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SP: GREVE DE PROFESSORES E SERVIDORES
25º dia de luta: mais do que nunca, defender o direito de greve
Redação
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A greve dos professores e servidores municipais de São Paulo chega ao seu 25º dia. Uma luta que começou com o objetivo de avançar uma importante trincheira para os trabalhadores de conjunto, derrotar o SAMPAPREV, a esfera municipal da Reforma da Previdência. Não é menor localizar essa greve no marco de um governo Bolsonaro ainda fortalecido pela vitória recente nas eleições, assim como um governo Doria em SP, que junto com Bruno Covas formam um verdadeiro tripé maldito contra os trabalhadores.

Assim, essa greve que começou junto com o ano-letivo, dia 04/02, e poderia ter sido um verdadeiro combustível para que outras categorias e setores da população se encorajassem contra a reforma da previdência nacional, chega a um momento decisivo e é preciso pontuar algumas questões importantes para entender “onde estamos” e “como nos movemos agora”.

O prefeito Bruno Covas vem tentado se cacifar como a aposta segura do PSDB em sua re-candidatura para Prefeitura de São Paulo em 2020 e passar dessa forma a ser o “homem” de confiança de Bolsonaro e Doria na cidade, mostrando à que veio com medidas cada vez mais arbitrárias contra os trabalhadores como o absurdo corte de ponto dos professores e servidores em greve. Já Doria, vem demonstrando que Covas terá que ser ainda mais duro contra os trabalhadores para poder assumir essa localização - vide o apoio expresso para Joyce Hasselmann (do PSDB), incentivando sua candidatura para Prefeitura de SP em 2020, localizando-a como oponente de Covas.

Os professores e servidores estão mostrando sua força em paralisações expressivas em frente ao prédio da prefeitura todas as semanas, fazendo com que Covas tenha tido que diminuir sua postura intransigente e chamar os sindicatos para negociar duas semanas seguidas e colocar em discussão o corte de ponto dos grevistas. Por outro lado, a greve não conseguiu se massificar e impor uma grande união com a
população, e o motivo para isso tem nome e sobrenome, as direções sindicais dos
servidores como SINDSEP - dirigido pela CUT e pelo PT e, principalmente, SINPEEM com Cláudio Fonseca - presidente do sindicato e vereador do PPS e da base aliado do Prefeito Bruno Covas. Desde o início da greve viemos apontando o caminho para isso, exigindo a abertura de voz e espaço para que os comandos de greve, que foram uma força desde o início, e deveriam dirigir os rumos da batalha com a mais ampla democracia de base, pudessem passar a confiança necessária aos professores e servidores que ainda não estavam seguros para optarem pela adesão ao movimento e por essa via, massificar a greve no município, isso combinado a um chamado para que as Centrais Sindicais colocassem toda sua estrutura à serviço de dar visibilidade nacional para nossa luta, tirando-a do isolamento e fazendo que todos os trabalhadores enxergassem na luta contra o SAMPAPREV um lampejo da luta necessária a ser construída contra a Reforma da Previdência de Bolsonaro.

A cada dia se mostra mais insuficiente a estratégia que as direções sindicais, reunidas no Fórum das Entidades Sindicais, estão levando à frente para dar continuidade a greve - sem se comprometer a colocar toda sua estrutura à serviço da luta para massifica-lá, sem dar condições reais para lutarmos e mais do que isso, tirar nossa greve do isolamento e por essa via, dar o melhor combate em torno da pauta dos trabalhadores do município. O fato de até agora não terem tomado nenhuma medida concreta para defender o nosso direito de greve e, mais do que isso, só terem aprovado a conformação de um fundo de greve na assembleia passada e por pressão dos professores e servidores, só colocam elementos que nos ajudam a enxergar a ausência de uma estratégia para derrotar Covas e fazer triunfar a luta dos professores e os servidores.

