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MINAS GERAIS
De Mariana a Brumadinho: quantas vidas, rios e cidades a Vale ainda vai destruir?
Redação

Mais um crime entra na lista da mineradora Vale, uma das donas da Samarco, que segue impune desde a destruição do distrito de Bento Rodrigues e do Rio Doce, matando 19 pessoas. A Vale já confirmou que há vítimas no novo desastre de hoje em Brumadinho, e os danos ambientais ainda não foram calculados.

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4 anos do crime de Mariana: dano incalculável para população e meio ambiente

A barragem que rompeu hoje (25), localizada em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, irá custar vidas, assim como o crime de Mariana. A barragem do Córrego do Feijão, pertencente à mineradora Vale, espalhou uma lama densa e tóxica, destruindo casas, comércios e toda a região, com consequências de valor incalculável para a população e para o meio ambiente.

Enquanto lucra bilhões com a mineração, a Vale segue destruindo vidas e o meio ambiente com a cumplicidade de governos e do judiciário.

O crime de Mariana, que deixou 19 mortos e foi categorizado como um dos maiores crimes ambientais da história, espalhou por todo Rio Doce a lama tóxica desenfreada, que confirmou a morte do rio e de todo tipo de vida. Amostras coletadas do Rio comprovaram a presença de metais pesados, como chumbo, alumínio e mercúrio, afetando não só a vida local mas toda organização do ecossistema, podendo ter gerado consequências muito maiores à população, como o surto de febre amarela em Minas Gerais em 2017, conforme apontaram diversos biólogos.

Além disso, afeta diretamente a vida de populações ribeirinhas e quilombolas, que dependem da possibilidade do uso de água e de solo fértil para plantio, deixando centenas de desabrigados em condições de miséria. Diante da destruição do Rio doce pela lama, que pode ter chegado no arquipélago de Abrolhos (Bahia), afetou violentamente a pesca: calcula-se que morreram 11 toneladas de peixe e a população, que se vê obrigada a pescar no rio contaminado recebe multas milionárias do Ibama, que proibiu a pesca no Rio Doce.

Mulher é resgatada na lama que destruiu Brumadinho, Belo Horizonte (MG)/ Reprodução: R7

A Vale, dona da Samarco junto à anglo-australiana BHP Billiton, não só causou danos irreparáveis em diversos níveis para o meio ambiente e para a população, como avança com a precarização do trabalho, demitindo trabalhadores em massa para manter seus lucros: em 2017, dois anos após o crime de Mariana, a empresa demitiu 600 trabalhadores. A empresa, que continuou cometendo crimes ambientais de danos incalculáveis para toda a população, como ocorreu no Espírito Santo, onde outra barragem iniciou um processo de inundação, segue impune do crime de Mariana, lesando vidas em todos os lugares.

Em acordo com o judiciário golpista, a mineradora Samarco e suas controladoras, a Vale e a BHP Billiton, assinaram um acordo com o Ministério Público Federal (MPF) e outras autoridades, que extinguiu uma ação de 20 bilhões de reais movida contra as empresas pela União e os Estados, na tentativa de reparar os danos causados.

O caos instalado em Mariana e Brumadinho, onde ainda sequer é possível medir o nível de consequências, deixa marcas não só para o meio ambiente, mas para os trabalhadores e povo pobre afetado pela destruição generalizada: em 2018, 3 anos após o crime de Mariana, a depressão e estresses frutos daqueles que perderam casas e familiares pela invasão da lama tóxica se alastra entre crianças, jovens e adultos. Um estudo realizado pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) em abril de 2018, indicou que mais de 80% das crianças, adolescentes e jovens que presenciaram o desastre estão com sinais de transtorno de estresse pós-traumático. Nos adultos, 12% dos atingidos tiveram esse diagnóstico. O risco de suicídio também aumentou, ultrapassando a média nacional e chegando cerca de 7,1%.

Com um lucro de R$ 17,627 bilhões em 2017, a Vale permanece negligente quanto à manutenção adequada das barragens e segue impune dos crimes que vem cometendo. A irracionalidade do capitalismo, que explora a classe trabalhadora e o meio ambiente ao seu bel-prazer em nome de lucros bilionários, custa milhares de vidas, descarregando nos trabalhadores a crise por meio da precarização do trabalho, explorando recursos ambientais desenfreadamente, afetando toda população e meio ambiente. Mariana e Brumadinho não são acidentes. Esses crimes têm dono, nome e endereço: está nas costas dos capitalistas e do Estado, além do judiciário que segue inocentando os grandes empresários.

Por isso essa tragédia deve também nos mobilizar contra os planos econômicos do governo Bolsonaro e seu guru economista Paulo Guedes, que em todas as oportunidades que tiveram, falaram em nome da diminuição de fiscalização às mineradoras, um programa que quando ligado à sede de lucro desses grupos capitalistas, pode levar rapidamente a novas tragédias como essas. Esse desastre humano e ambiental é o resultado da privatização e falta de fiscalização que Bolsonaro, Guedes e Zema defendem, que por sua vez é herança da política do PT (com Pimentel em MG, e Dilma e Lula no governo federal) de licenças ambientais pras mineradoras durante todos esses anos.

Para impedir a destruição do meio ambiente, e principalmente, de milhares de vidas, é necessária a re-estatização da Vale sob gestão dos trabalhadores e controle da população, colocando a mineração a serviço da classe trabalhadora e do povo pobre, buscando uma produção que não se paute no lucro e que não destrua o meio ambiente.

 
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