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UNICAMP
Portas Abertas para apresentar a excelência e esconder as contradições
Diego Felicetti
Coordenador do CACH - Unicamp

Desta vez o dia escolhido foi 29 de agosto, no UPA (Unicamp de Portas Abertas) a Unicamp abre suas portas à população para poderem conhecer melhor essa “universidade de ponta”. E sabem muito bem como mostrar isso à sociedade, porém o que realmente querem é esconder e maquiar é todas as contradições e os absurdos que sustentam essa universidade de elite. Neste sábado, as trabalhadoras e os trabalhadores do restaurante universitário não precisaram usar os uniformes da empresa. A ordem foi colocar a camisa do UPA, maquiando o trabalho precário que pessoas possuem dentro desta universidade de elite.

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Primeiramente, toda a universidade é dirigida por um setor, uma cúpula de pessoas que tem o rumo da universidade nas mãos. A reitoria e o Conselho Universitário, CONSU, são os órgãos dirigidos pela mais alta casta da universidade, fazem toda a lógica funcionar, com todos seus privilégios, como seus supersalários http://www.esquerdadiario.com.br/Supersalarios-Justica-ou-privilegio,e têm seus interesses intrinsecamente ligados aos empresários e a um projeto de universidade cada vez menos acessível para a grande parte dessa população que veio conhecer a Unicamp neste sábado.

Não devemos negar que parte do conhecimento produzido no país é vinda da Unicamp, assim como também a maior parte das patentes do país é dessa universidade que são desenvolvidas, mas precisamos refletir: para quem serve todo esse conhecimento produzido na universidade? O conhecimento produzido na Unicamp está sendo voltado aos interesses de empresários, que tem os seus lucros como o fim para o conhecimento produzido dentro da mesma, enquanto os problemas relacionados a sociedade como mobilidade urbana, áreas de recreação e políticas prevenção a epidemias como dengue não saem daí ou ficam em segundo plano, pois a lógica imposta é produzir o que é mais rentável, ou seja, o que garanta mais lucro para as empresas.

E podemos questionar ainda mais fundo, quem é que pode ter acesso a essa universidade? Acesso ao conhecimento e todas as oportunidades que a universidade tem, como a cultura, lazer, e vivência? Muitos jovens que vieram neste sábado ao UPA não poderão estar aqui no próximo ano, pois existe um filtro social chamado vestibular que seleciona quem deve entrar ou não, ou seja, restringe o acesso a quem sempre teve melhores oportunidades, em geral que pôde estudar em escolas preparatórias. Isso mostra que a Unicamp não pensa em quem veio de escola publica, que é a grande maioria que fica de fora. E àqueles que vieram daí, que conseguiram furar esse filtro social, ainda passa por processos burocráticos para se sustentar na universidade.

Com um dos melhores sistemas de permanência estudantil ao ser comparado com outras universidades, mas que se mostra ainda insuficiente, a Unicamp oferece moradia com blocos caindo aos pedaços e falta de vagas para os estudantes mais carentes terem onde morar, a bolsa auxilio, na verdade, é bolsa trabalho e cobre o cargo de funcionários com bolsistas que não têm nenhum direito e as bolsas de pesquisa cada vez mais concorridas e mergulhadas na lógica produtivista. Sem falar na alimentação que é feita em base ao trabalho ultra precário de centenas de trabalhadores terceirizados, sem os mesmos direitos que os demais trabalhadores “efetivos”, além do fato de que muitos vegetarianos não comem na universidade período noturno por não ter opção. Até quem garante a permanência dos estudantes dentro da universidade não está fora deste projeto de universidade desigual. Aos funcionários concursados não tem isonomia de salários prometido pelo reitor em sua campanha, tendo seu trabalho cada vez mais precário e sucateado. E, principalmente, os trabalhadores terceirizados que garantem toda a limpeza e a alimentação dos estudantes e à toda a comunidade acadêmica, são os que ganham um salário baixíssimo, injusto, sendo que muitos acordam as quatro da madrugada para garantir o almoço de todos. Trabalham com uma carga de horas também altíssima e condições precárias.

Todos que passaram pela Unicamp puderam ver o quanto essa universidade pode proporcionar a toda sociedade. Por isso e contra as injustiças em sua estrutura e sua falta de acesso, que cada novo ingressante lute contra como esta universidade se configura e dispute seu rumo, para que possamos ter uma universidade realmente pública, acessível à juventude e aos interesses da classe trabalhadora e da população pobre, com trabalhadores respeitados, e seus direitos assegurados e para que ela não abra um dia e permaneça os demais 364 dias do ano hostil e fechada.

 
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