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Trotski: “A vida é bela. Que as futuras gerações a livrem de todo mal e opressão"
Débora Torres
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O que é vida?

“A vida é bela. Que as futuras gerações a livrem de todo mal e opressão, e possam desfrutá-la em toda sua plenitude.”

Vida significa existência. É o período que decorre entre o nascimento e a morte. Tempo de existência. Respirar, ouvir, ver, sentir. Estar no mundo, conviver, aprender, andar, correr. Amar, descobrir. Podemos definir a vida de diversas formas, podemos pensar na vida como ela é e na vida como ela deveria ser.

Queremos um sentido para vida, o que alguns caracterizam por “busca da felicidade”. Queremos um sentido para que todas as mazelas e sofrimentos, todos os esforços valham de fato a pena. Buscamos recompensas. Em resumo, a grande questão com a qual nos deparamos diariamente é como podemos viver nossas vidas da melhor forma, tornando-a plena de sentido.

Diversos foram os filósofos que afirmaram ser a felicidade o motor central de nossa existência. Epicuro, por exemplo, definia a felicidade como sendo resultado da satisfação de desejos, sem dores, livre de preocupações e sofrimentos. E temos de fato muitos desejos dentro de nós, alguns deles sendo essenciais para nossa sobrevivência. Naturais, como o sono e a fome. Não há muito como se esquivar dessas necessidades. E mesmo assim, o que se vê todos os dias, é ainda quem se depara para conseguir alimento, moradia e condições mais básicas para sobreviver. Sobreviver! Ainda existem os desejos “artificiais”, atrelados a lógica de consumo, que associa o “ter” ao “ser”. Para ser feliz, é preciso ter aquele carro, vestir aquela roupa, ter aquele celular e assim por diante. O que o sistema capitalista nos impõe como felicidade é o consumo, e mais que isso, a mercadoria passa ter também a função de proporcionar ao consumidor a tal sensação de felicidade. Assim sendo, ela não só nos condiciona economicamente, mas também nos subordina subjetivamente. Domina nossos sonhos, nossos desejos e nossas sensações.

E para que sejamos felizes nessa lógica, precisamos comprar. Para ter e consequentemente, ser, a classe trabalhadora se vê vendendo seu intelecto, seu tempo e suas forças produtivas muito barato, para que através do consumo tenha alguma sensação de recompensa. E sempre terá outra mercadoria, outro produto, outro comercial que nos faça sentir ainda vazios, ainda infelizes, ainda incompletos. Essa engrenagem nos esmaga dia após dia, e não preenche de fato nossa vida de sentido e realização profundamente.

Leon Trotski escreveu em fevereiro de 1917 sobre a necessidade de amar a vida.

Mas amá-la com “os olhos abertos, com um sentido crítico cabal, sem ilusões, tal como ela nos aparece, com o que nos oferece, essa é a proeza. Nossa proeza é realizar um esforço apaixonado para sacudir aqueles que estão entorpecidos pela rotina; fazer com que abram os olhos e vejam aquilo que se aproxima”.

Isto significa compreender as engrenagens capitalistas e apaixonadamente, lutar para destruí-las e construir novas bases, onde nossa vida seja de fato repleta do que realmente somos, do que de fato nos inspira e nos move. Para que não sejamos mais alvos da indústria cultural e da lógica do lucro e da mercadoria. Para que a felicidade seja de fato parte orgânica de nossos dias e não simbolizada artificialmente em produtos e rótulos que viram lixo. Para isso, é necessário compreender que neste sistema, não há possibilidade qualquer de liberdade, igualdade e menos ainda de concretizar nossos sonhos e desejos mais profundos. A vida é bela, o capitalismo e toda sua brutalidade nos condicionam a apenas uma parte do que de fato podemos ser. Do que a vida de fato é. Nossas lutas e conquistas edificarão a vida dos que virão depois de nós. E que seja edificada a nova vida, esta sim, liberta de toda exploração e opressão!

“O modo de vida comunista não crescerá às cegas como os recifes de coral no mar, mas controlado, dirigido e retificado de forma consciente pelo pensamento crítico (...) O homem, enfim, começará seriamente a harmonizar seu próprio ser. (...) O homem irá se esforçar para dirigir seus próprios sentimentos, elevar seus instintos ao plano do consciente e torna-los límpidos para orientar sua vontade nas trevas do inconsciente. (...) E todas as artes – literatura, teatro, pintura, escultura, música e arquitetura – darão a esse processo uma forma sublime. (...) E sobre ela (a espécie humana) se levantarão novos cumes” (Trotski em “Literatura e Revolução”).

 
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