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CHILE
Estado de catástrofe no Chile: para Piñera a solução é militares nas ruas
Izquierda Diario - Chile
Redação

Piñera anunciou nesta quarta-feira em coletiva de imprensa o estado de exceção por catástrofe, determinando que os militares saiam às ruas. Entretanto, não tomou nenhuma medida em benefício do povo trabalhador enquanto aumentam os casos de Coronavírus.

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Até a noite de terça-feira, o Chile havia somado 37 novos casos de Covid-19, chegando ao número de 238 pessoas com corona virus.

Nesse marco o presidente Sebastian Piñera, decretou nesta quarta-feira o estado de exceção constitucional por ctástrofe que tem como medida central a possibilidade de estabelecer um tipo de toque de recolher e a saída dos militares às ruas para garantir o controle social e o abastecimento. Em contraposição com essa medida autoritária e repressiva, não anunciou nenhuma medida concreta quanto a saúde e a situação da população trabalhadora. Nada quanto aos milhões que têm que ir trabalhar, quanto ao pagamento de licença-saúde, tampouco quanto ao calamitoso estado do sistema de saúde.

A medida começará a ser aplicada a partir da meia noite desta quinta-feira, durará 90 dias e permitirá restringir reuniões em espaços públicos, limitar o transito e a locomoção e estabelecer quarentenas e toques de recolher.

“Os poderes permitidos por este estado de catástrofe e as medidas específicas que correspondam, se adotarão de forma progressiva, segundo a evolução deste vírus e serão informados oportunamente à toda nossa população”, explicou o presidente que assegurou que poderá dispor das Forças Armadas “como verdadeiras forças sanitárias” para colaborar no sistema de saúde.

“Este estado de catástrofe permite uma valiosa e necessária colaboração das Forças Armadas para enfrentar melhor esta crise e estabelece a designação de Chefes da Defesa Nacional, os quais assumirão o mando das Forças de Ordem e Segurança Pública nas zonas respectivas, zelar pela ordem pública e reparar ou precaver o dano ou perigo para a segurança nacional”, afirmou Piñera.

Ou seja, se trata de colocar à cabeça da gestão da crise os mesmos que têm as mãos manchadas de sangue pela brutal repressão, detenções e assassinatos ocorridos durante o toque de recolher ditado há menos de cinco meses no início da rebelião popular no Chile.

Nenhuma medida sequer a favor dos trabalhadores e o povo chileno

Este anúncio de Piñera se centrou mais na necessidade de garantir o abastecimento e o controle social mediante o uso do Exército que em explicar como vai prevenir realmente o contágio mediante medidas sanitárias.

Não se anunciou nenhuma medida chave para prevenir o contágio massivo. No caso dos testes, só estão sendo feitos 800 por dia. Nem sequer se estão usando a capacidade diária de 3.000. O governo evita realizar testes gratuitos para todas e todos os que estão em risco e o pedem para que não seja conhecido a magnitude do contágio. Se trata de uma política deliberada para esconder a grevidade da situação.

No caso da quantidade de leitos disponíveis, terça-feira havia sido anunciado um aumento de 4.000. Um número completamente insuficiente que faz que Chile tenha ao todo 2,4 leitos a cada mil habitantes. Um número que está abaixo de países como a Líbia. Enquanto isso, as clínicas privadas seguem ganhando milhões, mas não dispõe suas camas e infraestrutura.

Nem sequer há oferta gratuita de sabão, álcool gel e máscaras, materiais que deveriam ser básicos. Tampouco há licenças para trabalhadores que devam cuidar de seus filhos e filhas, proibição de demissões, paralisação de serviços não essenciais com manutenção dos salários, aumento das aposentadorias. Nada disso. Enquanto mantem mais controle, milhões usam o metrô com a possibilidade de contágio, e seguem abertos locais de trabalho que não são indispensáveis, arriscando a saúde dos trabalhadores.

Nesta situação calamitosa que Piñera fundamentou chamar os militares para as ruas. Seria para proteger a cadeia de logística, garantir que se respeite a quarentena, resguardar a cadeia de produção para assegurar bens e serviços e proteger as fronteiras.

Mas não há nenhum problema de segurança nos hospitais, nem na cadeia logística, nem no cuidade de transporte de pessoas neste momento. O problema está na falta de infraestrutura, e no perigo de fazer que milhões vão trabalham amontoados, expôr-los para o contágio do vírus. Tudo o que diz Piñera não requer que haja militares nas ruas.

Os militares não virão para ajudar o povo a prevenir o contágio e ajudar a saúde das e dos infectados. Estão para resguardar a ordem e fortalecer o controle sobre a sociedade.

Não é necessário militares nas ruas, é necessário medidas urgentes para proteger a saúde e vida da população, partindo da entrega imediata de testes gratuitos para todos e todas que queiram, distribuição gratuita de álcool gel, sabão e todos os insumos necessários que ajudem na prevenção; a centralização do sintema de saúde usando as clínicas privadas de forma gratuita em benefício do povo, nacionalizando as grandes clínicas e farmácias para dispor de forma imediata de toda a rede de saúde; paralisação das atividades de todos os serviços não essenciais, sem demissões e com garantia de salário integral assim como férias pagas aos que tenham que cuidar de seus filhos; aumento imediato das aposentadorias, entre outras medidas. É preciso impor impostos progressivos às grandes fortunas, e pôr estes recursos para um plano de emergência imediato.

É preciso defender a saúde da população, e pôr fim a esta saúde mercantilizada a serviço dos ricos, enquanto o povo trabalhador morre em consultórios e hospitais. Piñera defende os empresários, seus amigos e buscam usar os militares para fortalecer seu controle da população. O inimigo não é apenas o Coronavírus, mas também Piñera e seu governo.

 
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