As marchas foram massivas. Somente em Berlim havia 5 mil pessoas em uma poderosa manifestação através de Neukölln, e também foram massivas as manifestações em Hamburgo e Munich.
Não só havia dor e raiva, mas também uma enorme combatividade. Em Berlim, se cantava contra a tese do "lobo solitário", apontando contra o governo e a responsabilidade do Estado em encobrir ou garantir a impunidade de grupos de extrema direita.
Algo comentado por muitos manifestantes é que esse ataque de Hanau é a continuidade das ações terroristas da direita dos anos 90 até hoje, de modo que a tese do "autor único" divulgada pela polícia e pela mídia foi enfaticamente rejeitada.
Pelo contrário, em muitos discursos no final das
manifestações foi enfatizada a incitação racista que vem dos próprios meios de
comunicação, a responsabilidade do governo com suas políticas xenofóbicas e
leis racistas e as relações obscuras entre a polícia, os serviços secretos e os
grupos da extrema direita.
Como foi revelado na época em que o grupo neonazista da NSU - que matou várias pessoas por uma década até 2011 - teve conexão com elementos do aparato estatal e forças repressivas, hoje pode-se dizer que o ataque a Hanau não é um caso isolado. Pelo contrário, é protegido pela impunidade de que gozam esses grupos e também contam com o crescimento de forças como o Partido Alternativo da Alemanha. E lembremos que há alguns dias, foi o próprio partido governista de Angela Merkel que procurou chegar a um acordo parlamentar com esse partido na Turíngia.
Em Berlim, Yunus Özgür, do grupo do RIO e correspondente da rede internacional Esquerda Diario, falou no final da marcha sobre a responsabilidade do governo pelo terrorismo racista e pediu para não confiar nos partidos do governo, mas para realizar mobilizações e greves conjuntas de todos os trabalhadores para lutar de maneira unificada contra o racismo e o terrorismo da direita.
Em Munique, Baran Serhad de RIO falou com 1.500 pessoas que se reuniram para homenagear os mortos no ataque fascista em Hanau: "Aqueles de nós que dizem: nunca mais fascismo, também devemos dizer: refugiados são bem-vindos!
As companheiras do grupo de mulheres Brot und Rosen (Pão e Rosas) e companheiras e companheiros da organização política Klasse Gegen Klasse (Classe contra Classe) também demonstraram com 5.000 pessoas em Berlim e dezenas de milhares em todo o país: “A única saída é nos organizarmos, mobilizarmos e exigir que se prepare uma grande ação dos sindicatos e organizações políticas contra a extrema direita”, explicou Andrés.
* Artigo baseado em informes de nossos correspondentes na Alemanha, Stefan Schneider e em um artigo publicado em alemão.
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