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REFORMA DA PREVIDÊNCIA
Líder da oposição relativiza derrota e reafirma necessidade de uma Reforma da Previdência
Redação

Alessandro Molon (PSB-RJ), que lidera bloco parlamentar de oposição com PT, PCdoB, PSOL e REDE, fez coro com argumentos do governo Bolsonaro para roubar a aposentadoria do povo trabalhador: defendeu a necessidade de uma reforma, de que o trabalhador deve se aposentar mais velho do que nas regras atuais, e protegeu parlamentares que votaram favoráveis à proposta de Bolsonaro e Maia na Câmara.

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Foto: Reprodução/YouTube

O líder da oposição deu uma entrevista ao jornal Folha de São Paulo após a votação da Reforma da Previdência em que deixou claro que a perspectiva da frente ampla parlamentar não era a de derrotar o roubo das aposentadorias, que vai nos fazer trabalhar até morrer, mas de retirar “pontos mais sentidos”. Não à toa o próprio partido de Molon, o PSB, entregou 11 votos favoráveis à reforma de Bolsonaro e Maia, numa demonstração cabal dessa estratégia de mera atenuação.

Sobre a necessidade de uma Reforma, Molon afirmou, fazendo coro com argumentos de banqueiros e grandes empresários: “Criou-se, ao longo desses dois anos e meio, três anos de debate sobre o tema, um consenso no país sobre a necessidade de uma reforma. A oposição não questiona esta necessidade, o que nós procuramos discutir foi a qualidade.”

E continuou: “É preciso conciliar responsabilidade fiscal com responsabilidade social. É necessário fazer as contas se equilibrarem? Sim. [...] À medida que a população vai vivendo mais, é razoável se cobrar que se trabalhe mais? É razoável. Discutir uma idade mínima é razoável? Sim, mas é preciso considerar o tempo de serviço sobretudo dos trabalhadores mais pobres.”

Molon também protegeu os parlamentares que votaram favoráveis à medida junto com o PSL de Bolsonaro, o DEM de Rodrigo Maia e toda a constelação de partidos direitistas da Câmara dos Deputados: “Porque avaliaram que, considerada a necessidade, ainda que a dose não estivesse adequada, deveriam votar a favor. Tenho certeza de que não foram pessoas que votaram por qualquer interesse menor, pessoal. Esse é um tema que os partidos vão ter que tratar em seus âmbitos. É preciso dialogar antes de qualquer medida.”

As posições do líder da oposição parlamentar não deveriam ser surpresa para que vem acompanhando criticamente os passos da oposição capitaneada pelo PT. Os governadores do PT e PCdoB já vinham há meses se posicionando favoráveis à Reforma da Previdência, dando uma ajuda fundamental aos planos de Jair Bolsonaro.

Enquanto isso os braços sindicais e estudantis desses partidos faziam outra parte do trabalho sujo: CUT, CTB e UNE (dirigidas pelo PT e PCdoB) se negaram a chamar um plano de lutas que pudesse barrar a Reforma. Apesar da enorme força demonstrada neste ano nas mobilizações estudantis (que chegaram a mobilizar mais de 1 milhão de jovens) e a força que teve a paralisação do 14J onde foi construída (mostrando a disposição de luta da classe trabalhadora), as direções souberam frear as mobilizações, dividir estudantes de trabalhadores e facilitar o trabalho de Bolsonaro e Maia.

Molon e boa parte da oposição liderada pelo PT fazem coro com a cartilha dos banqueiros, grandes empresários e latifundiários que mandam no país: há um rombo na Previdência, que deve ser reparado com uma Reforma.

O que o “progressista” Molon “se esquece” de denunciar na entrevista à Folha é que a Reforma aprovada isentou o agronegócio de pagamento do INSS, deixando de entrar no orçamento público (saúde, educação e transporte) mais de R$ 80 bilhões. Também “se esqueceu” de dizer que a Reforma não discutiu a cobrança a grandes empresas que devem mais de 450 bilhões para a Previdência Social. Nem se discutiu que o país dá mais de 350 bilhões de isenções fiscais para grandes empresas todos os anos.

Além disso o país tem o judiciário mais caro do mundo e o segundo mais caro Congresso Nacional.

É por se basear nas mentiras dos capitalistas que, mesmo com a derrota, Molon diz que a oposição conseguiu fazer um debate qualificado e apresentar propostas que reduziram os impactos sociais mais cruéis do texto. Mesmo com a derrota acachapante, há um tom de comemoração em sua fala. Há um balanço otimista da atuação da frente parlamentar de oposição. Segundo ele, o bloco “saiu maior do que entrou” e foi vitorioso ao retirar os “pontos mais sentidos” da Reforma. Enquanto a oposição sai satisfeita, o povo trabalhador viu um dos maiores ataques a direitos sociais da história ser aprovado sem um plano de luta que pudesse fazer frente à articulação entre parlamento e governo.

Na Reforma da Previdência aprovada não se alterou o conteúdo nefasto que terá para a classe trabalhadora e juventude brasileiras, que padecerão sob o trabalho precário, desemprego em massa e aposentadorias miseráveis que provavelmente nunca chegarão.

Enquanto Maia, Bolsonaro e todos os políticos e capitalistas se unificaram para acelerar a tramitação da Reforma da Previdência, as centrais sindicais e a oposição garantiram a trégua através de se isentarem de sua responsabilidade de construir um plano de lutas que fosse forte o suficiente para barrar essa Reforma. Canalizaram a força que se expressou nas ruas para a via parlamentar, sem, como reconhece Molon, apresentar uma proposta alternativa.

Uma proposta alternativa à Reforma da Previdência, teria de passar, necessariamente pelo não pagamento da dívida pública, que é controlada em sua maioria por 12 bancos. Lucram trilhões com o religioso pagamento da dívida todos os anos.

Veja também: Não precisamos de reforma da previdência: é necessário abolir a dívida pública

Junto a isso, é necessária a defesa de que os trabalhadores controlem a entrada e saída de capitais, para impedir que os lucros feitos aqui saiam para favorecer os países imperialistas, e impedir uma imediata fuga de capitais que aconteceria com o não pagamento da dívida pública. Para romper com o monopólio dos 12 que controlam a dívida pública, é necessário a estatização do sistema bancário sob gestão dos trabalhadores. Só assim poderíamos organizar a economia a partir dos interesses da classe trabalhadora e da maioria da população no Brasil.

Veja a entrevista completa de Molon aqui.

 
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