O dia da categoria iniciou de forma confusa, com a direção central do SEPE tendo cancelado o seminário que iria acontecer pela manhã no Clube Municipal, que focaria no congresso estadual de educação, para apoiar um outro seminário que ocorreria na UERJ chamado “educação e resistência: existimos porque existimos". O problema é que em cima da hora ocorreu uma nova mudança e a localização do seminário foi transferida para o Clube Municipal, o que confundiu diversos professores, contribuindo para um evento bastante esvaziado.
O debate na Assembleia focou bastante na questão salarial, alimentando uma concepção falsa de que a categoria só é capaz de se mobilizar para obter ganhos econômicos, como se os trabalhadores e trabalhadores da educação fossem incapazes de compreender o cenário de ataques que o novo governo irá impor. Esse discurso cínico é muito alimentado por grupos que, estando na direção, se utilizam dessa lógica de “corporativismo dos educadores” para manter todo e qualquer debate firmemente acorrentado no chão do sindicalismo, e impedir o desenvolvimento político dessas questões, o que levaria invariavelmente há uma maior mobilização da categoria.
Há que se dizer que a verdade é dura: desde o fim da greve de 2016, a partir de um recuo absolutamente desorganizado, a direção do SEPE tem cedido cada vez mais a uma pressão oportunista de frear a mobilização da categoria, mesmo diante dos mais grotescos ataques, para tentar manter uma certa influência junto as esferas do poder institucional. E a medida que a crise orgânica do estado do Rio de Janeiro avança, as concessões tem se tornado cada vez maiores.
É preciso conduzir uma campanha massiva contra o escola sem partido, que não se limite a pequenas notas em casos isolados, mas que conduza uma propaganda de massa, nas escolas, nas universidades em todos os espaços, mostrando o absurdo desta proposta, o que o SEPE é capaz de fazer. E é a partir de uma tal campanha que é possível fazer a construção política maior a partir da base, não apenas com os trabalhadores da educação, mas também com as comunidades escolares e com os estudantes, mostrando como todos os ataques estão unidos por um eixo central, do capital impondo que a população pague pela crise, e a partir daí construir uma força capaz de se impor contra isso.
No entanto, a medida que se alimenta a ilusão de que os problemas da categoria podem ser resolvidos de forma isolada, de que a questão salarial não tem conexão com o escola sem partido, e que na disso tem a ver com a reforma do ensino médio, as alas mais burocráticas do SEPE desarmam de forma covarde a educação.
Nós do movimento nossa classe entendemos que é preciso resgatar o papel do professor enquanto intelectual orgânico da classe trabalhadora, e que somente a partir da união do conjunto da classe é possível lutar de forma consequente contra esse governo de extrema-direita que foi colocado no poder pelo autoritarismo do judiciário. Por isso chamamos o SEPE e todos os sindicatos, organizações estudantis e centrais sindicais a convocar comitês de base contra Bolsonaro e sua agenda de ataques.
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