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SEMANACS 2019
Com a mesa: Um Brasil que não está no retrato, começou a Semanacs 2019
Redação

A Semana de Ciências Sociais (Semanacs) da Unicamp teve início nessa segunda-feira (26) às 19h, com a mesa “Um País Que Não Está No Retrato: justiça por Marielle”, que contou com a presença de Carolina Cacau, estudante de Serviço Social da UERJ, professora da rede estadual e militante do MRT, e Fabiane Medina, indígena doutoranda do IFCH no tema de feminismo e mulheres indígenas na Unicamp.

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O debate começou com Fabiane Medina, que pesquisa o feminismo entre mulheres indígenas, colocando a realidade de tribos na conjuntura atual do país. Pessoas que, historicamente, vivem esquecidas pelo governo, em condições desumanas e cruéis e que agora, diante de um governo de extrema-direita, são abertamente perseguidas, com discursos do presidente Jair Bolsonaro de desrespeito e ódio ao povo indígena, que inclusive declarou que não sobraria um centímetro de terra para as tribos. Fabiane coloca uma realidade onde 3 a cada 5 jovens comentem suicídio devido às condições precárias às quais são submetidos.

Logo depois, Carolina Cacau colocou em sua fala a realidade dos jovens negros que vivem no Rio de Janeiro, cidade que tem como governador Witzel (PSC-RJ) que da continuidade à intervenção brutal e assassina no Rio, que quebrou a placa de Marielle e ataca diretamente os jovens em seus discursos e práticas de extermínio da população negra. Além disso, o prefeito do Rio, Crivella, é associado à igreja Universal e é um fiel apoiador de Bolsonaro.

No último mês, a polícia de Witzel foi responsável pela morte de seis jovens em cinco dias, além de um bebê de apenas um mês que estava no colo de sua mãe. O governador já tinha dado algumas entrevistas anteriormente, em uma alerta aos moradores: "Não sai de fuzil na rua não. Troca por uma Bíblia, porque se você sair, nós vamos te matar". Entretanto, para o governo racista do governador do PSL, qualquer coisa nas mãos de um jovem negro pode ser confundida com um fuzil, inclusive um bebê, uma bíblia, um guarda-chuva. Além disso, uma granada foi lançada sobre a Cidade de Deus e Witzel ainda comemorou a morte de um sequestrador negro.

Esse ano, as mortes por assassinato no Rio de Janeiro atingiram um recorde que não se via nos últimos 20 anos. As políticas de extrema-direita trouxeram quase 900 mortes em menos de um ano de governo, causas das intervenções militares nas favelas. Curiosamente, nenhuma morte se deu nas áreas de milícias, em que diversas denúncias acusam da ligação dessas com o governo federal. Além disso, em 1 ano e 5 meses desde o assassinato de Marielle Franco, vereadora do PSOL, mulher negra, feminista e bissexual, ainda não se tem uma resposta de quem mandou matá-la. Bolsonaro, por sua vez, mostra sua relação com o assassinato mantendo relações próximas com milicianos envolvidos no caso da vereadora do PSOL, vizinho de um dos acusados, casado com parente de milicianos e com seu filho empregando familiares da milícia brasileira. Cacau coloca como conclusão da conjunta atual do Rio de Janeiro que a burguesia não consegue proporcionar uma vida decente à classe trabalhadora brasileira. Ao contrário, declara guerra aos cidadãos, uma guerra sangrenta e racista.

Dessa forma, a luta por justiça à Marielle é essencial. Uma luta na qual não pode haver confiança na polícia, como afirma Freixo, ou sentando com Janaína Paschoal de forma amigável, deputada pelo PSL, partido de Bolsonaro que já aprovou a reforma da previdência e a trabalhista para nos fazer trabalhar até morrer nas condições mais precárias. A oposição de esquerda precisa ter uma resposta ao nível dos ataques de extrema direita, que se mostram, mais do que nunca, brutais.

Em intervenção à mesa, a Faísca, juventude anticapitalista e revolucionária, colocou como questão o seguinte questionamento: “O Brasil vive o mito da democracia racial e esse mito é questionado no governo Bolsonaro, esse questionamento seria à direita? É quase uma dialética, ao mesmo tempo que o próprio Bolsonaro fala que todos somos brasileiros, defendendo o cidadão de bem e nega a questão racial, ele tem diversas falas contra os negros e indígenas, mostrando que o negro e o indígena não se adequa a esse modelo de cidadão de bem. Como se coloca essa questão e como combater esse ideia sem cair na reafirmação da democracia racial, ligando isso a uma questão de classe.”.

A questão racial no Brasil não pode ser separada da luta de classes, uma vez que a classe trabalhadora é, em sua maioria, de negros e mulheres. Cada dia mais se tem uma política que exclui os negros e os indígenas da sociedade, com práticas de extermínio e outros ataques brutais, como a reforma da previdência, que força os trabalhadores a trabalharem ate morrer, os cortes na educação e o Future-se, que busca a maior mercantilização da educação e da pesquisa nas universidades públicas. Dessa forma, é indispensável um plano de lutas efetivo por parte da oposição de esquerda que se coloque contra esse governo de práticas racistas e assassinas, com uma saída radical à esquerda.

Confira a fala de Carolina Cacau aqui:

 
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