Bolsonaro segue em sua guerra contra dados e fatos. Depois de questionar os métodos de pesquisa do IBGE para o desemprego, vetar a divulgação de um estudo da Fiocruz sobre o uso de drogas, agora o alvo de Bolsonaro são as estatísticas em relação ao desmatamento, consideradas por ele sensacionalistas, levando a exoneração do diretor do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Ricardo Galvão.
Os dados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) mostraram que aumentou o desmatamento em 88% na comparação com julho do ano passado. Bolsonaro afirmou que os dados do instituto foram para "espancar" e atingir a imagem do país. Segundo o presidente, "os dados foram lançados num momento em que o Brasil dá sinais claros de que vai reparar sua economia", num plano de tentar enganar e encobrir o absurdo desmatamento da maior floresta do mundo.
Uma nota em resposta do INPE declarou que os levantamentos e dados do instituto são de qualidade e dizem prezar pela honestidade, excelência e transparência cientifica. Galvão em entrevista a Folha de São Paulo no dia 21/07, defendeu o instituto e disse que poderia até ser demitido, mas não se pode atacar o INPE. Outra declaração do diretor ao Jornal Nacional no dia 20/07, foi que "ele [Bolsonaro] tem um comportamento como se estivesse em um botequim. Ou seja, ele fez acusações indevidas a pessoa do mais alto nível da ciência brasileira, [...] Isso é uma piada de um garoto de 14 anos que não cabe a um presidente fazer."
Declarações essas que fizeram com que se reunisse hoje (02/08), com o ministro Marcos Pontes e depois de algumas horas, falou, que a exoneração foi porque "causou constrangimento ao presidente Bolsonaro. Diante do fato, a maneira como eu me manifestei com relação ao presidente, criou-se um constrangimento insustentável. Então serei exonerado."
A exoneração ocorre depois de críticas reiteradas do presidente Jair Bolsonaro e do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, ao INPE nas duas últimas semanas por dos dados que apontaram alta no desmatamento durante seu governo, o que vão contra sua política de verdadeira devastação ambiental.
O desprezo de Bolsonaro pela floresta amazônica, vista por ele como obstáculo ao desenvolvimento econômico, chocam o mundo que ameaça a retirar o envio de verbas bilionárias do Fundo Amazônia, que custeia políticas de preservação do meio ambiente. Além disso, os dados sobre a Amazônia, revelam a sua política entreguista e privatista que favorece os latifundiários, as mineradoras em detrimento do meio ambiente e das populações indígenas e quilombolas. Como reafirmou em seu desejo de legalizar o garimpo em terras indígenas.
Apesar de o desmatamento, degradação, grilagem e garimpo se intensificarem nesse governo, essas práticas nunca (nem nas gestões do PT) foram fortemente inibidas de forma a proteger de fato terras indígenas e o meio ambiente. A única forma de se avançar por uma política de responsabilidade ambiental é lutando também pela transformação radical das relações agrárias, econômicas, políticas e sociais, colocando as terras, a indústria e o sistema financeiro e político a serviço da maior parte da população, e não mais em função do lucro de meia dúzia de indivíduos capitalistas.
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