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GOLPE NA VENEZUELA
Com aval de Trump e da direita continental, Guaidó se autoproclama presidente da Venezuela
Redação

Em meio à tensão política do país, neste 23 de janeiro em que tanto o governo quanto a oposição de direita convocaram marchas e concentrações, o presidente da Assembleia Nacional, em mãos da oposição, se proclamou como presidente encarregado da Venezuela, sendo reconhecido como tal pelos Estados Unidos minutos depois, o primeiro a fazê-lo ao mesmo tempo em que “alentava” a que “os outros governos do Hemisfério Ocidental” fizessem o mesmo. Imediatamente depois, Luis Almagro, atual Secretário Geral da OEA, fez o mesmo.

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Em um discurso, depois de mencionar uma série de generalidades e que no país tinham feito 53 concentrações em diferentes cidades, Juan Guaidó se dirigiu às Forças Armadas reforçando seu chamado a que tomem a iniciativa na situação, ao mesmo tempo em que lhes lembrou que existe a Lei de Anistia para "aqueles que decidem ficar do lado da Constituição", e que a partir da primeira semana de fevereiro milhares de leis de anistia serão impressas para serem distribuídas nos quartéis. Tudo no caminho de ser empossado como presidente no comando.

Ele então declarou: "Hoje, 23 de janeiro de 2019, na qualidade de presidente da Assembléia Nacional, invocando os artigos da Constituição (...) diante do Deus Todo Poderoso, Venezuela (...) eu juro assumir formalmente os poderes do Executivo Nacional. como presidente encarregado da Venezuela ".

Durante o dia houve marchas de um lado e do outro, nas quais ficou claro que as mobilizações convocadas pela oposição de direita superavam em número as do chavismo, pelo menos na cidade de Caracas e outras como Maracaibo ou Barquisimeto, só para mencionar algumas. Vale ressaltar que até o momento em que escrevemos este artigo, a marcha da oposição foi realizada normalmente, exceto por alguns atos punitivos em Caracas e duas cidades no interior, onde pelo menos duas mortes foram relatadas.

Embora seja digno de nota que momentos antes de Guaidó ser empossado como presidente no comando, o presidente da Câmara Constitucional do Supremo Tribunal de Justiça (leal ao governo) instou o Ministério Público a "agir" de "maneira imediata" diante de "conduta criminosa" da diretriz do Parlamento. Declarou textualmente que "Esta sala exorta o Ministério Público a investigar as responsabilidades que possam ter os membros da Assembleia Nacional perante a materialização objetiva de condutas constitutivas do delito". O que torna esse momento ainda mais tenso.

Poucos minutos depois de Guaidó ser empossado como presidente no comando, como em um livro previamente escrito, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que reconhece o titular da Assembléia Nacional (AN, Parlamento) como "presidente legítimo", saltando decibéis de ingerência sobre a política local. Para a oposição de direita, que eleva o discurso da soberania popular, parece que ela está nos escritórios do governo dos EUA, porque é mais do que claro que é em quem estão depositando a definição de quem é ou não o Presidente legítimo da Venezuela.

E em um claro reconhecimento também, o Secretário Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, declarou que o "relógio sobre a saída da Venezuela" do organismo parou "já". "O relógio já parou, desde já", concluiu, na mesma linha de Washington e em alusão ao "novo presidente encarregado", como se Guidó denominou. E es que, em seu discurso, Juan Guaidó “nomeou" Gustavo Tarre Briceño como embaixador "especial do país" perante a Organização dos Estados Americanos (OEA).

Na mesma linha, foi anunciado o reconhecimento por parte de Mauricio Macri da Argentina e do Bolsonaro do Brasil, que já haviam antecipado que, se o presidente da Assembleia Nacional se declarasse presidente interino, o reconheceriam. O Paraguai fez o mesmo, e reações semelhantes foram dadas por outros países do Grupo Lima e de toda a direita continental.

É mais do que claro o caráter golpista do governo de Guaidó e toda a ala direita que o apoia, encorajada pelo imperialismo, e que é parte da escalada da ingerência norteamericana e da direita da região, que usa a demagogia da democracia para sua cruzada na região. Desde já, e nós dizemos isso claramente, nós do Esquerda Diário e do MRT nos opomos a esse pretenso governo de Guaidó.

Mas também dizemos claramente que, depois do fracasso e do colapso do chavismo, que acabou levando a situação a uma grande catástrofe econômica sem precedentes, de calamidades para o povo trabalhador, avançando para um bonapartismo reacionário e repressivo, é o que entregou de bandeja para que esta cruzada tomasse mais corpo.

Além disso, dando corda ao avanço das ideias mais de direita e abertamente reacionárias, já que este regime em decadência e quebrado terminou traindo e pervertendo termos como socialismo, revolução, ou qualquer tipo de ideia de nacionalização.

Devido à responsabilidade total do chavismo e do seu projeto fracassado, terminou facilitando toda essa ofensiva reacionária que desatou desde todo o direitismo continental e do imperialismo das mãos da direita criola, atingindo níveis descarados de intervencionismo, encorajando o golpismo como solução política para a crise no país, ou seja, ressuscitar mais uma vez a bota militar como forma de colocar "ordem" na crise nacional.

Sem dar qualquer apoio a Maduro, chamamos a enfrentar com essa investida golpista da direita e do imperialismo.

 
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