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Weintraub quer PMs como vigias na UnB, um novo passo no militarismo que já reprime e assedia em escolas do DF
Leonardo Prudencio

No mês passado, a reitora Márcia Abrahão se reuniu com o MEC em mais uma tentativa falida de garantir o orçamento da UnB por meio de acordos de cúpula. Porém a resposta dada pelo ministro aos resultados da instituição em rankings produtivistas internacionais (e imperialistas) foi que “isso era pouco”. Em seguida, Abraham Weintraub exigiu que a instituição substituísse os vigilantes dos prédios por policiais militares, um autoritarismo já conhecido em algumas escolas do DF, alvo de diversos tipos de denúncia de abuso de poder e até mesmo de assédio sexual por parte de policiais.

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No mês passado, a reitora Márcia Abrahão se reuniu com o MEC em mais uma tentativa falida de garantir o orçamento da UnB por meio de acordos de cúpula. Porém a resposta dada pelo ministro aos resultados da instituição em rankings produtivistas internacionais (e imperialistas) foi que “isso era pouco”. Em seguida, Abraham Weintraub exigiu que a instituição substituísse os vigilantes dos prédios por policiais militares.

Em resposta, a reitora lhe tranquilizou afirmando que a instituição busca manter um ótimo relacionamento com a PM. Inclusive, afirmou que os coronéis têm assento garantido no Comitê Permanente de Segurança da UnB, além do posto de policiamento que fica dentro do próprio campus. Falas como essas não poderiam ser diferentes, afinal o sentido da burocracia universitária é facilitar na medida do possível um futuro em que tenhamos que prestar continência aos militares sem poder criticar a privatização do ensino superior.

Nesse mesmo sentido, Márcia ainda sugeriu que o Ministro aprofundasse a Lei de Fundos Patrimoniais. Trata-se de um projeto sancionado por Bolsonaro que abre as portas às grandes empresas para “doações” na educação pública, isto é, a parcela de entrada para comprar toda a universidade. Diante disso, fica claro que os dois lados nessa reunião convergem para um único ponto: querem que os estudantes e trabalhadores paguem pela crise que os capitalistas criaram.

Esse é o motivo principal da insistência de Weintraub em convocar a PM para dentro do campus. Afinal, ele não hesitará em usar a truculência para lidar com os alunos e trabalhadores que não aceitarem a privatização da universidade e a cobrança de mensalidades. O planejamento dessas ações fica cada vez mais claro após a AGU ter pedido ao STF no dia 24 de maio para que fosse autorizado operações policiais em universidades públicas para “apurar irregularidades eleitorais”.

No documento, afirmou-se categoricamente que “eventuais divergências sobre o caráter político-partidário dos atos ocorridos dentro das universidades não devem ser resolvidas de forma abstrata e geral”. Em outras palavras, querem a solução concreta e firme das balas de borracha da PM para manter as universidade "como um espaço de livre debate de ideias, mas sem a prevalência de corrente de pensamento específica".

Esse suposta neutralidade mostrou suas garras no último dia 15M. Um exemplo disso foi a declaração nas redes sociais de um policial do DF na manhã dos protestos, dizendo que estava armado até os dentes para “brincar com os comunas” na Esplanada. Dessa forma, a defesa da entrada da PM na UnB por parte do ministro de Bolsonaro tem um único objetivo: calar a juventude para passar os cortes.

O resultado dessa intervenção pode assumir contornos ainda mais drásticos como o ocorreu em uma escola militarizada de Sobradinho. Afinal, na semana passada, alunas do Centro Educacional 3 denunciaram que um sargento envolvido na nova gestão do local estaria assediando as estudantes nos corredores da instituição e até mesmo caçando os seus números de telefone nos arquivos da secretaria. “Uma aluna foi assediada por um sargento, e a outra levou um tapa na bunda. O mesmo pegou seu número e o de sua irmã em arquivos escolares e, por meio do WhatsApp, incomodou-a com frases do tipo ‘Beijinhos no canto da boca”, disse uma das mulheres em entrevista ao Correio Braziliense.

