atual quadro de calamidade sanitária e econômica que vivemos!

 
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