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EDITORIAL MRT
Desafios da esquerda no Brasil e na Argentina para enfrentar a direita e seus ataques
Mateus Torres

Essa semana é decisiva para que a esquerda, os trabalhadores e a juventude possam superar os entraves das direções majoritárias do movimento de massas (PT e PCdoB) para transformar o dia 13 de agosto em um forte dia de luta, batalhando por milhares de assembleias em todo o país, que não estão sendo organizadas e são fundamentais para que ocorram atos massivos e que o dia 13 seja parte de um verdadeiro plano de luta contra os ataques. Alguns dos dilemas que são necessários superar na esquerda brasileira são parte dos avanços que a esquerda argentina teve e que neste domingo vão estar em jogo nas eleições primárias.

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A conjuntura nacional pós aprovação em primeiro turno na Câmara da Reforma da Previdência foi marcada por mais elementos reacionários. Particularmente o fato de que esta tenha sido aprovada por ampla margem encorajou Bolsonaro e Moro em avançarem em medidas autoritárias, se apoiando nas suas alas aliadas no Judiciário. Algumas alas do golpismo, como alas “não Lava Jato” do STF e Rodrigo Maia, tentam se apresentar como quem “freiam os excessos” de Bolsonaro e Moro no terreno político, mirando as eleições de 2020, mas não devemos nos enganar porque estão juntos passando ataques econômicos duríssimos como a Reforma da Previdência e seguem sendo os mesmos inimigos dos trabalhadores e da juventude que construíram este país que levou Bolsonaro ao poder.

Mas os elementos reacionários não estariam se incrementando em tal medida e configurando uma conjuntura onde a disputa se dá entre direita e extrema direita sem que houvesse a contribuição das direções majoritárias do movimento de massas, o PT e PCdoB, como a direção da CUT e da CTB e da majoritária da UNE. Eles se negaram a impulsionar qualquer plano de luta sério e deixaram a Reforma da Previdência avançar até aqui praticamente sem luta, enquanto seus governadores negociavam “pontos da reforma”. A estratégia do PT e PCdoB se limita a torcer para que alas do golpismo “limitem excessos” de Bolsonaro, apostar na estratégia meramente parlamentar na oposição aos ataques e na expectativa de que Glenn e a Vaza Jato “salvem o país” com seus vazamentos. Isso tudo sempre em meio a muitos discursos para se posicionar como oposição para as próximas eleições.

De fato, a única oposição consequente e ativa que se expressou ao bolsonarismo foi o movimento estudantil, que reagiu massivamente nas ruas no 15M e 30M aos cortes na educação. Agora, o movimento estudantil está frente a um novo desafio com o anúncio do Future-se, que é um plano de avançar em larga medida no processo de privatização das universidades federais. Essa força social é a que tem potencial para mudar a conjuntura e impactar na construção de uma unidade na luta contra os ataques à educação, contra a Reforma da Previdência e o avanço do autoritarismo, mas para isso não se pode deixar os rumos do movimento nas mãos do PT e PCdoB.

Unir forças para que o movimento estudantil volte a pesar na cena política neste dia 13

A mobilização do dia 13 de agosto foi convocada pela UNE, por setores da educação, e teve adesão tardia e passiva de outros setores como a CUT, que declararam apoio e que será também um dia de luta contra a Reforma da Previdência. Apesar do pouco peso que essas direções majoritárias estão dando na construção deste dia de luta, é fundamental unir forças de todos aqueles que se colocam no campo à esquerda do PT e PCdoB, como o PSOL e outras correntes como o PCR e PCB que no movimento estudantil dirigem uma série de entidades, para pesar como um fator real na base para que a mobilização do dia 13 de agosto seja massiva e que levante de maneira unificada a luta contra o Future-se, os ataques à educação, a Reforma da Previdência e as medidas autoritárias.

Não podemos ficar numa expectativa passiva de que a direção majoritária da UNE (PT e PCdoB) e suas respectivas centrais sindicais, a CUT e CTB, mobilizem ativamente. No 15M e 30M não fizeram mais do que agendar uma data no calendário, separada da luta contra a Reforma da Previdência, inclusive em datas separadas como foi o 14 de julho. O que se mostrou ali foi a disposição de luta da base estudantil surpreendendo as direções e apesar delas, e é onde entra o papel dos setores à esquerda das direções oficiais para buscar potencializar.

