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RECUO PARCIAL
Golpeado pelo 15M, governo retrocede parcialmente nos cortes: precisamos unificar à luta contra a reforma da previdência
Odete Assis
Mestranda em Literatura Brasileira na UFMG

Uma semana após a grande paralisação das escolas, universidades e institutos federais e os atos, que reuniram mais de um milhão de pessoas nas ruas de todo país, o governo Bolsonaro anunciou que vai repor cerca da 21% do orçamento contingenciado. "Magicamente" depois dos estudantes tomarem as ruas de todo país, dando um recado muito claro para Bolsonaro e o ministro da Educação, agora simplesmente "apareceram" recursos de uma reserva que pode ser usado para repor as verbas contingenciadas. O valor destinado ao Ministério da Educação seria um total de R$ 1,6 bilhão, 21% do valor do corte.

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Apesar da falsa demagogia de Weintraub, sobre a prioridade do governo ser o ensino básico, os cortes na área atingiriam desde o ensino infantil até a pós-graduação. Nas universidades federais, a situação é ainda mais dramática, pois a verba para despesas discricionárias (não obrigatórias) foi reduzida em 30%, o que pode levar ao colapso de algumas instituições, que disseram que sem esse orçamento muito provavelmente fechariam as portas no próximo semestre.

O governo deixou claro suas intenções quando justificou os cortes alegando a promoção de “balbúrdia” nas universidades, quando na verdade miravam as universidades federais que foram as primeiras a implementar cotas étnico-raciais, que promoviam debates e eventos acadêmicos ligados a discussões que promovem o pensamento crítico, atividades do movimento estudantil e até mesmo a pesquisa em humanidades.

Nesta quarta (22), em audiência na Câmara dos Deputados, o ministro da Educação falou sobre os cortes na pasta e voltou a defender sua reacionária proposta de menor investimento das ciências humanas, em contraposição a outras áreas, como medicina e odontologia. Além disso, afirmou, sem dar detalhes, que estuda apresentar até o fim do mês medidas que aumentam o investimento privado nas universidades, como incubadoras de empresas nas instituições e fundos imobiliários. Sobre a cobrança de mensalidades nas universidades, se diferenciou da escandalosa posição do governador da Bahia, Rui Costa do PT, e disse que defende “apenas” para a pós-graduação e não para a graduação como o petista.

O governo tenta desvincular esse recuo parcial nos cortes dos massivos atos de rua, no entanto, é claríssimo o recado de um setor importante da população frente a esse grande ataque. Tanto que o MEC também está buscando promover um confusão com os números, como se a retirada dos cortes fosse total. Fazem isso porque teme que o dia 30, convocado como mais um dia nacional de paralisação da educação em todo país, possa ser ainda maior que o dia 15 de maio. Mas principalmente porque teme que a luta contra os cortes na educação se ligue também com o amplo rechaço a nefasta reforma da previdência.

Desde o início parte da política do governo era chantagear os estudantes alegando que os cortes poderiam ser revertidos, se a reforma da previdência fosse aprovada. Alguns setores como Tábata Amaral, deputada financiada segundo homem mais rico do país Jorge Paulo Lemann, sempre foram adeptos dessa linha de defender a reforma da previdência, mesmo com as diferenças ideológicas com a extrema direita. As próprias manifestações convocadas para o dia 15 de maio, em sua ampla maioria expressaram somente o rechaço aos cortes na educação, isso porque a política das direções majoritárias da UNE, é em certa medida tentar um acordo com setores do governo, como Rodrigo Maia, principal articulador da reforma da previdência, que conta com o apoio do PCdoB/UJS, ou os governadores do PT que já se colocaram a disposição para melhorar alguns pontos da reforma da previdência do Bolsonaro.

Mas o verdadeiro motivo, para ambos os ataques, é o mesmo: a sede de lucro dos capitalistas que, frente à crise internacional, adotam medidas que vão contra os trabalhadores, a juventude e toda população pobre em nome de preservar os seus lucros. Derrotar os cortes na educação e a reforma da previdência é a mesma luta: é a luta para que a crise não seja despejada sobre as nossas costas.

Bolsonaro e Weintraub sabem disso, por isso fazem tanta chantagem e buscam confundir os estudantes que saíram na linha de frente dos protestos. Nossa tarefa nesse momento precisa ser rechaçar ambos os ataques, unificando nossa luta, por isso conforme colocou a professora Flávia Valle: “As centrais sindicais precisam antecipar a greve geral unificando no dia 30 de maio com a juventude”. Essa é uma das principais formas de garantir que esse dia possa ser ainda maior que a última mobilização, e impor uma verdadeira derrota para o governo, retrocedendo nos cortes da educação e barrando qualquer proposta de reforma da previdência.

Frente a crise capitalista, precisamos escolhe: são eles ou nós. Que os capitalistas paguem pela crise.

 
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