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Mais de 1 milhão nas ruas mostram a força para enfrentar os cortes de Bolsonaro e a reforma da previdência
Redação

Segundo os organizadores, mais de 1 milhão de pessoas saíram às ruas em todo o país contra os cortes do governo à educação. Trata-se de uma manifestação de magnitude, inesperada nesses termos para o governo.

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Segundo os organizadores, mais de 1 milhão de pessoas saíram às ruas em todo o país contra os cortes do governo à educação. Trata-se de uma manifestação de magnitude, inesperada nesses termos para o governo. Ao menos 208 cidades do Brasil tiveram manifestações, nesta quarta-feira (15), contra os cortes de recursos para a educação anunciado pelo Ministério da Educação, o que mostra um espraiamento importante dessa demanda pelas distintas regiões do país, nas capitais e nas cidades do interior. Houve atos em todos os estados do país e também no Distrito Federal. É provável que, muito além das pessoas que participaram das manifestações, a simpatia pelos protestos contra os ataques à educação tenham atingido amplos setores que não participaram da jornada, preferindo um apoio passivo.

Em São Paulo, foram mais de 250 mil pessoas na Avenida Paulista, segundos os organizadores. Pela manhã, os trabalhadores e estudantes da USP fizeram um trancaço contra a reforma da previdência e os cortes da educação. A Juventude Faísca e o Movimento Nossa Classe, impulsionados pelo MRT, levantaram alto as bandeiras da unificação das lutas.

Em Campinas, no interior do estado, houve dois atos. Em um deles, a avenida que dá acesso aos campus da Unicamp e da PUC-Campinas foi bloqueada no início da manhã estudantes. Em seguida, manifestantes encheram o Largo do Rosário. Em Sorocaba, também no interior, alunos e professores se reuniram em uma praça no centro da cidade. Outras cidades da região, como Jundiaí, São Roque, Salto, Itu e Porto Feliz, também tiveram manifestações e paralisações.

Fala da professora do estado Lívia pela necessidade de unificar a luta contra os cortes da educação à luta contra a reforma da previdência.

Em Santos, no litoral, petroleiros também se juntaram ao movimento, que também incluiu a defesa das refinarias e o protesto contra a privatização e a reforma da Previdência. Em Bauru, estudantes e professores protestaram em ato em frente à Câmara Municipal. Também houve atos e paralisações em Ourinhos, Marília e Assis.

Também no interior, estudantes da USP e da Unesp fizeram atos em Ribeirão Preto, Jaboticabal, Franca e Sertãozinho, além de Presidente Prudente e Piracicaba. Em Mogi das Cruzes, Itaquaquecetuba e Suzano, no Alto Tietê, professores e estudantes se manifestaram pela manhã. Araraquara, Rio Claro, São Carlos, São João da Boa Vista e Araras também registram atos de alunos.

No Vale do Paraíba, escolas e universidade em São José, Taubaté e Guaratinguetá não funcionaram nesta manhã.

No RJ, dezenas de milhares também foram às ruas protestar contra os cortes, na Candelária. Também havia movimentação na Praça XV. Houve interdições nas avenidas Presidente Vargas e Rio Branco.

Em Belo Horizonte, uma das maiores manifestações do dia, mais de 100 mil trabalhadores e estudantes ocuparam as principais avenidas. Estudantes do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG) participaram do ato.

As maiores cidades de Minas Gerais além da grande BH também tiveram importantes mobilizações, como em Juiz de Fora, Uberlândia, Uberada, Montes Claros e Poços de Caldas. Cidades com grandes universidades, como Ouro Preto e Viçosa também tiveram grandes mobilizações.

Em Pernambuco, à tarde, um protesto reuniu sindicatos, associações, movimento estudantil, movimento social e sociedade civil se concentraram frente ao Ginásio Pernambucano, no Centro do Recife, e saíram em passeata.

Houve paralisação de professores de universidades federais. Na Zona Oeste do Recife, professores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) fizeram atendimento à população gratuitamente, como formar de conscientizar sobre a importância do serviço prestado. Em Caruaru, no Agreste pernambucano, e em Serra Talhada, no Sertão, manifestantes também foram às ruas. Também há manifestações na região de Petrolina e Terra Nova.