Nós do MRT, junto a independentes da Faísca, juventude anticapitalista e revolucionária, como parte dos setores de oposição na UNE, e com o Esquerda Diário, colocaremos todos nossos esforços para este objetivo. Daí o papel fundamental da unidade das forças que se colocam no campo à esquerda dessas direções, batalhando em primeiro lugar para que sejam organizadas milhares de assembleias em todo o país, o que é uma exigência que os que se colocam à esquerda das direções majoritárias deveriam colocar peso neste momento, como parte da batalha para que o dia 13 seja um forte dia de luta, mas também que não seja mais uma data separada de um plano de conjunto.

Avançar em batalhas desse tipo, que constroem uma esquerda de independência de classe e com uma estratégia baseada na luta de classes, é uma batalha que damos não somente no Brasil, mas internacionalmente, e a esquerda argentina traz importantes lições de como se pode avançar nesse sentido.

A importância da eleição argentina para a esquerda brasileira

Em um mundo marcado pela guerra comercial entre EUA e China, a América do Sul é um importante terreno de disputa entre estes atores, com a Venezuela sendo um foco e o Brasil tendo sido uma conquista importante do trumpismo, com a eleição de Bolsonaro, que junto a Macri são aliados na região. A União Europeia entrou nessa disputa com o acordo com o Mercosul, que ainda está em negociação, mas foi vendido por ambos governos como uma vitória importante.

Brasil e Argentina tem não somente uma economia bastante vinculada, mas Bolsonaro e Macri atuam em comum buscando construir uma tríplice dependência com cada um dos blocos econômicos, para colocar nossos países em uma maior semi-colonização e transformá-los ainda mais em parte das “fazendas do mundo”. Nesse sentido, as eleições argentinas têm importância estratégica não somente para as grandes potências, mas também para a esquerda e a classe trabalhadora de outros países, em especial do Brasil. Nessa batalha, não é alternativa para construção de uma resistência a estes intentos imperialistas repetir a conciliação de classes com o kirchnerismo e sua chapa presidencial com Cristina Kirchner de vice junto à ala direita do peronismo com Alberto Fernández, que já declararam que vão seguir subordinando o país ao FMI e ao imperialismo.

A esquerda argentina avançou na construção de um polo político de independência de classe, como alternativa pela esquerda ao kirchnerismo, com a Frente de Esquerda e dos Trabalhadores (FIT, na sigla em espanhol), que tem mais de 40 parlamentares nacionalmente e é encabeçada pelo PTS. Um diferencial importante do que avançaram no nosso país vizinho é de construir uma esquerda que não separa a luta parlamentar da luta de classes e da batalha contra as direções majoritárias e burocráticas do movimento de massas que sempre querem canalizar tudo somente para as eleições e para a conciliação de classes.

Essa alternativa política que se construiu nos últimos anos ampliou-se nesta eleição com outras forças para além do PTS, Partido Obrero e da Izquierda Socialista, incorporando na FIT-UNIDAD outros setores como o Movimiento Socialista de los Trabajadores, e concorre novamente nas eleições presidenciais com Nicolás del Caño, deputado federal do PTS, para presidente.

Neste domingo são ainda as eleições primárias, onde se escolhem os candidatos para a eleição oficial, mas é crucial que se fortaleça essa alternativa de independência de classe, que tendo uma boa votação é um importante sinal para o imperialismo e a burguesia nacional que os ataques não vão passar sem resistência. Que a FIT tenha se consolidado como força política nacional, ainda que minoritária, mostra como é possível dar passos sólidos na construção de uma esquerda ligada à luta de classes e anti-imperialista, como tarefa preparatória para ganhar peso em setores de massa quando surjam momentos futuros de radicalização.

O MRT, que impulsiona o Esquerda Diário no Brasil, é parte da Rede Internacional de diários de esquerda, que tem na Argentina sua maior projeção. Chamamos nossos leitores a acompanhar pelo nosso site a campanha do PTS e da FIT-Unidad e a colaborar na nossa campanha financeira do Esquerda Diário, para fortalecer a luta contra a extrema direita desde uma perspectiva revolucionária, que depende da colaboração dos nossos leitores.

 
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