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8M CAMPINAS
8M Campinas: Mulheres contra a Reforma da Previdência de Bolsonaro e por justiça à Marielle e Quelly
Livia Tonelli
Professora da rede estadual em Campinas (SP)
Flávia Telles

Um chamado do Pão e Rosas às mulheres de Campinas para a construção de um bloco no 8 de Março que se enfrente com Bolsonaro e a Reforma da Previdência, o imperialismo de Trump e exija justiça à Marielle Franco, em memória de Quelly.

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O ato do 8 de março será a primeira manifestação nacional durante o governo Bolsonaro. As mulheres tem sido linha de frente em enfrentar os governos de direita, na luta por direitos e contra os ataques à classe trabalhadora em vários países. É o que vimos na Argentina nos massivos atos pelo direito ao aborto, nos Estados Unidos nas marchas contra o reacionário Donald Trump e com as professoras em greve em Los Angeles, além do próprio Brasil, em que o movimento de mulheres ocupou as ruas em atos contra Jair Bolsonaro no ano passado.

Além de linha de frente em várias outras lutas, desde o ano passado as mulheres são também vanguarda na luta contra a reforma da previdência, o principal ataque que Bolsonaro e Paulo Guedes querem fazer passar goela abaixo. No início de 2018 com uma maioria de professoras do município de São Paulo, a greve municipal conseguiu barrar o SampaPrev de João Doria (PSDB), e desde o início desse ano se organizam junto com servidores municipais contra esse mesmo projeto aprovado por Bruno Covas (PSDB) e contra a reforma da previdência em âmbito nacional.

A reforma da previdência é um ataque direto às mulheres, que desde muito jovens são as que garantem o trabalho doméstico, o cuidado dos filhos e dos mais velhos, chegando a duplas e triplas jornadas de trabalho. Junto com outros projetos como a reforma trabalhista, a ampliação da terceirização e o pacote anti-crime de Moro a vida das mulheres, dos negros e do conjunto da classe trabalhadora vem sendo duramente atacada. Por isso as demandas das mulheres não estão desligadas das demandas do conjunto da classe trabalhadora, e articuladas possuem enorme potencial.

Na cidade de Campinas, o prefeito Jonas Donizette (PSB), que também é presidente da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), à exemplo de Doria já começou uma reforma da previdência com o CamPrev, e vem articulando a aplicação desta nos outros municípios, como expressou em reunião com Paulo Guedes no início do mês.

Campinas é mais uma das cidades com vários casos de feminicídios e com uma câmara de vereadores que já deu várias mostras de seu reacionarismo como quando votou aplausos à eleição de Trump nos EUA, e quis dar exemplo nacionalmente quando em 2015 pautou a proibição da “ideologia de gênero” nas escolas e em 2017 e 2018 o projeto Escola sem Partido para criar uma escola com censura, proibindo debates elementares como os relacionados às questões de gênero e sexualidade. Isso tudo em uma cidade em que a cada semana nos deparamos com mais um caso de feminicídio, como o de Nice, que foi queimada viva pelo ex-companheiro, e o recente caso de transfeminicídio de Quelly da Silva, travesti que foi barbaramente assassinada e teve seu coração retirado com cacos de vidro.

Bolsonaro e Jonas tem o mesmo projeto para as mulheres, para a juventude e os trabalhadores. Querem nos arrancar a vida e o futuro! Nós, do grupo de mulheres Pão e Rosas defendemos que só é possível lutar pelos nossos direitos enfrentando esse governo e os projetos que ele nos reserva, que inclusive se coloca como capacho do misógino e racista Trump, para aprofundar ainda mais a dominação e opressão imperialista no Brasil e em outros países da América Latina, como ocorre com toda a ingerência imperialista na Venezuela.

Por tudo isso, e também para lutar por justiça à Marielle Franco, que foi assassinada há um ano e cujo crime ainda está sem resposta, é que é fundamental a organização das mulheres nos nossos locais de estudo e de trabalho para criarmos uma resposta contundente à esse governo através da mobilização, e gritar que Marielle vive em nossas lutas!

