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CONTRA AS 330 DEMISSÕES NA UNICAMP
Diretor da Fundação da Unicamp discrimina terceirizados chamando de “esse tipo de funcionário”
Sagui

Miranda, diretor executivo da Funcamp, declarou que “concurso público, para dar conta da contratação desse tipo de funcionário, não é viável”, escancarando a divisão que faz entre efetivos e terceirizados, estes em sua maioria mulheres negras. Depois reafirmou: “não há a menor possibilidade de a universidade ter funcionários concursados para fazer esse tipo de atividade”. Faz tudo isso para justificar que 330 trabalhadores sejam demitidos na Unicamp.

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Como pode ser visto a partir do minuto 1h48 deste vídeo, João Baptista de Miranda, diretor executivo da Fundação privada de Desenvolvimento da Unicamp, afirmou durante a CPI das Universidades, na Assembleia Legislativa (ALESP), que o “concurso público, para dar conta da contratação desse tipo de funcionário, não é viável”, escancarando a divisão que faz entre efetivos e terceirizados, estes que recebem salários menores e trabalham em condições ainda mais precárias realizando atividades essenciais na universidade. Depois reafirmou: “não há a menor possibilidade de a universidade ter funcionários concursados para fazer esse tipo de atividade”.

Foi nessa ocasião em que anunciou que o contrato da nutrição, responsável pelo bandejão, copa e cozinha no campus, entre Funcamp e Unicamp, será extinto, levando, assim, à demissão de 330 terceirizados da Unicamp até o final de 2019. A reitoria, em seguida, posicionou-se esclarecendo à CPI que abrirá processo de licitação, já que esses contratos pela Funcamp já tiveram irregularidades apontadas pelo TCE em outros anos. Mas Knóbel não prestou contas aos trabalhadores com garantia dos postos de trabalho. Outros processos de licitação no último período significaram centenas de demissões na Unicamp.

Como viemos denunciando neste Portal, essa CPI da direita, de Dória e do PSL, significa um ataque à autonomia universitária, já que seus objetivos são justamente garantir que a crise seja descarregada nas costas dos trabalhadores, nas medidas de permanência estudantil e abrindo ainda mais espaço a planos privatistas. O discurso que a maquia é de combater o "mau uso do dinheiro público" e o "esquerdismo" nas universidades, quando quer entregá-las ainda mais aos lucros das empresas.

Entretanto, a reitoria da Unicamp, que nesta semana convocou uma assembleia universitária que reuniu milhares (sem a participação dos terceirizados que ainda tiveram de trabalhar mais nos restaurantes universitários) em defesa da autonomia universitária e da universidade pública, decide que 330 famílias serão lançadas à miséria do desemprego em meio ao governo Bolsonaro. No lugar de se apoiar na força da comunidade acadêmica que disse que quer se contrapor ao projeto da extrema direita na assembleia, vira as costas aos 330 trabalhadores, que ao longo de todos esses anos não reconheceu como trabalhadores da universidade. O discurso de Miranda é para justificar esse projeto, a serviço de dividir os de baixo e explorar ainda mais. “Esse tipo de funcionário” é tratado como se fosse descartável pela reitoria e pela Funcamp, que após anos de todo tipo de contrato, agora responde à CPI demitindo prontamente.

VEJA MAIS: Trabalhadores terceirizados que Unicamp quer demitir relatam condições de trabalho deploráveis

Ainda, poucas semanas após a odiosa fala de Miranda, a Unicamp foi anunciada como a segunda melhor universidade do país pela Folha, atrás somente da USP. Nesta universidade, o que Mirando chama de “esse tipo de funcionário” são os trabalhadores que todos os dias garantem o funcionamento da Unicamp a partir da limpeza, manutenção, segurança e servindo ao conjunto da comunidade acadêmica nos restaurantes universitários. São atividades essenciais, sem as quais a universidade não funcionaria, e que garantem a permanência estudantil com alimentação nesse centro de excelência. "Esse tipo de funcionário" tem raça e gênero e são em sua maioria mulheres negras, sujeitos à divisão e precarização das condições de trabalho que Bolsonaro e os golpistas querem aprofundar - e que foi já triplicada nos anos de governo do PT. Querem que sejam esses os trabalhadores a pagarem com ainda mais força a conta da crise.

Nós do Esquerda Diário repudiamos a fala de Miranda e chamamos a todos a impulsionar uma grande campanha contra as 330 demissões na Unicamp. Nós da juventude Faísca viemos levantando que todos os setores da universidade encampem essa batalha e fomos parte dos estudantes que, às centenas, fizeram um pula-catraca em defesa dos terceirizados. Chamamos as entidades dessa universidade (DCE, STU e Adunicamp) a construir uma grande campanha democrática por nenhuma família na rua que escancare que, se Knóbel quer defender a universidade pública como votou em moção, deve garantir todos os postos de trabalho, com os mesmos salários e direitos.

Além disso, é justamente contra essa lógica capitalista de precarização que divide a classe trabalhadora, que este Portal levanta que os terceirizados deveriam ser efetivados, sem a necessidade de concurso público pelas funções que historicamente garantem no país.

 
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