Mesmo diante desse cenário, forças políticas atuantes na universidade, que tem a enorme responsabilidade de serem as principais direções do movimento estudantil (UNE) e de trabalhadores (CUT), como PT e PCdoB, são incapazes de soltar uma declaração sobre os fatos de tamanha gravidade, muito menos organizar uma alternativa viável de luta contra a direita que domina o DCE. A política do PT para as universidades é, inclusive, cada vez mais repudiosa. Enquanto dizem que lutam contra os cortes, em seus cargos executivos tem casos como o “Alckmin” do PT, Rui Costa, que há poucos dias defendeu cobrança de mensalidades para lidar com a crise universitária.

De igual importância seria o pronunciamento do SINTFUB e a ADUNB, sindicatos dos servidores e professores da UnB, cujo posicionamento contrário à legalização da polícia no campus cumpriria o papel de lançar uma campanha massiva dentro da universidade.

Os terceirizados, que serão os primeiros a sofrerem os pesos dos cortes, são o elo mais frágil dessa batalha. Ao mesmo tempo que correm o risco de perder seus salários frente ao contingenciamento - o que já é verdade em algumas federais do nordeste - estão sob ameaça de terem seus postos de trabalho de vigilantes substituídos pela polícia militar. É preciso lutar pela manutenção dos seus empregos, com a devida efetivação sem concurso, e batalhar para que a direção da segurança da UnB saia da mãos da burocracia e sua gana represssiva e esteja sob o controle de todos os estudantes e trabalhadores da universidade, que prezariam nesse caso por medidas de prevenção de acidentes de trabalho, iluminação pública, educação política e debates de gênero e sexualidade, como formas de combater a violência de gênero que assola estudantes mulheres e LGBTs.

Para que todas essas medidas ganhem força, torna-se imprescindível unificar os embates em defesa da educação à luta contra a reforma da Previdência em uma grande mobilização na greve geral do próximo dia 14, denunciando a separação imposta pela política traidora das centrais sindicais, como CUT e CTB, que terminam por dividir estudantes e trabalhadores e chegam ao absurdo de propor que na greve “a população deveria ficar em casa”.

Os milhares de jovens estudantes e professores nos dias 15 e 30 de maio na Esplanada demonstraram que o anseio pela defesa da educação pública pode mobilizar as massas. Somente por meio dessa unidade real das bases operárias e estudantis em torno de objetivos práticos de ação na luta de classes é que será possível enfrentar de fato as medidas de Bolsonaro.

Essa burocracia que controla os movimentos estudantis e sindicais em todo o país só pode ser superada pela organização independente dos trabalhadores e estudantes, em assembleias de base e um comando nacional de organização da luta contra os cortes e as reformas, com delegados eleitos em cada local de trabalho e estudo, com mandatos revogáveis a qualquer momento. Parte dessa batalha deve se dar em chave de unidade das fileiras de trabalhadores efetivos e terceirizados e contra cada medida repressiva como a entrada da polícia da UNB.

À burocracia petista é preciso dizer que não há qualquer resposta à altura de impor uma derrota à reforma da Previdência e aos cortes na Universidade que passe por fora de negar veementemente o discurso do governo, de que a crise orçamentária é culpa dos direitos da juventude e dos trabalhadores. Ao contrário, o que o PT vem fazendo pela via das suas posições no executivo é apoiar a reforma em uma versão “light”, que ainda assim é um ataque brutal contra as condições de vida das massas, como afirmam os governadores do PT.

O ônus do orçamento nacional mora na dívida pública, uma mesada banqueiro contraída de forma ilegal, ilegítima e fraudulenta. Estamos frente a um momento histórico no Brasil, onde as respostas devem ser dadas de forma profunda e pela raiz. Lutar pela efetivação dos terceirizados da vigília e para que a vigília do campus seja controlada pelo poder estudantil e de trabalhadores, não pagar a dívida pública, lutar pela separação entre Igreja e Estado, por uma assembleia constituinte que mude as regras do jogo, não apenas os jogadores. Essas são as tarefas que estão nas mãos da juventude e da classe trabalhadora de nosso tempo e que nos levam a preparar um 14J que seja em aliança entre a juventude e os trabalhadores, tomando a luta em nossas mãos com assembleias de base em cada curso. Para alcançar esses desafios, é necessário rechaçar a direita universitária e a que comanda o país, e superando os limites impostos pelas burocracias traidoras.

 
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