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Itaú e o procedimento do racismo padrão
Carolina Cacau
Professora da Rede Estadual no RJ e do Nossa Classe

Lorena foi ao banco sacar dinheiro de sua própria conta. O banco alegou que não era possível identifica-la, porque na foto de sua identidade, estava com o cabelo liso. Alegaram que era uma fraude e pediram para esperar. Todavia a funcionária não voltou mais e quem chegou foi a polícia.

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A denúncia acima é de Lorenna Viera. Ela foi ao banco sacar dinheiro e resolver questões da sua conta bancária. Os funcionários do Itaú Unibanco acharam suspeito uma mulher negra ter uma alta quantia de dinheiro na conta. O que era para ser uma ida ao banco quase se transformou numa prisão. Ela foi retirada do banco pela polícia, acionada pelos funcionários. O motivo: RACISMO, Lorena é uma mulher negra.

Uma história revoltante e absurda que escancara mais uma vez o racismo profundo na sociedade capitalista e a hipocrisia de grandes empresas que fazem propagandas com mulheres, negras e negros, LGBT’s, de empoderamento, enquanto lucram bilhões, apoiam os ataques dos governos, explorando milhares de trabalhadores e reproduzem o racismo em inúmeras situações como essa.

Lorena foi ao banco sacar dinheiro de sua própria conta. O banco alegou que não era possível identifica-la, porque na foto de sua identidade, estava com o cabelo liso. Alegaram que era uma fraude e pediram para esperar. Todavia a funcionária não voltou mais e quem chegou foi a polícia. Na delegacia 22ª DP (Penha), Lorena relata que foi desrespeitada, tratada com deboches, questionada várias vezes sobre qual era sua relação com Rennan da Penha. A empresária é companheira do DJ que passou meses preso injustamente, pela justiça racista por associação ao tráfico, por mensagens de alerta contra as operações policiais nas favelas.

Num país onde políticos brancos tem contas em paraísos fiscais pelo mundo, Lorena foi questionada porque acharam que as movimentações financeiras em sua conta eram suspeitas. Nesse mesmo banco o ex assessor de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, fez saques de R$ 661 mil em 18 meses. O mesmo banco que detém parte da nossa dívida pública, uma dívida que entrega de bandeja a produção da riqueza nacional às famílias multimilionárias como é o caso do Itaú que enriquece as custas do suor e sangue de mulheres brasileiras, em 2019, só no terceiro trimestre do ano lucrou R$ 7,15 bilhões.

Não é a primeira vez que uma pessoa negra é constrangida em um banco, são comuns os relatos de racismo de pessoas que não tem sua passagem. Em muitas lojas e estabelecimentos seguidos por seguranças, quando não são agredidos ou mortos sufocados, como o caso de Pedro no supermercado Extra. O procedimento padrão alegado pelo banco, mostra que o padrão da burguesia e do estado é tratar negros como suspeitos e criminosos, atirar primeiro, perguntar depois. Lucrar com nossa identidade nos comercias e revistas, enquanto destinam para nós os piores, mais precários e baixos salários.

O que ocorreu com Lorena, acontece diariamente com milhares de negras e negro, numa sociedade marcada de todas as formas por um racismo estrutural, as saídas não são portanto, o enriquecimento individual de um negro ou outro, mas a ruptura completa do sistema capitalista que alimenta o racismo como ferramenta para manutenção da miséria e exploração, enquanto nos empurra para as piores condições de vida. O banco Itaú mostrou como são as empresas capitalistas, de um lado se utilizam da nossa identidade, gênero e sexualidade de forma oportunista para lucrar e vender uma falsa imagem de defesa da “diversidade”, enquanto mantém práticas perversas com clientes e funcionários. O fato da Lorena ter muito dinheiro na conta e ser companheira de uma pessoa famoso, não impediu que ela tenha sido humilhada por ser negra. O capitalismo odeia os negros.

Nós do Esquerda Diário e Quilombo Vermelho nos solidarizamos com Lorena e sua família e nos colocamos a disposição para denunciar os cotidianos casos de racismo vividos nesse país. A luta contra o sistema capitalista e o racismo é o único caminho para que nós possamos viver livres e plenamente.

 
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