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JUSTIÇA AO LADO DA VIOLÊNCIA POLICIAL
Juiz questiona 1.500 cartas de crianças e diz que podem ter sido encomendadas pelo tráfico
Redação

Numa odiosa declaração, o presidente do TJ colocou em questionamento 1.500 cartas escritas por crianças da Maré pedindo o fim da violência policial em sua comunidade. Segundo ele, poderiam ter sido encomendadas pelo tráfico ou por milicianos.

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Foto: Imagem G1

O governo de Witzel conseguiu tornar a polícia carioca ainda mais assassina, com a morte de seis crianças em cinco dias pelas mãos de seus agentes.

Diante desse cenário aterrador, 1.500 crianças da Maré escreveram cartas pedindo o fim da violência policial em suas comunidades, com desenhos e textos que ilustram o terror a que o Estado e os governos de Crivella, Bolsonaro e Witzel vem submetendo essas famílias cotidianamente.

Diante dessa manifestação por parte da população da Maré, o presidente do Tribunal de Justiça do Rio, Cláudio de Mello Tavares, deu uma resposta cínica e revoltante: colocou em questão a veracidade das cartas. Em uma declaração à imprensa, ele disse:

"O juiz da causa tem que analisar se aquelas cartas realmente foram feitas pelas crianças, se não foram encomendadas, se não há algo por trás disso, se realmente é a sociedade da Maré que está clamando para que isso pare, para que essa violência pare. Se realmente é a sociedade da Maré, se é ela que está realmente clamando para que isso pare, para que essa violência pare".

Ele também defendeu o que vê como os "bons resultados" da matança policial: "Temos que olhar o outro lado também da sociedade, onde várias investidas da polícia resultaram em várias prisões, em vários armamentos, como fuzil, apreendidos. E várias toneladas de drogas apreendidas."

E, indo além, insinuou que as crianças podem não estar sendo "prejudicadas" pela barbárie que matou seis apenas nos últimos dias, e podem ter sido instruídas por traficantes e milicianos para escrever as cartas: "Temos que saber realmente se estão sofrendo esse tipo de grave ameaça; se as crianças estão sendo realmente prejudicadas; se a investida está contrariando o direito do cidadão que lá reside, ou se a polícia está agindo de forma legal. (...) Eu acho que nós precisamos investir, ou melhor, investigar, nós não podemos simplesmente ’ah, porque uma criança escreveu uma carta e fez um desenho’... Foi a criança que fez a carta e o desenho? A mãe está apavorada? Ou algum traficante ou algum miliciano fez com que ela fizesse isso para fazer com que a polícia parasse de agir como está agindo, com rigor?"

É um escândalo, porém infelizmente em nada surpreendente, que a justiça venha a público colocar em questionamento o legítimo desespero dessa população que está sendo barbaramente reprimida e sujeita a todo tipo de ameaças às suas vidas por parte da polícia. É mais uma demonstração de que o judiciário se coloca ao lado da polícia e dos governos de extrema-direita para aprofundar cada vez mais a repressão contra a população negra e moradora das favelas no Rio.

 
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