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Recuo da GM em Gravataí: uma boa notícia para a luta contra as reformas
Movimento Nossa Classe, Rio Grande do Sul

Após anunciar a aplicação de 21 medidas baseadas na reforma trabalhista para aumentar a exploração dos trabalhadores, a GM anunciou nessa sexta-feira(1), após protesto dos operários, que vai retroceder nessas medidas na planta de Gravataí/RS. É um sinal de que a implementação dos ataques contra os trabalhadores não vai passar sem dificuldades.

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Em uma ofensiva nacional contra os trabalhadores de suas plantas, a GM apresentou medidas de diminuição salarial, corte de Participação por Resultados, aumento da carga horária, terceirização, flexibilização dos regimes de trabalho, e mais uma série de cortes de benefícios dos trabalhadores. Com a justificativa (muito duvidosa, já que mantém as contas em segredo) de que está tendo prejuízo nas operações brasileiras, a montadora apresentou medidas semelhantes em suas 3 fabricas do país, em São Caetano do Sul (SP), São José dos Campos (SP) e Gravataí (RS).

Em Gravataí, onde os metalúrgicos tem um dos menores pisos em nível nacional da categoria, a reação dos trabalhadores não tardou. Já na manhã de terça-feira (29), realizaram um trancaço e um ato no portão da empresa, paralisando temporariamente a produção e rechaçando as propostas da patronal em sua assembleia. Foi uma importante demostração de que os trabalhadores não aceitariam passivamente esses ataques e a chantagem da patronal que ameaçava fechar as portas caso não revertesse o “prejuízo” tirando o couro dos operários. Diante disso a empresa declarou que recuaria da aplicação dos 21 pontos e honraria o acordo coletivo vigente que vale até 31 de março do ano que vem.

Essa ofensiva da GM, mas também seu recuo, são fatos de enorme relevância para a luta de classes no próximo período.

Desde a aprovação da Reforma Trabalhista em 2017, as patronais hesitavam em aplicar na prática as mudanças feitas na legislação, por insegurança jurídica, pela instabilidade política, pelas eleições de 2018, e principalmente pelo fantasma das grandes paralisações gerais de 2017, que colocaram milhões de trabalhadores em greve nas ruas contra os ataques de Temer e dos capitalistas, e que apenas não foram adiante devido à traição das grandes centrais sindicais.

Estamos no início do governo de Bolsonaro, que defende abertamente o aprofundamento da reforma trabalhista, a retirada de direitos dos trabalhadores, o “fim dos ativismos”, entre outros ataques. É significativo que justo nesse momento, uma grande multinacional como a GM se sinta “à vontade” para apresentar uma agenda de ataques tão brutais para intensificar a exploração em grandes bastiões da classe operária brasileira. Isso contra uma categoria (metalúrgicos) que historicamente protagonizou fortes lutas e conquistou um nível de organização que lhe garantiu a conquista e manutenção de muitos direitos.

Veja mais: GM: o primeiro grande embate da reforma trabalhista

Se a ofensiva da GM em um bastião operário tem um forte significado, seu recuo diante do rechaço dos trabalhadores é um sinal ainda mais importante. Mostra que, apesar de todos os ataques que Temer e o golpismo conseguiram avançar contra a classe trabalhadora, ainda há forças para enfrentar a reforma da previdência e lutar pela revogação da reforma trabalhista. A correlação de forças entre as classes não está tão favorável assim para os capitalistas contra a classe trabalhadora, os grandes ataques não passarão sem maiores conflitos no terreno da luta de classes.

É possível e necessário derrotarmos os ataques

Se mesmo com o clima de passividade e paralisia instaurado nacionalmente pelas grandes centrais sindicais, como a CUT, CTB e Força Sindical (esta última, que dirige os sindicatos dos metalúrgicos de Gravataí e São Caetano do Sul), vemos a patronal recuando diante de uma sinalização de resistência por parte dos trabalhadores, com uma grande mobilização nacional da classe trabalhadora, poderíamos muito mais. Seria plenamente possível barrar os ataques em cada local de trabalho, barrar a Reforma da Previdência de Bolsonaro e Temer, tão desejada pelos capitalistas, privatizações, e reverter todos os ataques aplicados anteriormente como a própria Reforma Trabalhista, terceirização irrestrita e lei do Teto de Gastos.

As manifestações dos operários de Gravataí contra as 21 medidas da GM, assim como a mobilização dos metroviários de SP com indicativo de greve para dia 5, mostram que há disposição de luta por parte dos trabalhadores para enfrentar os planos de Bolsonaro, Guedes, Mourão, o capital financeiro e as patronais. Porém o avanço e a coordenação nacional destas expressões da disposição de luta da classe trabalhadora esbarram na política das centrais sindicais. Exigimos que rompam sua trégua com Bolsonaro e as patronais, que vem desde o governo golpista de Temer, para colocar os milhares de sindicatos que dirigem a serviço de organizar os trabalhadores para lutar contra os ataques que estão por vir, começando por organizar a luta contra a reforma da previdência nacionalmente e a luta na GM e fortes mobilizações de apoio desde outras categorias e da juventude.

Para o 8 de março, dia internacional de luta das mulheres trabalhadoras, primeira data de manifestações políticas internacionais deste ano frente ao governo misógino de Bolsonaro, aliado de Trump nos EUA, há mais de um chamado à greve internacional de mulheres. Estes chamados vêm dos EUA, Estado Espanhol e do movimento feminista de outros países. As mulheres são as primeiras a sentir os ataques dos capitalistas para descarregar a crise nas costas da classe trabalhadora que Bolsonaro, os militares e mulheres como Damares querem impor. É necessário que as centrais sindicais e as entidades estudantis como a UNE organizem paralisações e grandes manifestações neste dia, massivamente, desde as bases, como parte da luta contra a reforma da previdência e pela revogação da reforma trabalhista, o teto de gastos e as privatizações.

O fim do recesso parlamentar, com a eleição de Rodrigo Maia, pivô dos ataques contra os trabalhadores, para a presidência da câmara, é anúncio de que em breve poderá estar entrando em pauta a Reforma da Previdência, a “cereja do bolo” dos ataque econômicos da burguesia para ampliar sua exploração contra os trabalhadores. Diante disso, a política da oposição de “resistência parlamentar”, defendida pelo do PT e da qual o PSOL se coloca parte, é um beco sem saída. Acaba por entregar nossos direitos, enquanto o PT aposta em recuperar a administração do Estado capitalista e decadente brasileiro em 2022, sem luta da classe trabalhadora. Na prática é deixar o protagonismo da luta contra Bolsonaro para um punhado de parlamentares e não para os milhões de trabalhadores que querem defender seus direitos.

É necessário desde já que os trabalhadores exijam de cada sindicato que rompam com a trégua contra o governo e organizem a luta pela revogação da reforma trabalhista e contra a reforma da previdência. Tais exigências devem ser feitas desde assembleias e comitês, que possam também servir para impulsionar sua auto-organização desde a base.

Chamamos a Conlutas, que se coloca à esquerda de centrais sindicais como CUT e CTB, mas é conivente com tal paralisia, para que seja contrapressão a esse imobilismo das centrais. Se apoiando no recuo da GM em Gravataí, é preciso aprovar em assembleia junto aos trabalhadores de São José dos Campos o repúdio aos ataques da GM e um grande ato em frente a GM mobilizando todas as forças no estado de SP. Além disso é necessário exigir das demais centrais sindicais que organizem a luta da classe trabalhadora nacionalmente, com assembleias de base em cada categoria para votar um plano de lutas contra a reforma da previdência e todos os ataques de Bolsonaro.

 
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