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CULTURA
Moradores de Guarulhos protestam contra corte e sucateamento do projeto Circo Escola
Redação

Prefeitura fez cortes profundos no orçamento do projeto social que deixará de oferecer metade das vagas no ano que vem

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Nesta segunda-feira (17) moradores do bairro Cidade Serodio, na periferia de Guarulhos, protestaram contra a ameaça de corte no orçamento do projeto Circo Escola. Seguindo a linha de encarar a cultura e as manifestações artísticas como algo supérfluo, a prefeitura dessa vez ameaça um dos projetos mais tradicionais da cidade. Com o corte, as atividades realizadas serão diminuídas pela metade e também serão diversos trabalhadores deixados à míngua.

Em Guarulhos há quase 3 décadas, o Circo Escola oferece aulas e oficinas de dança, capoeira, teatro, música, esportes e circo, atendendo crianças, adolescentes e jovens da região. Se hoje já com tal iniciativa o que se vê é ainda falta de vagas para suprir a demanda, que dirá com o futuro corte.

"Muitas crianças ficarão sem atividades e vão ficar na rua", lamenta a auxiliar de limpeza e mãe de uma aluna do projeto, Leni Cleide.

Em nota, a prefeitura de Guarulhos informou, à mídia que a diminuição no repasse da verba atende a um pedido do Ministério Público que teria questionado o uso de recursos da Secretaria de Assistência Social por empresas terceirizadas e por organizações sociais. Demagogia e falácias à parte, o que Guarulhos enfrenta no dia a dia é sucateamento e precarização em diversos setores, haja vista a situação a que vivem expostos os moradores do Parque Continental I e IV, que sofrem constantemente com a falta de água. Situação que é herança de gestão para gestão, e que é sempre colocada na “conta” de quem esteve antes à frente da prefeitura. Assim também se verifica a situação dos aparelhos públicos de cultura, como inclusive já relatamos aqui e mesmo diante de atividades de maior “porte”, o descaso é total, como no caso da Vira Cultural Paulista, que foi um verdadeiro fiasco e cancelada por falta de estrutura mínima para realização do evento, como também relatamos no Esquerda Diário.

Contudo, tanto a população quanto os coletivos e artistas locais começam a intensificar os debates e a tomar medidas práticas de denúncia e exigindo que a cultura não seja mais tratada como lixo. Como grande exemplo, podemos citar a carta pública que o Fórum do Audiovisual / Conselho Municipal de Política Cultural encaminhou à Secretaria de Cultura / Prefeitura de Guarulhos diante do disparate do orçamento. Estão ocorrendo reuniões entre os artistas e articuladores de cultura locais e agora, com a iminência de corte ao projeto do circo Escola, também manifestações populares em defesa do projeto. Veja e assine aqui o abaixo assinado que está circulando nas redes sociais.

Os cortes no orçamento denotam somente uma das facetas de um projeto que até o final, visa fazer com que a ideologia que percorra o imaginário popular seja sempre a ideologia da classe dominante, os valores capitalistas em detrimento de que estejamos todos, mulheres, jovens, negros, LGBTS, a população pobre e a classe trabalhadora, sempre sujeitos aos estereótipos e moldes do como ser e como agir e sobretudo, de como continuarmos sendo explorados para que os grandes empresários e os patrões sigam lucrando, sem que questionemos nossa exploração.

Assim, a partir de não fomentar cultura como alternativa à alienação da indústria cultural se faz valer, através do campo simbólico, a propagação das ideias burguesas com objetivo claro da manutenção da ordem das coisas como está.

Acontece que, cada coletivo, artista, a população das periferias e cada estudante, jovem, trabalhador, professor que tem como pressuposto a reflexão e compartilhamento das ideias anticapitalistas e anti-imperialistas sabe que contra os ataques, se faz agora mais do antes, urgente e necessário que se organizem frentes de luta contra tais ataques, contra quaisquer investidas no sentido de sucatear ainda mais o aparelho público e impedir que se desenvolvam projetos, aulas, peças, mostras, esquetes e as mais diversas manifestações das linguagens artísticas.

Colocar pobres, mulheres, negros, trabalhadores e LGBTS na moldura grotesca da divisão social do trabalho é parte do projeto capitalista, como já nos disse Marx: “a divisão social do trabalho é o assassinato de um povo”. E ainda segundo ele, “a dissolução das velhas ideias acompanha a dissolução das velhas condições de vida”. Fica portanto evidente o quanto, cada vez mais, se torna necessário que a luta dos artistas e coletivos de arte esteja enraizada profundamente na luta de classes, para que de fato, a cultura seja direito e não mercadoria.

 
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