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“Barriga vazia não faz revolução", diz iFood, mas mal enche o prato da juventude que pedala
Vitória Camargo

Cinismo capitalista: consumidores do aplicativo iFood receberam a mensagem “Descansa militante. E toma um cupom para usar nesses restaurantes porque barriga vazia não faz revolução!”.

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A propaganda do iFood para vender cupons de desconto é expressão do cinismo capitalista.

A empresa, das mais conhecidas em meio às marcas de entrega por aplicativo, é um dos símbolos da superexploração da juventude, que pedala quilômetros diariamente, sem segurança e jornadas fixas, sob chuva e sol, com prazos curtíssimos, e não é considerada nem mesmo contratada pelo iFood. Não importa se esses jovens estão de “barriga vazia”, com mochilas pesadas, isso é o que lhes resta diante do desemprego, das reformas e da precarização do trabalho.

São inúmeros os exemplos de trabalhadores de aplicativos que se organizam por melhores condições, com atos e denúncias às empresas, e buscam responder a decisões como à da juíza que considera “romantismo” a noção de direitos trabalhistas e não considera seus vínculos como empregatício.

A cada dia mais, casos como o entregador cuja imagem viralizou nas redes sociais por se expor a severos riscos em meio a uma enchente em Belo Horizonte para completar sua entrega ou de Thiago Dias, entregador da Rappi que sofreu um AVC em meio ao expediente e foi ignorado pela empresa, deixando-o morrer, são cada vez mais comuns. Na Argentina, um trabalhador foi atropelado e a empresa, sem se importar, insistia em questionar o paradeiro do produto, deixando claro que, para os donos do mundo, seus lucros valem mais do que a vida da juventude.

Também o fato de essa empresa capitalista fazer propaganda falando em “revolução” é expressão da tentativa de canalizar a indignação de uma geração que vê suas condições de vida degradarem ao consumo. Dirigir-se a “militantes” que “fariam revolução” é parte dos perversos mecanismos ideológicos capitalistas que tentam esvaziar o conteúdo de ideias fortes e ainda assim lucrar com elas. Na era do “marxismo cultural” perseguido por Bolsonaro, as maiores inimigas da juventude buscam banalizar e transformar a ideia de “revolução” em nicho de mercado.

Não à toa, essa mensagem incomodou diversos usuários do Twitter.

A juventude e a classe trabalhadora precisam ter claro: para “encher a barriga” e também “fazer a revolução” (de fato) iFood, Rappi, Uber e as caras mais recentes da velha exploração do trabalho e profunda precarização da vida são grandes inimigos.

 
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