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VAZA JATO
Novos vazamentos comprovam relações de Dallagnol com empresários donos da dívida pública
Rafael Barros

No último dia 26 de junho, o portal The Intercept publicou novo texto da serie de vazamentos envolvendo Sergio Moro e Deltan Dallagnol. Dessa vez, o 13º texto da Vaza Jato desnuda a relação do procurador do MPF, uma das cabeças da Lava-Jato, com os principais grupos de investimento e bancos estrangeiros, que por curiosidade são os mesmos que detém direitos de venda e compra dos títulos da Dívida Pública brasileira.

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Nas últimas semanas o The Intercept já havia divulgado material que mostrava o desenrolar do plano de Deltan Dallagnol em lucrar com palestras e congressos para grupos privados, como forma de capitalizar seu “sucesso” com a operação Lava-Jato. Os vazamentos mostraram a articulação entre MPF, e ministros do STF como Fux, em relação direta com as esposas de Dallagnol e outros procuradores, com grupos como a XP Investimentos, e o grupo que gerenciava as paletras de Deltan, a ‘Star Palestras”.

O último vazamento de mensagens vai mais fundo na gravidade dos fatos, e ajuda a desnudar algo que viemos denunciando nas páginas do Esquerda Diário desde 2015: A clara ligação da Lava-Jato, do MPF e das ofensivas de Sergio Moro com os principais bancos e grupos de investimento das potencias imperialistas, e as intenções da Lava-Jato em desmontar as estruturas e esquemas vigentes das “global players” brasileiras, e assentar o caminho da entrada do imperialismo na economia do Brasil.

As mensagens vazadas mostram uma troca de conversas no aplicativo Telegram, entre Deltan Dallagnol e Débora Santos em 2018, que se apresenta como “consultora/ analista de política e judiciário”. Debora convida Dallagnol, em nome da XP investimentos, para um “bate papo” com investidores brasileiros e estrangeiros em SP. “Seria um público mais seleto. CEOs e tesoureiros dos grandes bancos brasileiros e internacionais”, segundo ela. Na lista dos convidados do evento estão: representantes dos bancos e grupos de investimento norte-americanos JP Morgan, Morgan Stanley, Goldman Sachs, Merril Lynch, Citibank e State Street; dos ingleses Barclays e Standard Chartered; do chinês Nomura; dos suíços Credit Suisse e UBS; dos francêses BNP Paribas, Natixis, Societe Generale; do alemão Deutsche Bank; dos brasileiros Itaú, Bradesco e Santander, além de outros banqueiros da Australia, Canada e Escócia.

Em suma, um convite para um “bate papo” com os principais parasitas da economia internacional e nacional. Uma corja de banqueiros que chefiam os saques aos cofres públicos dos países semi-coloniais com as impagáveis dívidas públicas e dívidas externas. Só faltou o bate papo contar com representantes do FMI (Fundo Monetário Internacional), mestre em sufocar economias, como vem fazendo com a argentina, em nome de ajustes e ataques aos trabalhadores. A representante da XP investimentos ainda frisou para Dallagnol que o ministro do STF, Fuz, já havia também sido convidado, e que eles buscavam agendar com Barroso e também com Alexandre de Moraes. Junto com isso, um dos fatos mais absurdos é a garantia que ela dá a Deltan de que nada sairia na imprensa, assim como quando Fux havia comparecido nada havia sido divulgado. “Esse bate-papo é privado, com compromisso de confidencialidade” diz ela. Um compromisso entre, no caso, uma das duas principais cabeças da Lava-Jato e toda uma gama dos principais capitalistas internacionais que usavam da Lava-Jato como mecanismo para avançar sobre a economia brasileira.

Dallagnol, nas mensagens divulgadas, pergunta o caráter do “bate-papo” entre os parasitas do setor financeiro, e Debora Santos o responde, explicando que a XP organiza essas conversas privadas, com “atores do mercado para fazer análises conjunturais sobre temas da atualidade” e que a presença de Dallagnol se colocaria “nesse contexto do ciclo de debates sobre eleições, lava jato e conjuntura política em 2018”.

