No começo da semana a Fiocruz de Pernambuco lançou uma carta pela declaração de emergência em saúde pública diante dos perigos decorrentes da exposição ao Petróleo que vem surgindo nas praias nordestinas deste o final do mês de agosto. Essa carta, disponível no site do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes) que é uma entidade nacional que tem como função a produção e divulgação de informações, conhecimentos e análises críticas em saúde a partir da reunião ativistas, lideranças, pesquisadores, professores, profissionais e estudantes, além de movimentos sociais, grupos e entidades da sociedade civil.
No decorrer da carta, os cientistas colocam que a situação da chegada massiva de óleo cru de petróleo no litoral nordestino é de extrema gravidade e configuram tal situação como de emergência ambiental e de saúde pública uma vez que coloca em risco a fauna e flora marinha e toda a população, além de comprometer o sustento das comunidades que tem a pesca como principal atividade econômica. Acrescentam que, apesar de não ser possível, ainda, saber quais são os componentes tóxicos na composição do óleo em questão, fazem uma previsão baseando-se na composição dos já conhecidos e que estes são resultado de mistura de substâncias químicas altamente nocivas aos seres vivos. Descrevem, ainda, que a maioria destes produtos químicos causam intoxicações de diferentes graduações (aguda e crônica) decorrentes tanto do tempo de exposição (pequeno, médio e longo prazo) quanto das condições de saúde da população e que, mesmo sendo em pequenas quantidades pode ser prejudicial à saúde.
No decorrer da carta os cientistas ainda alertam que a comunicação sobre os perigos e vigilância em saúde precisa ser realizada com embasamento, de forma clara e articulada com os grandes meios de comunicação, mídias sociais, instituições atuantes e população e que entidades como a Rede Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (RENAST) tem equipamentos em todo o Brasil – Centro Regional em Saúde do Trabalhador (CEREST) com equipes multidisciplinares para contribuição e orientação dentro da rede Sistema Único de Saúde (SUS), sendo de relevância que o SUS garanta o direito de atenção integral à saúde e de informação para sua proteção, por ser um direito constitucional.
Toda argumentação colocada é para defender que seja acionado todos os mecanismos relativos ao acontecimento de desastres no território nacional e que seja decretada situação de emergência em saúde pública em todos os Estados e Municípios atingidos pelo óleo.
Com isso, fica ainda mais escancarado o descaso do governo de extrema direita de Bolsonaro com a população que, para manter seu sustento atua como voluntária na limpeza das praias. É ainda mais absurdo declarações como a do Secretário de pesca do governo, Jorge Seif Júnior, feita nesta quinta (31) alegando que “O peixe é um bicho inteligente, quando ele vê uma manta de óleo, ele foge”.
Mesmo com todo este embasamento científico e somando-se com a confirmação do ministro da Defesa, Fernando Azevedo, no que alegou que o óleo pode chegar à região Sudeste, nada vem sendo feito para conter o vazamento, como o acionar o Plano Nacional de Contingência Para Incidente de Poluição por Óleo – PNC. Vazamento que, por sinal, voltam a aparecer em praias do Nordeste. Entretanto, a venda do nosso petróleo e pré-sal continuam sem maiores problemas.
Não podemos aceitar a negligência desse governo que não para de colecionar demonstrações de que está apenas a serviço do lucro de uma minoria e que fará tudo para tentar desviar os produtos da crise econômica, social e política criada por parcelas dessa mesma minoria sobre as costas dos setores populares e de trabalhadores. Precisamos tomar como exemplo a luta de classe no Chile, onde a força da classe trabalhadora unida a juventude possa criar um movimento capaz de responder todo este regime político que massacra a população e extermina o meio ambiente.
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