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Coronavírus: os Estados dão milhões para salvar as grandes empresas
Redação

Em vários países centrais, os Estados anunciam pacotes de estímulo financeiro, auxílio à empresas e rebaixamento de seus impostos. Os empresários querem preservar seus lucros enquanto a população tenta sobreviver.

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O coronavírus se expandiu a nível mundial e estima-se que a economia se desacelerará. Vários Estados anunciaram medidas destinadas a salvar as grandes empresas. Diante da crise, quais medidas concretas haverá para os trabalhadores e para os setores populares?

A definição de Karl Marx no Manifesto Comunista sobre o Estado moderno é muito clara: “uma comissão que administra os negócios comuns da burguesia".

Nos Estados Unidos, o Governo propôs ao Congresso um pacote de estímulo financeiro de U$ 850.000 milhões, segundo confirmou o secretário do tesouro, Steven Mnuchin. Medidas que incluiriam ajuda às empresas e às companhias aéreas, e auxílios diretos à população.

Mnuchin anunciou que incluiria na proposta a redução da carga de trabalho para as empresas, ou seja, benefícios impositivos, segundo publicou o diário do The New York Times. Também haverá um auxilio de U$ 50.000 milhões para a industria das companhias aéreas. Esse mesmo setor solicitou subsídios, garantias de empréstimos e incentivos fiscais, além de auxílio financeiro para a indústria de cruzeiros. A Reserva Federal anunciou que comprará dívidas de curto prazo de empresas depois de anunciar a injeção de US $ 1,5 bilhão na semana passada e outros US $ 700.000 milhões no domingo através da compra de títulos públicos.

Enquanto isso, no Estado Espanhol, o presidente Pedro Sánchez anunciou nesta terça-feira (17) que 200.000 milhões de euros, quase 20% do PIB, serão destinados para combater os efeitos econômicos do coronavírus; e 100.000 milhões de euros serão disponibilizados às empresas. O Conselho também aprovou garantias adicionais de 2.000 milhões de euros para as empresas exportadoras.

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Na Itália, foram suspensos impostos e contribuições para empresas que faturam até dois milhões de euros. Além disso, haverá apoio especial aos setores mais atingidos, como turismo ou hotelaria, e haverá crédito para as empresas. Um pacote de 25.000 milhões de euros é calculado para o sistema econômico italiano.

Na França, o governo aprovou um pacote de resgate de 45.000 milhões de euros para evitar a falência de empresas, desse montante a maioria será usada para cancelar as contribuições à previdência social e os impostos. O ministro da Economia da França, Bruno Le Maire, afirmou que "não hesitarei em usar todos os meios à minha disposição para proteger grandes empresas francesas" e não descartou nacionalizações "se necessário".

Enquanto isso, o jornalista Martín Wolf, em sua coluna publicada no jornal Financial Times, declarou “na guerra, os governos gastam livremente. Agora também precisam mobilizar seus recursos para evitar um desastre. Pense grande, aja agora. Juntos ”. Wolf sugere que os estados se coordenem, não é hora de disputas. Mas a coordenação não é para melhorar a qualidade de vida da maioria que não tem acesso a água potável ou vive em condições de superlotação ou vive nas ruas, ou para os trabalhadores precários que certamente perderão seus empregos devido à crise, mas pretendem impedir que as empresas percam.

Esta ação não é nova. Na crise de 2008, após a falência do Lehman Brothers, bancos, empresas financeiras, seguradoras e algumas empresas foram semi-nacionalizadas, mas para os trabalhadores a vida foi terrível. Os Estados salvaram o capital financeiro com os fundos aportados pelos contribuintes (em sua maioria proveniente dos trabalhadores e setores populares), enquanto milhões foram deixados na rua devido a dívidas hipotecárias. Numa segunda etapa da crise, houve resgates das dívidas públicas de vários países que tinham credores nos grandes bancos dos países europeus mais fortes. Esses resgates aumentaram a dívida dos Estados, o que levou a mais ajustes (reformas, privatizações), cortes no orçamento, como na saúde, e ataques diretos aos trabalhadores.

As consequências brutais para a maioria da população estão à vista. Por exemplo, a Itália anunciou que, na região do Piemonte, devido ao "colapso da saúde", eles não podiam atender àqueles com mais de 80 anos que tinham "poucas chances de sobrevivência".

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Na Argentina, o presidente da FCA Automobiles Argentina, Cristiano Rattazzi, no meio da crise, sustentou que “haverá alguns que precisam de subsídios, mas ajudam as pessoas a ganhar dinheiro fazendo coisas úteis para eles e para o país. O coronavírus seria um momento épico que poderíamos tentar usar porque temos que tentar fazer algo diferente, porque dessa forma não vamos a lugar algum”. Pouco importa para o empresário se a população chega viva no final do mes, e muito menos como vivem. Quase 30% (segundo dados da UCA) não tem acesso a moradias adequadas tanto pelo seu material, pelo seu espaço ou disponibilidade de serviços sanitários, algo essencial para impedir a disseminação do Covid 19. Os capitalistas apenas visam seus lucros.

Uma saída da classe trabalhadora

As consequências da crise não podem ser descarregadas nos trabalhadores e nos setores populares. São necessárias medidas urgentes, como os Estados garantirem a distribuição gratuita necessária para que se detenha a infecção, centralizando todo o sistema de saúde, que inclua laboratórios, clínicas e hospitais privados, sob gestão pública e controle de trabalhadores e especialistas.

Proibição de demissões e licenças com salário de 100% para todos os trabalhadores, inclusive os precários ou imigrantes.

Temos que aumentar drasticamente os orçamentos para a saúde e a assistência social, sem pagar a dívida e aplicando impostos progressivos e extraordinários aos grandes capitalistas.

Estas são algumas medidas essenciais de um plano de conjunto para que as maiorias populares não voltem a perder frente a esta catástrofe que nos ameaça.

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