É com essa perspectiva que viemos compondo e intervindo nas reuniões de organização do ato do 8 de março em Campinas, porque acreditamos que a força das mulheres pode ser imparável e é por isso que Bolsonaro e cia. querem tanto calar e colocar as mulheres nos locais que eles acham que devemos estar: nos trabalhos precários e nos trabalhos domésticos. Defendemos que as mulheres devem estar na linha de frente contra o governo Bolsonaro e a reforma da previdência, contra Trump e por justiça à Marielle e Quelly!

Ao contrário disso, a Marcha Mundial de Mulheres, dirigida pelo PT, quer um ato que não tenha o combate à Bolsonaro como um eixo central, juntamente porque tem levado a frente uma atuação passiva e uma estratégia meramente institucional, como se pela via parlamentar e de oposição lado a lado de partidos golpistas, fosse possível algum avanço para nós. Eles sabem que nada conquistaremos por essa via e esperam desgastar o governo para nas próximas eleições, daqui 4 anos, ocupar mais cargos, só que até lá Bolsonaro quer acabar com o nosso direito à aposentadoria, quer avançar ainda mais contra o direito ao aborto, criminalizar os movimentos e esvaziar os debates nas escolas. Nesse mesmo sentido vem a atuação das centrais sindicais, como a CUT dirigida pelo PT e a CTB dirigida pelo PC do B de Manuela D’Ávila, que estão totalmente paralisadas sem construir nenhum tipo de mobilização frente ao ataque histórico que querem descarregar sobre as nossas costas. Também foram parte da construção de um projeto de país ancorado na submissão ao imperialismo pelo pagamento sistemático da dívida pública, fortalecendo as bancadas ruralistas e fundamentalistas, que hoje querem descarregar sua sanha de lucro sobre as mulheres trabalhadoras, indígenas, negras e pobres.

Já o PSOL, que inclusive aumentou sua bancada de deputadas mulheres, poderia utilizar esse espaço para impulsionar o movimento pela via da luta nos locais de trabalho e estudo, mas também vem seguindo a mesma estratégia, reivindicando a “resistência democrática” pela via parlamentar e a “unidade” junto com o PSB de Jonas Donizette e REDE, comemorando uma frente ampla com partidos burgueses em oposição à Bolsonaro, sem sequer denunciar o papel que cumpriram desde o golpe institucional e a paralisia imposta pelo PT. Em Campinas tampouco defenderam que a consigna de “mulheres contra Bolsonaro” deveria ser um eixo central para esse 8 de março.

Os ataques a nossos direitos não são “cortina de fumaça” como disseram Lula e Gleisi Hoffman, e sim parte de uma engrenagem que ataca nossas liberdades democráticas para fazer avançar o conservadorismo, descarregar a crise nos setores oprimidos e assim também servir de respaldo à aplicação das reformas. Sem um verdadeiro programa anticapitalista, que supere a conciliação de classes e o projeto de país petista que pavimentou o caminho ao golpe, não será possível fazer frente a Bolsonaro, apontando para um feminismo revolucionário, socialista e da classe trabalhadora. Por isso convidamos todas e todos a batalhar nos locais de trabalho e de estudo por essa perspectiva de enfrentamento contra Bolsonaro e Trump, contra a Reforma da Previdência e por justiça a Marielle e Quelly, e também construir com um forte bloco no ato do dia 8 de março junto ao Pão e Rosas, às 17h30 no Largo do Rosário.

É em base a essa concepção que nós do Pão e Rosas também estamos lançando um Manifesto por um feminismo socialista para enfrentar Bolsonaro, que colocamos à debate a todas aquelas e aqueles que querem derrotar a extrema direita pela raiz e construir uma verdadeira alternativa às mulheres, nas escolas, universidades e em vários locais de trabalho de Campinas.

 
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