No DF, escolas da rede pública de ensino suspenderam as aulas nesta manhã. Na Esplanada dos Ministérios, manifestantes se reuniram em frente à Biblioteca Nacional e seguiram pela via em direção à Praça dos Três Poderes.

No Rio Grande do Sul, cerca de 20 mil pessoas, segundo os organizadores, se reuniram na Esquina Democrática, no Centro de Porto Alegre. A Brigada Militar estima a presença de 5 mil pessoas.

Escolas e universidades pararam as atividades. Em Porto Alegre, a Polícia Militar usou gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral para reprimir absurdamente os manifestantes na frente da UFRGS.

Escolas estaduais do Rio Grande do Norte suspenderam as aulas como forma de adesão ao protesto nacional. Houve manifestações em Natal São Gonçalo do Amarante, Mossoró, Nova Cruz, Currais Novos e Caicó.

Em Goiás, escolas e universidades suspenderam as aulas por conta dos atos. Além da capital, Goiânia, cidades como Jataí, Anápolis, Itumbiara, Rio Verde, Luziânia e Catalão também tiveram protestos.

Em Curitiba, manifestantes se reuniram em frente ao prédio histórico da Universidade Federal do Paraná (UFPR), na praça Santos Andrade. Também houve protestos em Maringá e Ponta Grossa.

Em Santa Catarina, professores e estudantes saíram na tarde desta quarta em caminhada da UFSC em caminhada pelas ruas da cidade. Segundo os organizadores, 10 mil pessoas estavam na manifestação. Foram registrados atos também em Itajaí e Blumenau, no Vale; São Francisco do Sul e Camboriú, no Litoral Norte catarinense; Lages, na Serra; Joinville, no Norte; e Concórdia, Chapecó e São Miguel do Oeste, no Oeste.

Em Manaus, centenas de manifestantes protestaram contra os cortes na educação. A concentração foi na praça da Saudade. Participaram do ato professores e alunos de escolas municipais, estaduais, instituições e universidades públicas e particulares.

No Pará, as universidades federais paralisaram as atividades. Segundo sindicato, em Belém, mais de 10 mil trabalhadores técnicos, estudantes e professores da Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra) e Instituto Federal do Pará (IFPA) ficaram concentrados em frente ao prédio do Instituto de Ciências das Artes (ICA). Também houve atos em cidades como Marabá e Santarém.

Estudantes, professores e servidores protestaram no campus Macapá da Universidade Federal do Amapá (Unifap). Com faixas, cartazes e caixas de som, o grupo fechou a entrada da universidade, localizada na Zona Sul da capital.

Atos em todo o país expressam a possibilidade de derrotar os cortes e a reforma da previdência

Até então, Bolsonaro contava com a passividade das centrais sindicais, que assistiam prostradas as sucessivas crises do governo, iludindo a população que as crises palacianas poderiam colocar em xeque o avanço da reforma da previdência. Diante dessa passividade, Bolsonaro leu mal a correlação de forças da sociedade, acreditando que poderia implementar sem grandes repercussões tamanho ataque, um corte de 30% do orçamento das universidades e institutos federais, que na prática inviabiliza o funcionamento das instituições.

Na sua percepção enviesada da realidade, mesmo frente a uma reprovação recorde para um governo ainda no início, o presidente e seus aliados não compreenderam que a única garantia da passividade da população é a política das centrais sindicais. Ao atacar de forma tão brutal a educação Bolsonaro destampou o amplo rechaço da população ao seu governo. Não foram apenas estudantes e professores que se mobilizaram, milhares de pessoas saíram às ruas, expressando sua reprovação ao ataque à educação.

A representatividade dos protestos se mostrou na diversidade de instituições que paralisaram nesse dia, escolas - das redes municipais, estaduais e federais-, universidades, como também na pluralidade de categorias ligadas à educação: desde professores, das diferentes redes, passando pelos inúmeros trabalhadores ligados à educação, incluindo terceirizados, até professores universitários.