Quando Bruno Covas passou a ameaçar cortar o ponto dos grevistas, dia 14/02, fizemos diversos alertas e exigências para que o SINPEEM, os demais sindicatos e as centrais sindicais, como a CUT e CTB, fizessem uma forte campanha nacional em defesa do direito de greve dos professores e servidores municipais de São Paulo, mas nada foi feito até agora. Defender o direito de greve dos servidores é central não só para que a nossa luta continue e se fortaleça, mas também para proteger os lutadores de futuros ataques da prefeitura. Além disso, é assegurar que as demais categorias possam se levantar contra a Reforma da Previdência de Bolsonaro e Guedes. Não ter isso em mente e como hierarquia mostra que construir uma luta nacional pelo direito de se aposentar não é, nem de longe, um objetivo das centrais sindicais. A CUT e a CTB, que dirigem os maiores sindicatos do país, entre eles a Apeoesp, outra enorme categoria que poderia se unificar com os servidores de São Paulo e fazer parte dessa campanha, mas que mais uma vez sua direção não permitiu.

O fundo de greve é uma ferramenta política dos trabalhadores. Em primeiro lugar para mandar um recado claro aos patrões e governos de que não vencerão impondo a fome e fazendo doer no bolso do grevista. Segundo para dar confiança às mães e pais de família para que entrem na greve e expressem toda sua força. E terceiro por expressar a mais alta solidariedade entre os trabalhadores, já que é formado com contribuição de diversas entidades e categorias. Claudio Fonseca e o Fórum das Entidades Sindicais precisaram de 22 dias de greve para ouvirem os professores e colocar para votar a conformação de um fundo de greve. Mas aprovar em assembleia não é garantir que ele exista, por isso não podemos nos enganar com o discurso demagógico de Claudio Fonseca, vereador pelo PPS, de que vai doar o próprio salário para o fundo. Se concordasse realmente com isso teria atendido a essa demanda dos grevistas antes e não ter ficado de braços cruzados esperando o corte de ponto se efetivar nas folhas de pagamento. É dever das direções preparar os trabalhadores para as batalhas e seus vários cenários, e o corte de ponto é sempre um deles, principalmente no momento de ofensiva dos governos contra os direitos dos trabalhadores.

O que fazer agora?

Os professores do Nossa Classe Educação acreditam que todos os professores e professoras, servidores e servidoras, guerreiros obstinados que travam essa luta com as próprias mãos desde março do ano passado, podem intensificar a paralisação nessa quinta-feira, 28 de fevereiro, e demonstrar ao prefeito Covas que não nos calaremos frente a sua petulância e intransigência. Precisamos exigir, mais do que nunca, de todos os sindicatos e centrais sindicais o compromisso de colocar de pé uma campanha nacional ativa pelo direito de greve e de lutar dos professores e servidores, em cada local de trabalho e estudo. Também precisam assumir o compromisso de não deixar os grevistas a sorte de sua própria agonia, com o corte de ponto e levantar um verdadeiro fundo de greve nacional, impulsionado pelas direções da greve e pelas Centrais Sindicais, que garanta que possamos continuar nossa luta, até arrancar de Bruno Covas em primeiro lugar a retirada de todas as faltas e o pagamento imediato dos dias parados, respeitando o direito legítimo dos trabalhadores de lutar e colocando em cena a força desse funcionalismo que luta pela reversão do SAMPAPREV e contra a Reforma da Previdência de Bolsonaro.

Fazemos também um chamado aos parlamentares do PSOL, que podem usar toda sua visibilidade e cobertura democrática para denunciar o ataque de Brunos Covas aos trabalhadores, também levando a frente o chamado às Centrais para que comecem já a campanha nacional pelo direito de greve. Nesse momento, em que essa é a principal greve em curso estadual e até mesmo nacionalmente, com corte de salários dos professores e servidores, todos os deputados do PSOL deveriam tentar fazer um verdadeiro escândalo contra o corte de salários dos servidores, o que também ajudaria as centrais a se mexerem e defender com todas as forças os grevistas atacados.

Essa quinta-feira é um dia decisivo para os rumos da nossa luta e cada um de nós precisamos não titubear quanto a confiança na nossa força, que durante esse quase um mês de greve fez Bruno Covas tenha tido que sair da intransigência e negociar com o movimento grevista que não arredou pé da luta. Fez as direções sindicais terem que voltar atrás e acatar decisões dos grevistas em assembleias. Fez a mídia ter que retroceder com o cerco que estava fazendo na nossa greve para que não tivéssemos apoio da população. A nossa luta é crucial para preparar as batalhas futuras dos trabalhadores desse país e é com essa moral que precisamos lotar a frente da prefeitura de São Paulo mais uma vez!

 
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