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Centrais sindicais assinam carta de "respeito" a Bolsonaro, maior inimigo dos trabalhadores
Marcello Pablito
Trabalhador da USP e membro da Secretaria de Negras, Negros e Combate ao Racismo do Sintusp.

Na data da posse de Bolsonaro (01/01/2019), as principais centrais sindicais do país dedicaram uma carta ao atual presidente do país com uma (asquerosa) tentativa de diálogo "respeitoso". Por trás da amigável carta, fica claro. Aceitaram o golpe e agora vão rifar os direitos dos trabalhadores, negociar a reforma da previdência e esperar 2022, para tentar minimamente manter seus privilégios de burocracia.

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Na data da posse de Bolsonaro (01/01/2019), as principais centrais sindicais do país dedicaram uma carta ao atual presidente do país com uma tentativa de diálogo respeitoso. Assinam a carta Vagner Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Miguel Eduardo Torres, presidente da Força Sindical, Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Adilson Araújo, presidente da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e José Calixto Ramos, presidente da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST).

A carta parte de não denunciar o fato de que Bolsonaro se elegeu em eleições manipuladas pelo judiciário e tuteladas pelos militares, sucedidas de um golpe institucional com esses mesmos atores e da prisão ilegítima de Lula. O PT e PCdoB à frente da direção da CUT e CTB, sucumbem definitivamente às alas golpistas da burocracia sindical da Força, UgT e Nova Central, ao participar do silêncio como se não houvesse um ataque profundo às liberdades democráticas dos trabalhadores com a consolidação do golpe institucional. Parece que vivemos uma situação "normal" para as liberdades e direitos democráticos, o que a própria posse de ontem, com direito a confinamento de jornalistas, é prova suficiente de que não entramos em um período qualquer.

Para um Bolsonaro que diz que vai acabar com o socialismo e promover as reformas, a burocracia sindical se destina amistosamente:

"As Centrais Sindicais que firmam a presente vem, respeitosamente, apresentar-se à Vossa Excelência com a disposição de construir um diálogo em benefício dos trabalhadores e do povo brasileiro."

Que tipo de diálogo se espera ter com alguém que se prepara para reformar a previdência e nos fazer trabalhar até morrer? Que tipo de respeito é possível preservar a alguém que em seu nome placas de Marielle foram rasgadas, Mestre Moa e Laysa foram assassinados? Não se cansa de dizer: a bandeira brasileira nunca será vermelha. Pinta assim de verde e amarelo uma política de submissão profunda ao imperialismo, que promete vender empresas públicas, previdência social e tantas outras riquezas para a exploração sob capital estrangeiro, aumentando a precarização do trabalho e diminuindo ainda mais os direitos que, apesar das burocracias sindicais como essas, conseguimos conquistar.

Por trás da amigável carta, fica claro. Aceitaram o golpe e agora vão rifar os direitos dos trabalhadores, negociar a reforma da previdência e esperar 2022, para tentar minimamente manter seus privilégios de burocracia. Qualquer resistência séria contra Bolsonaro terá que ser atropelando essas direções e recuperando os sindicatos nas mãos dos trabalhadores.

Desde o final do ano passado, nas reuniões da CSP-Conlutas, e em cada local de trabalho, alertávamos que as centrais vinham adotando essa postura de negociar uma nova reforma da previdência, a partir da cartilha que lançaram, que não somente a CSP-Conlutas como também a Intersindical (dirigida pelo PSOL) assinaram equivocadamente, e pior sem nenhuma delimitação nas suas declarações com essa estratégia de pacificação das centrais. Agora essa carta mostra que a nossa denúncia estava correta, e que será a postura em geral da relação das centrais com novo governo.

A CSP-Conlutas nos seus sindicatos não será uma alternativa nacionalmente se continuar sendo complacente com o golpe institucional que agora está consolidado, ao mesmo tempo que continue não se delimitando das centrais e exigindo um plano de lutas sério que possa unificar os trabalhadores contra os ataques de Bolsonaro. Ao mesmo tempo mostra os limites claros dos parlamentares do PSOL constituírem frentes com partidos como PT, PSB e PDT, totalmente por fora da luta de classes, onde só servirá para criar uma oposição parlamentar ao governo Bolsonaro que reafirme a conciliação de classe, esperando novas eleições em 2022. A mesma estratégia que abriu espaço para avançar o golpe institucional e aprofundar sem resistência os ataques aos trabalhadores.

 
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