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TEORIA MARXISTA
O marxismo e a necessidade de transformar o mundo
Edison Urbano
São Paulo

Na nova etapa política vivida pelo país, cada vez mais trabalhadores se aproximam das ideias de esquerda, ou pelo menos sentem dentro de si uma renovada curiosidade e interesse por compreender essas ideias. Nos primeiros passos desse contato, surge a questão do marxismo: afinal, em que consiste essa doutrina, esse corpo de ideias e práticas, que os “donos do poder” tanto atacam diariamente, e que sempre ressurge com nova força junto com as lutas crescentes da classe trabalhadora?

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O marxismo nada mais é que o conjunto de ideias teóricas e de perspectivas práticas revolucionárias que confere uma base atual, e cientificamente fundamentada, ao desejo ancestral da humanidade de conquistar uma vida livre e plena para todos.

Em épocas passadas, em que as condições materiais, objetivas, para garantir uma vida plena de abundância para todos, não existiam ainda, nessas épocas esse desejo de igualdade e de plenitude sempre recebeu uma forma mística ou religiosa, que mantinha essa chama acesa nos corações mas não encontrava as formas de se realizar na vida prática. Em todas as culturas antigas podemos encontrar ideias mais ou menos difusas que correspondem a esse desejo de igualitarismo, de justiça, de liberdade. As religiões modernas dão uma forma mais ou menos mistificada a esse mesmo desejo.

O marxismo surge num momento histórico que é um verdadeiro divisor de águas na história da humanidade. Quando a sociedade começa, com o desenvolvimento do capitalismo, a ser capaz de produzir sua riqueza material numa escala de abundância sem precedentes. A sociedade burguesa, dominada pelos donos dos meios de produção, os grandes capitalistas, essa sociedade acumula a riqueza na mão de poucos, como todos nós sabemos. Mas essa mesma sociedade, o capitalismo, elevou o potencial produtivo do trabalho humano, assim como as capacidades científicas, a um patamar em que já é possível organizar a sociedade de outra forma, sem exploradores nem explorados. Aquele desejo ancestral hoje não precisa, e nem pode mais, ser reduzido a uma “utopia” de igualdade e fraternidade, ou a uma ideia mística da ligação entre todos os seres. Ele agora pode, e por isso mesmo necessita, ser traduzido num movimento real de transformação da vida.

A doutrina marxista foi fundada por Marx e Engels no século 19, mas nunca pode parar de ser desenvolvida, em paralelo às lutas da classe operária e demais setores oprimidos da sociedade.

Ela criticou tudo aquilo que os maiores pensadores da burguesia haviam elaborado de melhor, e com isso buscou apropriar-se dos maiores tesouros do pensamento da humanidade em todas as épocas. Dizemos que a crítica marxista é sempre “dialética” por isso: é uma crítica que não descarta simplesmente tudo o que veio antes; pelo contrário, busca sempre separar o joio do trigo, desenvolver o que há de justo e positivo, e rejeitar o que há de errôneo, de preconceito, de ultrapassado. O método marxista enxerga todos os processos e fenômenos em seu movimento próprio, em seu desenvolvimento e suas determinações materiais. Não vê as coisas de forma “estanque”, nem como se estivessem “soltas no ar”. Busca ir à raiz das coisas, encontrar suas condições de aparição, de desenvolvimento e perecimento.

Tanto pela sua coerência interna quanto pela integração inédita que alcançou entre as descobertas teóricas e a dimensão prática da própria doutrina, o marxismo é difícil de resumir ou de dividir. Mas ao mesmo tempo, por sua própria natureza, os trabalhadores sempre mostraram uma capacidade muito grande para assimilá-lo e para tomá-lo em suas mãos como uma ferramenta para compreender o mundo e para guiar sua luta contra a exploração. Essa afinidade entre o marxismo e os trabalhadores sempre despertou o espanto e a ira das classes dominantes e de seus ideólogos. Mas ela não nos surpreende em nada.

Para fundar sua concepção de mundo, Marx teve que combinar e superar o que havia de melhor no pensamento burguês de sua época. Lenin, que foi um grande revolucionário russo e um dos maiores marxistas depois da morte de Marx, disse uma vez que seria possível separar três fontes principais do marxismo: a crítica à filosofia clássica alemã (cujo maior expoente foi Hegel); a crítica à economia política inglesa (antes de tudo, a Adam Smith e David Ricardo); e a crítica aos socialistas utópicos franceses, que haviam sido a ala mais radical da grande Revolução Francesa de 1789-1794 (aquela das guilhotinas e da queda da Bastilha, que às vezes aprendemos de relance na escola). A essas dimensões do marxismo poderíamos agregar ainda uma quarta, enfatizando seu aspecto de “guia para a ação”: sua capacidade de orientar o conjunto de iniciativas e intervenções parciais dos militantes em sua atuação cotidiana, no sentido de um plano de conjunto orientado pelo objetivo da revolução social, ou seja, uma espécie de “arte da estratégia”.

De todo modo, o importante é entender que essas divisões têm uma função apenas analítica ou didática, já que a chave do poder revolucionário do marxismo é a unidade inseparável entre seus componentes.

Por fim, é preciso dizer que as muitas derrotas das revoluções no século passado, e os trinta anos de ofensiva neoliberal contra os trabalhadores, levaram muitos “marxistas” a separarem a sua dimensão teórica da prática, ou a caírem numa espécie de pessimismo histórico. Mas o verdadeiro marxismo é aquele que une teoria e prática num todo único, e que encontra na classe trabalhadora moderna, em sua relação com os meios de produção e reprodução de toda a vida social e sua ausência de qualquer vínculo com os privilégios das classes dominantes, a única classe capaz de encabeçar a luta de todos os oprimidos.

Por isso o marxismo, para nós, traz consigo a ideia da militância, a luta apaixonada para construir a ferramenta da revolução, o partido revolucionário da classe operária. Para o marxista, essa paixão militante que nos leva a dedicar nossas melhores energias à luta pela libertação total da humanidade é a mais plena realização que podemos alcançar vivendo numa sociedade como a nossa, marcada pelo absurdo e pela desigualdade. Afinal, o marxismo é, acima de tudo, um movimento real orientado a fazer a revolução social, e seguir em frente, até acabar com toda exploração, violência e opressão no mundo inteiro.

 
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