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GOLPISMO NA VENEZUELA
Grupo de Lima teve que descartar opção militar e aprofunda sanções à Venezuela
Milton D’León
Caracas

Nesta segunda-feira, 25, o Grupo Lima se reuniu em Bogotá, com a presença do vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, ao qual foi incorporado o autoproclamado "presidente interino" da Venezuela, Juan Guaidó. Nessa reunião, um documento conjunto teria sido acordado, do qual estaria “excluído” o "uso da força" (intervenção militar estrangeira) para derrubar Maduro.

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Se trata de uma reunião logo após o fracasso da ofensiva golpista realizada neste sábado, 23 de fevereiro. Nela concentraram todos seus esforços, onde se reuniram grandes representantes do governo de Trump e de países latinoamericanos, incluindo a presença do presidente chileno, Sebastián Piñera, e já haviam feito Juan Guaidó viajar a Cúcuta para que entrasse "triunfante" à frente da caravana da "ajuda humanitária ". Um fiasco. Por isso que a atenção estava concentrada no que aconteceria nesta segunda-feira em Bogotá com a reunião do Grupo de Lima.

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Embora Trump continue com suas declarações de que "todas as opções estão na mesa", os vários representantes do grupo de Lima declararam durante o dia que "descartavam" o "uso da força" na Venezuela. Tal como fez o Peru e o vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, que disse acreditar "firmemente" que é "possível devolver a Venezuela ao convívio democrático das Américas" sem "qualquer medida extrema". Embora pressões neste sentido possam vir do imperialismo ianque no futuro, falando de cenários que não se fecharam.

O que estaria contido no documento, e em total harmonia com o "pedido" de Mike Pence ao grupo em Lima, é o que se refere a que se proponham a tomar decisões que aprofundem as sanções econômicas, e insistir na "pressão diplomática" contra Maduro.

Nesse documento, se chamaria a congelar de imediato os ativos da PDVSA em seus respectivos países, como já fez os Estados Unidos com a petrolífera venezuelana Citgo, "transferir os ativos venezuelanos para o controle de Guaidó", restringir a entrega de vistos aos altos membros do governo Maduro e a votar no BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) para reconheçam Guaidó.

As resoluções expressas neste documento reconhecem praticamente o que Mike Pence vinha ditando, e que havia declarado horas antes em uma conferencia de imprensa junto ao presidente da Colômbia, Iván Duque, e Juan Guaidó.

Ao chegar em Bogotá, na manhã desta segunda-feira, Mike Pence declarou: "Fazemos um chamado a todas as nações do Grupo Lima para que congelem imediatamente os ativos da PDVSA. Em segundo lugar, transfiram a posse de bens venezuelanos em seu país dos capangas de Maduro para o governo do presidente Guaidó." Reafirmando de forma impositiva que "todos os países do grupo de Lima têm que fazer isso a partir de amanhã".

Ao mesmo tempo, anunciou mais sanções econômicas e diplomáticas contra a Venezuela, declarando que "chegou a hora e para apoiá-los (os países do Grupo Lima) nestes esforços, sob as instruções do presidente Donald Trump, a partir de hoje os Estados Unidos imporão sanções adicionais aos funcionários" do governo venezuelano, incluindo três governadores dos estados vizinhos da Colômbia. Acrescentou também que "nos próximos dias (...) os Estados Unidos anunciarão sanções ainda mais fortes às redes financeiras corruptas do regime".

Sua pregação veio pouco depois que o governo dos EUA estabeleceu sanções contra quatro governadores venezuelanos por suposta "corrupção e por impedir a entrada de ajuda humanitária". Sanções que foram anunciadas em Bogotá, quando o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, e o representante da oposição, Juan Guaidó, reuniram-se com membros do Grupo Lima. Essas sanções foram anunciadas pelo secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, de Washington.

"O Departamento do Tesouro está sancionando quatro governadores estaduais alinhados com o ex-presidente Maduro por restringir uma assistência humanitária extremamente necessária", disse Mnuchin. Os sancionados são os governadores dos estados de Apure, Ramón Carrizalez e Zulia, Omar José Prieto, ambos fronteiriços com a Colômbia, e os das áreas costeiras de Carabobo, Rafael Lacava, e Vargas, Jorge Luis Garcia Carneiro. Mnuchin reiterou que "os EUA apoiam plenamente os esforços do líder do Parlamento da Venezuela, Juan Guaidó. "

Pence, na conferência de imprensa, repetiu a declaração anterior de que haveria uma anistia para os membros das forças armadas que apoiam Guaidó nos próprios Estados Unidos. "Deixamos claro a vocês que apoiaremos o pedido do presidente interino de uma anistia, um governo inclusivo, um futuro inclusivo para os membros das Forças Armadas que depuseram suas armas e apoiam o governo de Guaidó", disse Pence.

Em total harmonia com os Estados Unidos, com as declarações de Donald Trump, de que "todas as opções estão na mesa", Juan Guaidó insistiu novamente no uso de forças militares estrangeiras. Assim declarou que "é hora, irmãos, irmãs de toda a região, de agir com determinação e seguir construindo essas capacidades com todos os cenários internacionais possíveis, em respeito à Constituição venezuelana, toda a força para poder cessar essa dramática situação em nosso país. " Lembremos que Guaidó, fazendo alusão à Constituição há várias semanas, apelou para o uso de forças militares estrangeiras no país.

De sua parte, o outro fantoche de Washington, o presidente colombiano, Iván Duque, declarou: "Nós tomamos ações e decisões de sanção ao ditador e damos maior legitimidade e poder à Assembléia Nacional e ao presidente interino".

Resta saber quais características terão as sanções "maiores" anunciadas por Mike Pence, que buscarão o estrangulamento econômico do governo de Maduro para fazê-lo cair. Porém, devemos ter claro que na verdade são sanções, como as anunciadas anteriormente, como o embargo ao petróleo, que recairão com força sobre o povo venezuelano, que já vem padecendo as grandes calamidades da catástrofe econômica e social de responsabilidade do governo Maduro. Revela-se uma vez mais que a "ajuda humanitária", quando recorre a medidas deste tipo, é uma fachada para uma escalada intervencionista.

Juan Guaidó, por sua vez, anunciou que retornará a Caracas, embora desta vez haja a possibilidade de que seja preso por conta de uma decisão judicial que não permitia que deixasse o país. Aqui também a situação de Maduro será medida, se avança neste sentido ou se sente pressionado ao extremo pelas medidas por vir e não leve a cabo opção. Novos cenários ainda estão por se desenrolar em um momento em que as forças armadas venezuelanas estão se transformam com mais força em árbitros da crise nacional, e para o qual todos apelam.

Entretanto, é claro que, sem dar qualquer apoio político a Maduro, devemos nos opor fortemente a esta descarada intervenção imperialista, inclusive suas sanções. Se o imperialismo avança na Venezuela em sua escalada intervencionista e golpista, abrirá caminho para uma ofensiva maior; por isso que os trabalhadores e os povos da América Latina também têm que fazer frente a essa ofensiva do imperialismo norte-americano que tem o apoio de toda o direitismo continental.

Editorial: Chamamos as centrais sindicais e a esquerda a organizar um grande ato contra a ofensiva imperialista na Venezuela

 
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