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ESPECIAL ROSA LUXEMBURGO: ÁGUIA DA REVOLUÇÃO
Rosa Luxemburgo, os anos de juventude
Josefina L. Martínez
Madrid | @josefinamar14

A biografia de Rosa Luxemburgo está atravessada por tantos acontecimentos históricos que poderia ocupar o roteiro de vários filmes. Começa aos 15 anos sua militância socialista.

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Tradução: Mariana Duarte

Sua vida está cruzada pelas grandes lutas da clase operária na Europa, a Revolução Russa de 1905, greves de massas em vários países, a emergência das tendências reformistas na social-democracia, a Primeira Guerra imperialista, a Revolução Russa de 1917 e a insurreição dos conselhos operários na Alemanha. Todos esses acontecimentos formam parte da sua história pessoal e política.

Rosa Luxemburgo viveu tempos intensos, nasceu na Polônia em 5 de março de 1871, o mesmo ano da Comuna de Paris, e morreu assassinada na Alemanha aos 47 anos, em janeiro de 1919.

Foi, sem dúvidas, uma personalidade impressionante. Brilhante teórica marxista, era também uma agitadora de massas que conseguia comover grandes auditórios operários e uma polemista aguda. Um de seus lemas favoritos era “primeiro, a ação”; estava dotada de uma força de vontade inquebrável para transformar a realidade.

Leon Trotski escreveu, em 1932, que era imprescindível resgatar a memória de Rosa Luxemburgo para “transmitir às jovens gerações operárias, em toda a sua grandeza e força inspiradora, esta imagem realmente encantadora, heroica e trágica”.

Sua vida é uma fonte de inspiração revolucionária, como parte de uma luta contra todos os esteriótipos estabelecidos para uma mulher em sua época. Luxemburgo enfrentou longos períodos na prisão e a perseguição da burguesia imperialista, mas também os ataques, a traição e calúnias dentro do movimento socialista reformista. “Rosa, a sanguinária”, a chamavam nos jornais burgueses. “Violenta”, “pedante”, a acusavam os reformistas dentro de seu próprio partido. Assim como no caso de Leon Trotski, assassinado pelo stalinismo, diversos inimigos concentraram seus ataques sobre a sua pessoa porque seu nome era sinônimo de Revolução.

Quando tinha dois anos de idade, sua família se mudou da localidade agrária de Zamosc para Varsóvia, onde passou a sua infância. Em pouco tempo, a pequena Rozalia se viu afetada por uma doença mal diagnosticada no quadril, que a deixou de cama durante um ano e lhe fez mancar um pouco permanentemente. Pertencente a uma família judia de comerciantes, os seus primeiros anos de juventude estão marcados por seu apaixonado interesse pela leitura e por uma marcada rebeldia.

A atividade revolucionária de Rosa Luxemburgo começa aos 15 anos, quando se integra ao movimiento socialista na Polônia. Rosa devora os livros de marxismo que chegam em suas mãos, assim como outras obras de filosofia e literatura.

Nesse momento o movimento socialista polonês era fortemente perseguido. Os dirigentes do primeiro núcleo do partido Proletariado haviam sido presos e quatro deles (Bardowski, Kunicki, Ossowski y Pietrusinski) foram enforcados em janeiro de 1886, em um famoso caso que impactou fortemente. Warynski, fundador do primeiro grupo socialista polonés, foi condenado a 16 anos de trabalhos forçados em uma prisão russa, onde morreu poucos anos depois. Em uma Polônia oprimida sob a bota do czarismo russo, golpeada por uma constante repressão policial, uma nova geração nascia para a vida política.

“Durante os seus últimos anos na escola, Rosa Luxemburgo esteve indubitavelmente em contato com grupos revolucionários ilegais. Tinha quinze anos quando se cumpriram as quatro sentenças à forca, as primeiras desde 1864. Em seu último ano de escola, era conhecida como politicamente ativa e era vista como indisciplinada. Em consequência, não lhe concederam a medalha de ouro por aproveitamento acadêmico, a qual era merecedora por seus méritos escolares. Mas a aluna mais excelente nos exames finais não somente era um problema nas aulas; até então era, com certeza, um membro regular das células subsistentes do Partido Revolucionário Proletariado, que haviam escapado das pesquisas policiais e que formaram o número do segundo Proletariado.”. (J.P. Nettl, Rosa Luxemburgo)

Segundo conta seu biógrafo Nettl, depois de dois anos de agitação entre os estudantes de Varsóvia, Rosa sentiu o perigo de ser presa mais próximo. Aconselhada por membros mais experientes do movimento, Rosa pediu ajuda à sua família para partir para o exílio na Suíça, onde pôde prosseguir os seus estudos. A jovem socialista atravessou a fronteira de forma ilegal, escondida em meio a palha de uma carreta.

