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Às vésperas do Natal, Vereadores atacam servidores e aprovam 1ª votação do SAMPAPREV
Nossa Classe - Educação

Com manobras e acordões o SAMPAPREV é aprovado em primeira votação, acabando com o Natal de milhares de famílias de professores e servidores. A segunda votação está prevista para dia 26, às 10h na Câmara.

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O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB) está protagonizando um jogo cruel com os professores e os funcionários municipais. Ao lado de Milton Leite (DEM), atual presidente da Câmara, e dos vereadores que pensam somente nos seus próprios interesses e dos empresários, do dia 21 ao 28 (!) marcaram uma bateria de sessões extraordinárias, em horários absurdos como à 00h05 e já no dia 21/12 na calada da noite aprovaram o ataque à aposentadoria e ao salário dos servidores em meio a um show de horrores e provocações da direita.

Uma categoria majoritariamente de mulheres, que na véspera de Natal, quando esperavam estar com suas famílias no pouco tempo de descanso que tem direito, e depois de um ano exaustivo, no qual vimos todos os direitos conquistados colocados em risco e a eleição de um Presidente que odeia todos os trabalhadores, e odeia mais ainda os professores e servidores, na sexta-feira foi colocada frente a uma manobra massacrante que impôs a retirada de seus direitos. A desumanidade e o desrespeito com as e os servidores, que carregam nas costas diariamente todos os serviços de atendimento público à população pobre e trabalhadora, escancara o caráter reacionário desse parlamento que há muito deixou de ser "casa do povo" para ser balcão de negociatas de empresários e privilegiados.

A próxima votação está indicada para o dia 26/12, e já está claro que o governo tem os votos necessários para aprovar esse absurdo, como teve os 33 na sexta, incluindo, diga-se de passagem, o voto favorável da vereadora Soninha do PPS, mesmo partido do presidente do sindicato dos profissionais da educação (SINPEEM) e também vereador, Claudio Fonseca. Se a estratégia impulsionada por Claudio é de "virar votos" para tentar chegar aos 28 contrários para barrar o ataque, Claudio terá que começar pelo seu próprio partido, apoiador do golpe e das reformas e inimigo dos professores e servidores.

Ou seja, aqui queremos colocar um debate sobre nossas diferenças com a estratégia do presidente do SINPEEM e setores da oposição, que tem levado a situação que estamos e pode nos levar a derrota em relação ao SAMPAPREV: junto com PT articularam apoio a Eduardo Tuma, do PSDB, justamente quando Covas, Leite e o próprio Tuma articularam na Câmara a votação do SAMPAPREV. Como perguntamos no ato de ontem, repetimos aqui: "Por que Claudio e o PT apoiaram Tuma?". Para fortalecer a base do governo na Câmara ao ponto de tentarem aprovar o SAMPAPREV ainda esse ano como estão fazendo? Para ser parte do acordo que chegou a uma versão MAIS “light” do SAMPAPREV que não muda o fato da crise estar sendo despejadas nas costas dos trabalhadores do município enquanto confisca aposentadoria e o salário? Se é “não ao SAMPAPREV”, porque Claudio Fonseca e o PT dizem sim para o PSDB e para o DEM?

Esse é um exemplo gráfico da falência dessa estratégia de pressão parlamentar, busca de voto e acordão levada à frente pelo presidente do SINPEEM. Todos os brasileiros já assistiram esse filme de terror sendo protagonizado pelo PT no Golpe Institucional e na votação da Reforma Trabalhista. E em ambos os casos pagamos a conta de uma tremenda derrota com o nosso futuro e o fortalecimento dos setores mais reacionários da política nacional. Enquanto investiam nessa política, fazendo um grande acordo "com o prefeito e com tudo", o PPS e o PT, apesar de todo o discurso vermelho de oposição, elegeram Eduardo Tuma (PSDB), um defensor do SAMPAPREV e do Escola Sem Partido, para presidente da Câmara em unidade com todos os nossos inimigos. Um possível acordo por uma reforma "mais branda", como aquela que a CUT e a CTB, o PT e o PCdoB tentam conquistar a nível nacional? E exatamente como a versão substitutiva do SAMPAPREV escrita por Fernando Holiday, com apoio de Janaína Lima do Novo e apoio da bancada do DEM, do PSDB, legitimada pelo Prefeito dois dias depois de publicado o relatório da fake Comissão de Estudos do SAMPAPREV, com mudanças que não alteram substancialmente a gravidade desse ataque.

