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Internacional
Continuam os protestos no Sudão frente ao rompimento das negociações por parte do Exército
Salvador Soler

Diante o rompimento unilateral das negociações por parte do exército, milhares de manifestantes continuam mobilizados no Sudão. As marchas seguem pedindo que caia o regime.

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O Conselho Militar de transição determinou suspender por 72 horas as negociações para um governo de transição no Sudão. Nessa terça-feira haviam chegado a um acordo com a Aliança pela Liberdade e Mudança (ALC na sigla em espanhol), que lidera as manifestações, para que o prazo prévio ao chamado de eleições livres seja de 3 anos. Frente a esse rompimento unilateral das negociações, a oposição chamou a continuar as mobilizações.

Enquanto se dava o “diálogo” de terça-feira, ocorreram vários ataques aos manifestantes que acampavam em distintos pontos da capital, Jartum. Os franco atiradores, que vários identificaram como pertencentes às Forças de Apoio Rápido (RSF pela sigla em Inglês), lideradas pelo Exército, são responsabilizados pela morte de 8 manifestantes, deixando vários hospitalizados.

Frente a esta situação, o general Abdelfatah al Burhan defendeu na rede de televisão sudanesa que para ”proteger aos manifestantes” desse tipo de agressão devem levantar todos os acampamentos e barricadas. Uma provocação para tirar das ruas os milhares de jovens, mulheres e trabalhadores que derrubaram Al Bashir em 11 de abril. A resposta da ALC foi chamar a sustentar os protestos. A revolta dos manifestantes não se fez esperar, levantaram mais barricadas e bloqueios de rua por toda capital e vários acessos. Durante a noite de quarta-feira, o exército reprimiu com gases deixando vários feridos, para varrer os bloqueios.

Qual a alternativa para as massas?

As negociações entre o Conselho Militar de Transição e a oposição liderada pela ALC, discutem em torno dos prazos para o chamado a eleições livres, e os cargos dentro do “Conselho Soberano”, uma espécie de híbrido de um governo provisório composto de militares e civis.

A ALC, é uma coalizão de partidos burgueses, liberais e alguns sindicatos que tem vários anos de atividade. Conseguiram dirigir rapidamente a situação através da Associação de Profissionais Sudaneses (APS) que conta com o apoio de vários partidos de centro esquerda como as Forças Nacionais de Consenso (NCF) onde se encontra o Partido Comunista Sudanês.

Em seu programa contém várias demandas democráticas que são sentidas pelas massas. Entre elas o reconhecimento das minorias étnicas e religiosas que tem sido vítimas de genocídios como o de Darfur ou do Nilo Azul, ou causados pela guerra com o Sudão do Sul. Também levantam demandas democráticas das mulheres como a participação mínima de 40% na política, e levantam a necessidade de uma Assembleia Constituinte para o Sudão e um governo unicamente civil.

Este programa progressivo, diante de uma ditadura de 30 anos e massacres étnicos levados a cabo pelo mesmo exército com quem estão sentados negociando, tem sido revisado. Isso se demonstrado no fato de que a demanda de uma assembleia Constituinte, que está intimamente ligada ao grito das ruas de que caia todo o regime, foi deixada de lado, para um futuro indefinido. Por outro lado, a oposição não faz nenhuma menção sobre como enfrentar os ajustes e cortes exigidos pelo FMI que tem jogado o Sudão na Miséria, e que estiveram na base do levantamento atual contra o aumento do pão e do combustível.

Enquanto a ALC abandona vários de seus objetivos programáticos para obter lugares em um próximo governo civil-militar, e considera manter os laços com o imperialismo, as massas mobilizadas sustentam a consigna “abaixo todo o regime”.

 
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