“Rosa possuía, seguramente, o desejo de partir. (...) Deve ter descoberto que na Suiça não só encontraría instituições de aprendizagem de uma sociedade mais livre e mais crítica, como também a presença dos marxistas mais conhecidos.”. (J.P.Nettl)

Em sua vida no exílio em Zurich, se dedicou aos estudos e à política. Entre o grupo de imigrantes russos, se destacava a figura de Plekanov, com o seu grupo Pela Liberação do Trabalho. Mas a relação de Luxemburgo com o papa do marxismo russo não será muito boa, mediada pelas diferenças que mantinha este com Leo Jochinges, uma das figuras mais influentes na vida de Rosa até então. Jochiges é também um exilado com experiência, que aos 18 anos já havia fundado um grupo socialista em Vilna, Lituânia. Luxemburgo e Jochiges estabelecem uma intensa relação pessoal e política.

Desde 1888 o movimento operário polonês atravessa um novo período de lutas: formam-se caixas de resistência e novos sindicatos. No 1° de maio de 1892, se realizam ações massivas, quando milhares de trabalhadores vão à greve em Varsóvia e Lódz. Neste local, a repressão deixa 46 mortos e centenas de feridos. Nesse mesmo ano, se unifica o Partido Socialista Polonês, que adere os diferentes grupos na imigração.

“O órgão desse partido se chamava Sprawa Robotnicza [A Causa Operária], havía sido fundado em 1893 e era publicado em Paris. Seu fundador era Leo Jogiches; seu redator era Adolf Warsky, e sua cabeça intelectual, a jovem Rosa Luxemburgo.”. (Paul Frölich, Rosa Luxemburgo, Obra e vida)

Desde então, Luxemburgo mantém uma disputa teórica e política com diferentes tendências socialistas sobre a questão da independência da Polônia e sobre a relação política dos social-democratas com a burguesia polonesa.

A guerra imperialista e o internacionalismo de Rosa Luxemburgo

Nessa questão, Luxemburgo tinha uma posição que destacava a necessidade de uma estratégia política independente do proletariado frente a burguesia polonesa – o que era fundamental frente aos socialistas que cediam cada vez mais a uma política de conciliação de classes –, mas erroneamente negava a importância da questão nacional na Polônia como um motor da luta revolucionária, sem ver a importância de que o partido social-democrata levantasse audazmente o direito à autodeterminação. Uma polêmica que mais tarde voltará a retomar com Lenin, no marco da revolução de 1917.

Nesse contexto, as diferenças se transferem ao terreno internacional, em uma disputa sobre quais delegados poderiam obter o reconhecimento nos Congressos Internacionais. Com 23 anos, Rosa Luxemburgo teve a sua primeira batalha no congresso de 1893, no qual não reconheceram o seu mandato como delegada. Estre primeiro tropeço, no entanto, não a intimidou e pouco tempo depois passaria a dirigir um novo partido, a social-democracia do reino da Polônia (SDKP).

Em direção à 1896, o movimento socialista polonês foi golpeado por uma nova onda repressiva, com detenções de seus principais dirigentes, levando a um importante retrocesso. Estes anos Rosa passa em Zurich para completar seus estudos, terminando sua tese de doutorado sobre “O desenvolvimento industrail na Polônia”, ao mesmo tempo em que começa uma colaboração permanente com a imprensa socialista alemã, como analista de questões polonesas.

Pouco depois, com o desejo de se localizar no centro da organização Internacional, decide se mudar para a Alemanha e se integrar ao partido mais importante da Internacional.

Luxemburgo chega a Berlim em 1898 e começa a sua atividade política fazendo agitação eleitoral revolucionária entre os operários mineiros e metalúrgicos. Em pouco tempo de sua chegada, conhece Clara Zetkin, com quem sela uma amizade que dura toda a sua vida.

Nas fileiras da social-democracia alemã, começará um novo período de sua vida, em defesa do legado de Marx contra o revisionismo, que a colocará no centro das disputas teóricas da internacional. Mas isso já pertence a outro capítulo dessa história.

VEJA TAMBÉM: Rosa Luxemburgo: Pensamento e Ação

A Boitempo e Edições Iskra lançam uma biografia inédita de Rosa Luxemburgo em Português no centenário de seu assassinato. Obra de Paul Fröhlich, seu companheiro de militância, retrata a vida da mulher que “terá sido a maior dirigente revolucionária mulher do último século” desde a sua infância até o seu assassinato. Assim como analisa suas mais importantes obras, retratando cada uma das batalhas que deu em defesa do marxismo e do socialismo em oposição à barbárie capitalista.

Aqui no Esquerda Diário, publicaremos diariamente textos de e sobre Rosa Luxemburgo e um Dossiê Especial no dia 15 de Janeiro, centenário de sua morte.

Acompanhem no Esquerda Diário nosso Especial: “Rosa Luxemburgo, águia da revolução” e também os lançamentos da Biografia que faremos em todo o país!

 
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