Neste marco o PSOL com seus parlamentares fez denúncias importantes na Câmara em defesa dos professores e servidores, se enfrentando com os parlamentares da direita e questionando os privilégios dos políticos que querem aprovar o SAMPAPREV. Entretanto, se trata de um contraponto à estratégia parlamentar do PT e do PPS? Na nossa opinião não, porque mesmo uma forte intervenção parlamentar descolada de um plano sério de combate com os métodos da luta de classes é impotente. Se não houver uma atuação para organizar a base dos professores e servidores, ajudando a questionar a estratégia parlamentar de Claudio Fonseca, chamando os trabalhadores a através de um plano sério de combate para tomarem nas mãos o rumo da luta, com seus próprios métodos, e disputar a opinião da população da população da cidade contra as injúrias de Bruno Covas que trata nossa luta como “mimimi”, estarão todos os que se veem em sua atuação à mercê dos acordos parlamentares e da pressão de “virar votos” que nos trouxe até aqui. Para organizar os servidores numa frente contra o SAMPAPREV e o conjunto dos ataques virão de Covas, Doria e Bolsonaro é preciso exigir do SINPEEM e dos demais sindicatos do funcionalismo dirigidos pela CUT e pelo PT algo que os parlamentares do PSOL e as direção minoritária do SINPEEM que é composta pelas correntes do PSOL e pelo PSTU se negam a fazer, sempre amenizando para burocracia sindical em nome da “unidade”, que até aqui só acobertou seu caráter traidor e pode nos levar a começar 2019 com uma importante derrota que é a aprovação do SAMPAPREV.

Sabemos da dificuldade de mobilização agora, não só pelo período que a prefeitura quis votar o PL mas também por conta de seguir uma estratégia parlamentar PT e Claudio Fonseca impediram que se desenvolvesse uma luta séria como no primeiro semestre, quando os servidores se colocaram com 100mil na rua. O recente discurso do presidente da CUT, Vagner Freitas de "respeitar a eleição de Bolsonaro", mostra que não irão organizar nenhuma luta para resistir aos ataques.

Poderia ter sido esse o cenário se nesses 16 dias ao invés da unidade com a direita na Câmara, Claudio Fonseca à frente do SINPEEM tivesse construído, junto aos demais sindicatos de servidores igualmente ligados à CUT, uma unidade na base das categorias com plenárias e ações regionais comuns de onde pudesse ter saído um plano de combate contra o SAMPAPREV e os ataques aos trabalhadores? Angariando o apoio da população e forjando uma unidade operária e popular para golpear com um só punho esses políticos que transforma no inferno a vida em nossa cidade? Ainda mais, se essa unidade e um plano de lutas estivesse sendo levado a frente desde o fim da greve, com mobilizações sistemáticas, que mantivesse nossa força em movimento encurralando o governo, como inclusive propusemos a partir do nosso grupo de professores Nossa Classe Educação e do Esquerda Diário, essas votações na calada da noite estariam acontecendo? Essas perguntas são parte das reflexões que achamos mais importantes serem feitas por nós nesse momento.

Nós, do movimento nossa classe e MRT, continuamos apostando na força social dos professores e servidores aliada com a população, com os métodos de luta dos trabalhadores como a única estratégia capaz de vencer o SAMPAPREV. O povo francês mostrou isso recentemente. Mesmo com todas as dificuldades criadas pelas direções dos sindicatos, protelando a luta e não organizando desde a base uma força real para resistir, mais de 4 mil professores foram em frente à Câmara, dispostos inclusive a acampar, e não encontraram nas suas direções a mesma energia e disposição para resistir, mas sim um cerco montado para um grande show parlamentar que levou a aprovação do SAMPAPREV nessa primeira votação.

Por isso, dia 26 estaremos junto com cada professor e servidor que estará em frente à Câmara Municipal, buscando resistir a esse ataque de Covas, ainda que os Sindicatos não dêem condições para fazermos isso hoje. As oposições sindicais, a CSP Conlutas e principalmente os parlamentares do PSOL ainda podem se decidir por construir uma alternativa unificada à estratégia de pressão parlamentar da burocracia sindical e abrir os olhos dos professores para o caráter criminoso das alianças que armaram para nós essa emboscada e ser parte de organizar com os métodos da luta de classes e impulsionando a auto-organização dos servidores um plano de combate que organize a resistência contra o SAMPAPREV, os ataques que virão do governo eleito em 2019 e tire importantes lições desse processo de luta no município, inclusive sobre a necessidade de retomar o Sindicato para as mãos dos trabalhadores pois serão fundamentais diante do cenário político que se avizinha, construindo um caminho distinto da frágil estratégia de “virar votos” que só confunde os trabalhadores acerca de como lutar.

 
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