A XP se recusou, evidentemente, a reconhecer a existência de tais eventos. Barroso e Alexandre de Moraes não deram declarações sobre os vazamentos.

O que já denunciávamos a anos: a Lava-Jato estava a serviço do avanço imperialista no Brasil

Esta nova leva de mensagens reveladas pelo The Intercept coloca a público comprovações da relação da Lava-Jato com importantes grupos financeiros das potencias imperialistas. Vale ressaltar que dos grupos citados pela representante da XP Investimentos nas mensagens, pelo menos 6 são parte do seleto grupo que detém direitos de compra e venda dos títulos da Dívida Pública brasileira. Os credores da dívida citados na matéria são Goldman Sachs, Merryl Lynch, Credit Suisse, Itaú, Bradesco e Santander.

Fica mais amostra ainda não só os interesses de Deltan Dallagnol e Sergio Moro, que sabemos que foi treinado pelo Depto. de Justiça dos EUA, mas destes grupos financeiros que controlam praticamente toda a economia mundial. Afinal eram (e são) eles os principais interessados no projeto de país do golpismo institucional, de reformas contra os trabalhadores, de retirada de direitos trabalhistas, privatizações e ajustes, em nome de pagar a Dívida Pública do Brasil, que suga quase metade do orçamento da União direto para o bolso destes banqueiros. É deles o interesse que moveu a operação Lava-Jato desde seu início, de abrir espaço para a entrada do capital estrangeiro no Brasil, com todos estes ataques, para que os investimentos cheguem num país arrasado por reformas, e para que os imperialistas possam explorar das formas mais brutais possíveis a classe trabalhadora brasileira.

Se por um lado é muito fundamental nos atentarmos ao conteúdo completamente absurdo que as mensagens divulgadas pelo The Intercept revelam, por outro também é muito importante termo atenção também aos limites do próprio discurso do The Intercept. A linha editorial do jornal é bem clara em demonstrar que o problema todo está concentrado num núcleo duro de figuras que deturparam o “combate a corrupção” da operação Lava-Jato. Como se a operação cumprisse realmente algum papel de combate aos esquemas de corrupção em seu início, e que teria sido deturpado ao longo do caminho pelas ações de Moro, Dallagnol e seus fieis seguidores na PF e MPF. E é fundamental que tenhamos claro que a Lava-Jato tinha interesses muito bem definidos desde seu início, e que estava ligada ao imperialismo da cabeça aos pés. Desde o seu início, dizíamos que o interesse da Lava-Jato não era se livrar da corrupção, mas sim tirar do cenário os esquemas de corrupção com a cara da Odebrecht, JBS e do PT, para colocar em seu lugar novos esquemas, com a cara e os interesses do capital imperialista dentro do Brasil.

O discurso do The Intercept, dessa forma, acaba por tentar relegitimar a Lava-Jato, e a separando de Moro e Dallagnol, como se essa separação fosse possível. E não é, pelo simples fato de que a operação Lava-Jato cumpriu um papel, desde seu início, em abrir o espaço do projeto golpista de país, pelas mãos do fortalecimento da arbitrariedade do judiciário e deum crescente autoritarismo no Brasil, para atender a esses interesses do imperialismo. Não é atoa que vemos no Brasil agora a aprovação da Reforma da Previdência, e a pressão das potencias europeias (com o acordo EU-MERCOSUL) e dos EUA por mais ajustes no Brasil.

Não podemos nos curvar ao avanço do autoritarismo do judiciário, que teve início com a entrada em cena da Lava-Jato como atora central do golpe institucional. Afinal, é este mesmo avanço de autoritarismo, tanto no STF com suas decisões arbitrárias, como a proscrição de Lula na eleição em 2018, quanto na figura de Sergio Moro, que deu a sentença para a prisão arbitrária de Lula, que permite com o que o agora ex-juiz e Ministro da Justiça avance ainda mais, e se use da prisão dos supostos hackers para divulgar uma portaria que permite facilitar a prisão de estrangeiros no Brasil, como forma de atacar, num primeiro momento ao The Intercept e a Glen Greenwald, mas de fundo, a avançar nos ataques e na aplicação de seu autoritarismo contra toda a classe trabalhadora e contra toda a juventude.

 
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