Tanto Bolsonaro quanto Weintraub seguiram suas respostas agressivas e de linha dura contra a educação. A resposta destemperada de Bolsonaro nos EUA, relativizando o enorme movimento que ainda cresceria no país, foi a expressão de como o presidente sentiu o baque. Frente a mobilização massiva, acuado, Bolsonaro só pode atacar o movimento, declarando: "A maioria ali é militante. Não tem nada na cabeça (...) São uns idiotas úteis, uns imbecis que estão sendo usados como massa de manobra de uma minoria espertalhona".

O ministro Weintraub, para justificar o injustificável, insistiu na contraposição do ensino superior ao ensino básico, além de expor o projeto tecnicista da educação de Bolsonaro, subordinando totalmente o ensino ao mercado de trabalho, pois segundo ele diferentemente das universidades o ensino técnico "gera riquezas". Além disso, Weintraub insistiu na chantagem do governo de que caso aprovada reforma da previdência não será necessário manter os cortes da educação.

Não há separação, a luta é uma só: contra os cortes e a reforma da previdência

A resposta ofensiva do governo não indica força, necessariamente. Mas indicam que seu ponto forte é a separação da demanda educativa da batalha contra a reforma da previdência. Por isso, "dobrou a aposta" e foi agressivo contra os atos de hoje, apesar de seu grande volume no país inteiro.

A imprensa oficial faz o esforço de esconder cuidadosamente o tema da reforma da previdência, dando ênfase apenas no tema da educação. É parte de sua campanha para que Bolsonaro se concentre no ataque neoliberal contra nossas aposentadorias.

É indispensável ter como horizonte político imediato a unificação da luta contra os cortes com a batalha contra a reforma da previdência. Não é possível golpear o governo Bolsonaro separando estas duas demandas. A narrativa do governo é a da chantagem: a revogação dos cortes está condicionada à aprovação da reforma. Para fazer com que os capitalistas paguem pela crise, é preciso derrotar toda e qualquer reforma da previdência; do contrário, a educação e todos os serviços públicos vão sangrar, por uma reforma que tem como objetivo o pagamento dos juros e amortizações da dívida pública.

Deputados e deputadas como Tabata Amaral (PDT-SP) se dizem contra os cortes da educação, mas são favoráveis à reforma da previdência. Fazendo isso, atuam para ajudar Bolsonaro na manobra de usar a educação de chantagem. Outros como o PCdoB, que é o partido que dirige burocraticamente a UNE faz mais de 3 décadas, se diz contra as duas medidas, mas atua sistematicamente para separar os temas e fazer da luta de hoje uma luta somente “contra os cortes”, isolando-a da reforma da previdência. Essa separação não é um detalhe para esse partido já que ele apoiou Rodrigo Maia para a presidência da Câmara, ou seja, ajudou a empossar quem é um dos maiores inimigos do direito a se aposentar. Apesar dos discursos do PT, seus governadores são favoráveis à reforma da previdência contra os trabalhadores, negociando a remoção de algumas cláusulas impopulares.

É necessário insistir nos métodos de organização pela base, contra o controle das direções sindicais (como a Força Sindical e a UGT, mas também a CUT e a CTB) que buscam desviar o ódio da população contra os cortes e a reforma, canalizando-os para a negociação com o governo.

Precisamos de um comando nacional que reúna as universidades em luta, uma coordenação nacional com delegados eleitos pela base, que discutam e decidam cada passo do combate, que deve unir indissociavelmente a batalha contra os cortes e contra a reforma da previdência.

Essa é a melhor maneira para que o movimento avance democraticamente, e o conjunto dos estudantes possam decidir tudo, inclusive questionar alguns dos pilares do sistema educativo superior: num momento como esse, por que não exigir a estatização de todas as universidades privadas - que estão lucrando com os cortes na educação feitas por Bolsonaro e Weintraub! - e o fim do vestibular, para que todos os trabalhadores e jovens possam cursar gratuitamente o ensino superior público?

Que cada assembleia de curso, em todas as universidades, opine quando e como parar depois de hoje e ativamente coordene a luta dos estudantes com os trabalhadores. Que elejam seus representantes por assembleia, e que as universidades se coordenem nacionalmente através dos representantes eleitos nas assembleias gerais. Não há tempo a perder, precisamos de uma coordenação nacional com delegados eleitos de cada universidade, para democraticamente decidir os rumos do movimento.

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