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DITADURA
Argentina: ex-executivos da Ford são condenados por crimes durante a ditadura militar
Redação
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Imagem: REUTERS/Bernardino Avila

Os ex-gerentes da Ford Pedro Müller e Héctor Sibilla, verdadeiros capatazes que fizeram parte, junto aos militares, da perseguição e tortura de operários, receberam penas de 10 e 12 anos de prisão por “cumplicidade” em 24 casos de trabalhadores sequestrados e torturados na ditadura militar argentina. O ex-militar Santiago Riveros, o aliado estatal dos empresários que comandou a repressão, foi condenado a 15 anos. Os empresários seguirão em liberdade.

Os dois empresários marcavam em sua lista negras os líderes sindicais considerados mais problemáticos na luta contra a exploração da empresa Ford e passavam os nomes para o ex-militar, Riveros, que ficava responsável pelos sequestros e tortura. As sessões foram realizadas dentro da própria fábrica, em uma academia de ginástica.

O advogado também aponta que os 24 operários foram "em seus locais de trabalho, levados a um centro de detenção dentro da fábrica e desaparecidos durante um mês. A empresa os demitiu por telegrama, alegando que não se apresentavam [para trabalhar]". Esse caso é um, de milhares de casos que escancara o nível do cinismo sanguinário que as ditaduras civil-militares chegaram, ou melhor, das ditaduras empresariais-militares.

Conforme relato de um dos operários, Pedro Troiani, revela que os empresários junto aos militares, haviam transformado a Ford “em um campo de concentração, os militares entravam e saiam, controlavam a entrada e saída do pessoal e a empresa endureceu-se. A produção foi acelerada e o pessoal que tinha atividade sindical era muito controlado e perseguido. O capataz dizia que a máquina não poderia ser parada por qualquer razão e que estávamos sempre em super produção com as mesmas pessoas e pelo mesmo dinheiro”.

Carlos Propato, que era primeiro oficial de pintura e ativista sindical, foi sequestrado pelos militares no dia 13 de abril de 1976. Foi atirado de uma escada sob chutes e socos, teve os punhos atados com um arame e foi atirado na caçamba de uma caminhonete, onde havia outros quatro colegas seus. Os cinco foram levados ao recinto desportivo da empresa, onde foram torturados durante "mais de 11 horas", segundo seu depoimento. Depois, o grupo foi levado a prisões comuns da província de Buenos Aires.

Um dos advogados das vítimas, Ojea Quintana, declarou ao EL PAÍS:

"Foi o primeiro julgamento na democracia que dá como provado de forma indubitável que a empresa Ford participou com a ditadura de crimes contra a humanidade. Dois gerentes foram condenados. É uma conquista histórica na Argentina, que confirma que se tratou de uma ditadura civil-militar"

De fato, é primeira vez que ocorre um julgamento na Argentina, se não na América Latina, que deixa claro a base política das ditaduras militares no continente: a aliança entre os militares e empresários para esmagar o movimento operário e a oposição contra o domínio capitalista e a submissão ao imperialismo, impostos pelo fuzil, tortura e mortes.

 
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