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NOVO MANDATO DE MADURO
A OEA não reconhece novo mandato de Maduro e aumenta a interferência imperialista sobre a Venezuela
Diego Dalai

Em meio a um governo e a um regime cada vez mais autoritário e uma brutal crise econômica que Maduro descarrega nas costas do povo, o imperialismo estadunidense e a direita latino-americana empurram uma saída de força para impor um governo mais alinhado a seus interesses.

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Esta quinta-feira o presidente venezuelano Nicolás Maduro assumiu um novo mandato até 2025. Fez isso no marco de uma forte pressão do governo de Donald Trump e seus sócios latino-americanos como Bolsonaro e Macri para que não assumisse e entregasse o poder para a Assembleia Nacional dirigida pela direita e se convocassem novas eleições.

A pressão, até agora diplomática, veio se dando fundamentalmente através das “instituições internacionais” como o Grupo Lima, inventado em 2017 para pressionar a saída de Maduro do poder o acusando de ter “rompido a continuidade constitucional”. Com exceção do México, onde o presidente López Obrador precisa manter certa imagem “progressista”, todos os países do Grupo declararam que não reconhecem a Maduro.

O governo venezuelano organizou a assunção com a presença de seus governos aliados (essencialmente Cuba e Nicarágua) e Maduro fez um discurso do tipo “bora pra frente” no qual denunciou que os Estados Unidos pretende organizar um golpe de estado e disse que a Assembleia Nacional Constituinte poderia “atuar” contra a Assembleia Nacional se ela tentar destituir o governo.

As respostas da reação a nível internacional foram imediatas. A moeda nacional venezuelana desvalorizou 25% no mercado informal, o que significa um novo golpe aos bolsos operários e popular. Mauricio Macri declarou que Maduro trata de “burlar a democracia” e horas depois foi anunciado que o governo argentino desconhece ao novo presidente e que aplicará sanções econômicas ao país caribenho.

Declarações similares vieram de outros governos pró imperialistas da região, como Brasil e Colômbia, mas a notícia chave foi o anúncio da Organização dos Estados Americanos (OEA) não reconhecendo ao governo de Maduro. Se bem que há anos seu secretário geral, o pro imperialista Luis Almagro, vem promovendo sua destituição por todos os meios, o não reconhecimento por parte da organização como tal é um avanço importante na sua tentativa de tirar Maduro do poder.

No plano interno, Maduro assume seu novo mandato entre o cansaço do povo venezuelano pela profunda crise social e econômica e as tentativas golpistas da oposição de direita pró imperialista. Recordemos que nas últimas eleições legislativas a direita ganhou sobretudo por uma baixa no voto no chavismo, mais que pelo aumento de voto na direita e que nas eleições presidenciais de maio de 2018 a abstenção teve níveis históricos. O governo de Maduro é sustentado quase exclusivamente pelas forças armadas (FANB) e pelo regime político, consequentemente, um bonapartismo reacionário que corta liberdades democráticas e aumenta a repressão contra os que lutam pelo salário ou contra as demissões.

A discussão de fundo é que qualquer saída para a crise que venha do imperialismo e seus sócios, a direita venezuelana e continental, vai ser contra os interesses do povo trabalhador. A “receita” econômica que tem, e que já foi manifestada pelas figuras da direita local, são privatizações, abertura econômica, maior endividamento externo, flexibilização trabalhista, eliminação de subsídios e planos assistenciais, e seguir desvalorizando o salário via inflação como faz o chavismo.

Em relação ao autoritarismo do regime político, um governo da direita títere do imperialismo não vai ser mais democrático ou menos repressivo mas vai manter o poder que o chavismo deu às FANB.

Durante todos esses anos, o governo de Maduro longe de combater o grande capital nacional ou imperialista, veio descarregando a crise econômica sobre o povo trabalhador pela via de uma hiperinflação descomunal e um forte desabastecimento, enquanto segue pagando bilhões de dólares da dívida externa e garantindo os grandes negócios dos monopólios e capitais especulativos. Esse desastre econômico e social, junto ao bonapartismo reacionário do regime, permite que o imperialismo e seus sócios dentro e fora da Venezuela levantem cinicamente a “crise humanitária” e a “ruptura democrática” como desculpa para alentar uma saída de força reacionária.

Assim, eu seu discurso mais recente de posse presidencial na Assembleia Nacional, membro da golpista Voluntad Popular de Leopoldo López, chamou abertamente as FANB a intervir para tirar Maduro do poder. O mesmo conteúdo golpista está na declaração da OEA desconhecendo o governo e chamando a “recuperar a ordem constitucional” e permitir a “ajuda humanitária”.

Por isso se torna urgente enfrentar a ofensiva golpista/inintervencionista sobre a Venezuela e alertar contra qualquer opção pela direita ao governo de Maduro. A única saída progressiva para a crise em curso só pode vir da classe operária lutando junto com os setores populares de maneira independente de qualquer variante patronal, e como dizem em sua declaração política nossos companheiros e companheiras da Liga de Trabalhadores pelo Socialismo de Venezuela: “Que sejam capitalistas e a burocracia estatal corrupta que paguem por todo esse desastre econômico! Eles criaram, eles devem pagar! A classe trabalhadora e o povo pobre devem dizer claramente, nos negamos a seguir pagando pela crise!”

 
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