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EDITORIAL MRT
Lutar por todas as Ágathas
Diana Assunção
São Paulo | @dianaassuncaoED
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A imagem de Ágatha, das manifestações por justiça, do desespero de seu avô e familiares são cenas que não saem da cabeça, mas também não saem do cotidiano da população pobre e trabalhadora no Rio de Janeiro que convivem com um governador que tem como plano de governo uma política de extermínio, comemorando assassinatos como se fossem o final de uma partida de futebol e andando de helicóptero para acompanhar os tiros que vão assassinar mais inocentes - e depois serão somente balas perdidas. A maioria dessas balas perdidas são "encontradas" em corpos de pessoas negras.

Wilson Witzel é culpado, tem as mãos sujas de sangue e quer seguir com a mesma política, por isso sequer fez um pronunciamento diretamente. Depois de muita pressão, o governo do RJ emitiu nota oficial em que o governador teria considerado um "episódio trágico". Entretanto, é justamente esse "episódio trágico" que traduz de forma contundente a política desse governo com discurso proto-fascista: é para “mirar na cabecinha e fogo”, nas palavras do próprio governador. Ainda que estejam divorciados neste momento, Witzel e o clã Bolsonaro compartilham do mesmo ódio contra pobres e trabalhadores, especialmente negros. A quantidade de crianças assassinadas no Rio de Janeiro somente este ano é assombrosa, segundo dados do “Fogo Cruzado, seria a 16.

Dentro da escola, em kombis escolares, não há mais lugar pra se viver. Mas não sairemos das ruas, como disse uma das mães na manifestação no Complexo do Alemão no último sábado. É a força de muitas mães que são linha de frente da resistência no Rio à política de genocídio do Estado.

O caso Ágatha pode ser um novo emblema do sofrimento, do luto, mas também da revolta para alavancar um forte movimento contra os assassinatos por parte da polícia no Rio de Janeiro, que neste estado mais que em qualquer outro, é organizadora do crime organizado. O caminho para obrigar a que o Estado realmente investigue e puna os culpados é a mobilização. Os familiares e organismos de direitos humanos devem ter acesso à toda a investigação. Vamos até o final na luta por justiça para Agatha.

Essa luta precisa se ligar ao rechaço ao pacote "anti-crime" do Ministro Sérgio Moro e exigindo a saída imediata de Wilson Witzel e toda sua secretaria de segurança pública que são, todos eles, os responsáveis por essa verdadeira "pena de morte" decretada contra a população pobre no Rio de Janeiro com cor e endereço. Para isso, seria fundamental que as manifestações convocadas em vários estados do país sejam o mais massivas possíveis, em especial no Rio de Janeiro, coordenando essa luta com a resistência a todos os ataques a educação e aos direitos trabalhistas e de aposentadoria.

Que o movimento estudantil assuma essa bandeira como a central, assim como todos os sindicatos dirigidos pela CUT e CTB, os partidos de esquerda especialmente o PSOL, movimentos de direitos humanos, movimento negro e de mulheres, e que se construa um grande movimento contra a violência policial e seus assassinatos da população pobre e negra, em defesa da vida da população, porque as vidas negras e as vidas da favela importam.

Mas para lutar por todas as Agathas, precisamos lutar por emprego, educação e uma reforma urbana para dar perspectiva de vida para a juventude, só assim será possível dar resposta ao problema da violência social, ligando essa luta a um programa de emergência para parar com a chacina cotidiana, começando por acabar com o chamado “auto de resistência”, que é a desculpa que utilizam sempre pra assassinar a juventude. Lutamos pelo fim das operações nas favelas, pela indenização aos familiares dos assassinados e que todos os que os processos desse tipo sejam apurados por júri popular composto pelas comunidades, organismos de direitos humanos e sindicatos. Pelo fim dos tribunais militares e que os crimes policiais sejam julgados por júri popular, pelo fim dos privilégios dos juízes e que todo juiz ganhe igual a um professor e sejam eleitos pelo povo e pelo fim de todas as tropas especiais como o BOPE, a Tática e a Força Nacional, que são criadas para massacrar o povo pobre e as lutas. Pelo fim imediato das UPP.

Esta batalha deve ser encarada como continuidade da luta por justiça a Marielle, que é, ainda hoje, uma ferida aberta do golpe institucional. O enfrentamento a política racista e assassina de Witzel, mas também de Bolsonaro deve se dar de forma independente de todas as outras variantes burguesas que, com uma cara mais democrática, buscam manter uma ordem social onde os assassinatos e a violência policial encontram seu lugar. Somente confiando na auto-organização dos trabalhadores nos seus locais de trabalho, da população pobre nos bairros, do movimento estudantil nas escolas e universidades é que poderemos avançar para enfrentar essa situação agoniante e de desespero cotidiano para cada uma das famílias que vivem com medo permanente de que seus filhos não voltem mais das escolas.

O Esquerda Diário e o MRT estarão a serviço dessa batalha, participando de todas as manifestações e exigindo justiça imediata para Ágatha.

 
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